“Meninas não desenham carros... mas têm meninas que desenham”: culturas infantis, relações de gênero e histórias em quadrinhos

Autores

  • Marta Regina Paulo da Silva Universidade Metodista de São Paulo (UMESP)

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-795X.2015v33n3p983

Resumo

Este artigo discute a produção das culturas infantis a partir das experiências de meninos e meninas, de 3 a 5 anos de idade, com a linguagem das histórias em quadrinhos (HQs), tendo como foco as relações de gênero. Reconhece as HQs como uma das produções midiáticas que interfere nos modos de viver das crianças, muitas vezes reforçando estereótipos fundados nas diferenças sexuais. Assim, em uma interlocução com a filosofia, sociologia, sociologia da infância, pedagogia da infância e arte, problematiza como as crianças se apropriam dos quadrinhos, o que deles reproduzem, inventam ou reinventam. Trata-se de um estudo de caso realizado em uma pré-escola municipal localizada na região do Grande ABC Paulista, que teve como procedimentos metodológicos: a observação e registro de campo, os relatos orais das crianças, a análise dos documentos oficiais da Rede Municipal de Educação e da pré-escola, entrevista com quadrinhista e a análise das HQs produzidas pelas crianças. Defende que meninos e meninas participam de maneira ativa na sociedade da qual fazem parte, portanto, não só reproduzem a cultura do mundo adulto, mas ao se apropriarem coletiva e criativamente desta produzem as culturas infantis. Demonstra serem as HQs parte da cultura material da infância, que se constituem em suportes para aspectos simbólicos das culturas infantis, que as crianças compartilham entre si e com os adultos e as adultas, onde se observam padrões e valores identitários sendo negociados; isso revela que elas não só reproduzem estereótipos da cultura heteronormativa, mas transgridem as fronteiras de gênero. Nesse sentido, aponta para o desafio de trazer as crianças para o debate acerca da relação “infâncias, mídia e gênero”, na perspectiva de (re)conhecer como elas fruem, produzem e vão além das imagens midiáticas.

 

“Girls don´t draw cars… but there are girls who do it”: child cultures, gender and comics

 Abstract

This article discusses child culture-oriented productions based on the experience of boys and girls aged 3-5 with the language found in comics, focusing on gender relations. The article views comics as one of the media products which can be related to child behavior, from the perspective of sexual differentiated stereotypes. It also examines an association with philosophy, sociology, sociology of childhood, early childhood pedagogy and art, in a sense which casts light on how children interact with comics.  It shows a case study conducted at kindergarten, in the Greater ABC region, which had methodological procedures: the field observation and recordings; the oral reports of children; analysis of the official documents of the Municipal Administration of Education and the documents of preschool; an interview with a comic artist, and analysis of comics produced by children.  It supports that boys and girls actively take part in their societies. In fact, not only do they reproduce the adult world culture, but also produce child cultures. It demonstrates that comics are part and parcel of childhood as a symbolic resource to be shared among adults and children. It points out that identity patterns and values are in the spotlight, suggesting that gender boundaries are to be redrawn. In sum, the article prompts further reflections on childhood, the media and gender.

Keywords: Childhood. Gender. Media.

 

“Las niñas no dibujan coches… pero hay niñas que los dibujan”: culturas infantiles, relaciones de género e historietas

 Resumen

Este artículo discute la producción de las culturas infantiles a partir de las experiencias de niños y niñas de 3 a 5 años de edad con el lenguaje de las historietas (comics), teniendo como foco las relaciones de género. Reconoce las historietas como una de las producciones mediáticas que interfiere en la manera de vivir de los niños, muchas veces reforzando estereotipos fundados en las diferencias sexuales. De esta manera, en una interlocución con la filosofía, sociología, sociología de la infancia, pedagogía de la infancia y el arte, problematiza como los niños, se apropian de las historietas, lo que de ellas reproducen, inventan o reinventan. Se trata de un estudio de caso realizado en un kindergarten municipal ubicado en la región del Grande ABC Paulista, que tenían los procedimientos metodológicos: la observación y el campo de registro; los informes orales de los niños; el análisis de los documentos oficiales de la Red de Educación Municipal y preescolar; entrevista con el cómic; y el análisis de los cómics producidos por los niños. Defiende que los niños y niñas participan de manera activa en la sociedad de la cual hacen parte, por lo tanto no sólo reproducen la cultura del mundo adulto, pero al apropiarse colectiva e individualmente de ésta producen las culturas infantiles. Demuestra que las historietas son parte de la cultura material de la infancia, que se constituye en soportes para aspectos simbólicos de las culturas infantiles, que los niños comparten entre sí y con los adultos, donde se observan patrones y valores de identidad siendo negociados; eso revela que ellas no sólo reproducen estereotipos de la cultura normativa heterosexual, pero infringen las fronteras de género. En ese sentido, apunta para el desafío de traer los niños para el debate acerca de la relación “infancias, media y género”, en la perspectiva de (re)conocer como ellas disfrutan, producen y van más allá de las imágenes mediáticas.

Palabras claves: Infancia. Relaciones de Género. Media.

Biografia do Autor

Marta Regina Paulo da Silva, Universidade Metodista de São Paulo (UMESP)

Doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Professora do Curso de Pedagogia da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e dos cursos de Pedagogia e do Mestrado em Educação da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS).

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Publicado

2016-04-01

Como Citar

da Silva, M. R. P. (2016). “Meninas não desenham carros. mas têm meninas que desenham”: culturas infantis, relações de gênero e histórias em quadrinhos. Perspectiva, 33(3), 983–1009. https://doi.org/10.5007/2175-795X.2015v33n3p983

Edição

Seção

Dossiê Gênero, Mídia e Infância