A atuação dos egressos da licenciatura intercultural indígena Teko Arandu no cone sul de Mato Grosso do Sul

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-795X.2020.e65028

Resumo

A educação escolar indígena delineia a política educacional de formação específica para professores indígenas no Brasil. Estes se habilitam para construir, com suas comunidades e parceiros, a identidade específica de suas escolas indígenas. Objetiva-se mapear os/as professores/as Guarani/Kaiowá, egressos da Licenciatura Intercultural Indígena – Teko Arandu (Viver com Sabedoria), das cinco turmas diplomadas entre 2011 e 2018 pela Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Com pesquisa empírica do tipo etnográfico e documental, produziram-se dados quanti e qualitativos sobre os concluintes, analisados a partir da perspectiva da interculturalidade crítica. Efetuou-se a identificação dos egressos nos arquivos da secretaria acadêmica da UFGD e do curso; completou-se a pesquisa documental por meio de diálogo com professoras do curso para se verificar municípios/terras indígenas/comunidades de onde vieram tais egressos para a UFGD. A segunda fase priorizou o trabalho de campo nas secretarias municipais e nas escolas indígenas, espaços de recolha de dados de lotação. Depreende-se que, dos 225 diplomados, 90,6% estavam atuando nas escolas indígenas do Território Etnoeducacional Cone Sul no ano de 2018; destes, 38,2% eram concursados e 61,8% contratados.

Biografia do Autor

Noemia dos Santos Pereira Moura, Universidade Federal da Grande Dourados, UFGD

Graduada em História pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (1990), mestre em História pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (2001) e doutora em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas (2009). Professora associada I da Universidade Federal da Grande Dourados, atuante na Faculdade de Ciências Humanas, no Curso de Ciências Sociais e no Programa de Mestrado em Antropologia. Com experiência de ensino, pesquisa, orientação e extensão em História e Antropologia, com ênfase em História Indígena e Etnologia Indígena.Desenvolveu pesquisas de pós graduação junto ao povo indígena Terena no âmbito da religiosidade, apropriação,protagonismo e ressignificação. Atualmente as atividades estão voltadas para as políticas públicas em educação escolar indígena com foco nos povos Guarani, Kaiowá e Terena,no ensino superior e na educação básica. Atuou na Coordenação e Vice-coordenação do Programa de Mestrado em Antropologia da UFGD (PPGAnt) de 2013-2017 constituindo o corpo docente permanente e na Coordenação Institucional do PIBID/UFGD de 2010-2018.Tem três orientações de mestrado concluídas e três orientações em andamento, das quais duas com financiamento FUNDECT e uma da CAPES. Está realizando o Pós-doc na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) no Mestrado em Educação - Campus de Paranaíba, sob a supervisão da Profª Doutora Andréia Nunes Militão, com bolsa PNPS/CAPES.

Andréia Nunes Militão, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, UEMS

Professora Adjunta Doutora da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul-UEMS, atuando nos cursos de Licenciatura em Pedagogia e Letras/Espanhol e docente vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Educação (nível de Mestrado). Possui Graduação em História (UNESP, 1998), Mestrado em História (UNESP, 2001), Graduação em Pedagogia (União das Faculdades dos Grandes Lagos, 2011) e Doutorado em Educação (UNESP, 2015). Realizou Doutorado Sanduíche na Universidade do Minho sob supervisão do Prof. Dr. Licínio Lima. É líder do Grupo de Estudos e Pesquisa "Políticas Educacionais e Formação de Professores? (GEPPEF-UEMS-UFGD) e integra o Grupo de Estudos e Pesquisas em Política e Avaliação Educacional (GEPALE-UNICAMP). É coordenadora do GT 08 da ANPED/Centro-Oeste e Parecerista Ad Hoc do GT 08 da ANPED. É associada à ANFOPE, ANPAE e CEDES. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Política Educacional, atuando principalmente nos seguintes temas: políticas e programas educacionais, administração/gestão educacional, qualidade da educação, formação de professores, valorização profissional, PNE, CONAE e educação de tempo integral.

Referências

AGUILERA URQUIZA, Hilário; NASCIMENTO, Adir C. O desafio da interculturalidade na formação de professores indígenas. Espaço Ameríndio, Porto alegre, v. 4, n. 1, p. 44-60, jan./jun. 2010.

BENITES, Eliel. Oguata Pyahu (Uma Nova Caminhada) no Processo de Desconstrução e Construção da Educação Escolar Indígena da Aldeia Te’ýikue. 2014. 130 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Católica Dom Bosco, Campo Grande, 2014.

BHABHA, Homi K. O Local da cultura. Tradução de Miryan Ávila, Eliana Lourenço de Lima Reis, Gláucia Renate Gonçalves. Belo Horizonte: UFMG, 1998.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. São Paulo: Saraiva.1988.

BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes para a Política Nacional de Educação Escolar. Elaborado pelo Comitê de Educação Escolar Indígena. 2. ed. Brasília: MEC/SEF/DPEF, 1994. 24 p. (Cadernos de Educação Básica. Série Institucional; 2).

BRASIL. Ministério da Educação. Lei n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 dez. 1996. Seção 1, p. 27833-27841.

BRASIL. Ministério da Educação. Parecer CNE/CEB n.º 14, de 19 de outubro de 1999. Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Escolar Indígena. Brasília: CNE/CEB, 1999. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/docman/marco-2012-pdf/10204-13-parecer-cne-ceb-14-99-diretrizes-curriculares-nacionais-da-educacao-escolar-indigena/file. Acesso em: 13 abr. 2020.

BRASIL. Ministério da Educação. Referenciais Curriculares para a Formação de Professores. Brasília: MEC/ SEF, 2002. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/basica.pdf. Acesso em: 13 abr. 2020.

BRASIL. Ministério da Educação. Decreto n.º 6.861, de 27 de maio de 2009. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 28 fev. 2009. n. 100, Seção 1, p. 23.

BRASIL. Ministério da Educação. Resolução CNE/CEB n.º 5, de 22 de junho de 2012. Define Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Indígena na Educação Básica. Brasília: MEC/CNE/CEB 25 2012. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=11074-rceb005-12-pdf&category_slug=junho-2012-pdf&Itemid=30192. Acesso em: 13 abr. 2020.

BRASIL. Ministério da Educação. Portaria n.º 1.062, de 30 de outubro de 2013. Institui o Programa Nacional de Territórios Etnoeducacionais – PNTEE. Brasília: MEC 2013. Disponível em: http://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/31176478/do1-2013-10-31-portaria-n-1-062-de-30-de-outubro-de-2013-31176474. Acesso em: 13 abr. 2020.

BRASIL. Ministério da Educação. Censo da Educação Básica (Escolas Indígenas Municipais, Estaduais e Privadas) – Censo Escolar/Secretaria Estadual de Educação de Mato Grosso do Sul (SED). Brasília: Campo Grande: MEC/INEP/SED-MS, 2017a.

BRASIL. Ministério da Saúde. DSEI Mato Grosso do Sul. Brasília: Ministério da Saúde/SESAI, 2017b. Disponível em: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2017/dezembro/08/Anexo-1659355-dsei-ms.pdf. Acesso em: 11 abr.2019.

CANDAU, Vera Maria F. Diferenças Culturais, Interculturalidade e Educação em Direitos Humanos. Educ. Soc., Campinas, v. 33, n. 118, p. 235-250, jan./mar. 2012

CARVALHO, Katiana B. A matemática da cultura Guarani/Kaiowa e o processo de ensino/aprendizagem: diálogo de saberes. 2018. 99 f. Dissertação (Mestrado em Educação) -Universidade Católica Dom Bosco, Campo Grande, 2018.

CRESPE, Aline C. Mobilidade e Temporalidade Kaiowá: Do Tekoha à Reserva, do Tekoharã ao Tekoha. 2015. 428 f. Tese (Doutorado em História) - Faculdade de Ciências Humanas, Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, 2015.

MOITA, Maria da Conceição. Percursos de Formação e de Trans-Formação. In: NÓVOA, António (org.). Vidas de Professores. 2. ed. Portugal: Porto Editora, 2000. p. 111-140.

MOURA, Noêmia S. P.; MILITÃO, Andréia N. Implementação da educação escolar indígena Guarani/Kaiowá no território etnoeducacional Cone Sul. Educação em Perspectiva, Viçosa, MG, v. 10, p. 1-15, 2019.

NAZARENO, Elias. Revisitando o debate acerca da modernidade a partir da colonialidade do poder e da decolonialidade. Revista Nós: Cultura, Estética e Linguagens, Goiás, v. 2, n. 2, p. 32-49, 2017.

PPC. Projeto Pedagógico Curricular do Curso de Licenciatura Intercultural Indígena – Teko Arandu. Dourados: [s.n.], 2012. 172 p. Disponível em: http://files.ufgd.edu.br/arquivos/arquivos/78/COGRAD/PPC_TEKO__REESTRUTURADO__25abril2013.pdf. Acesso em: 01 jun. 2018.

RAMIRES, Lidio C. Processo próprio de ensino-aprendizagem Kaiowá e Guarani na Escola Municipal Indígena Ñandejara Pólo da Reserva Indígena Te’ýikue: saberes Kaiowá e Guarani, territorialidade e sustentabilidade. 2016. 121 f. Dissertação (Mestrado em Educação) -Universidade Católica Dom Bosco, Campo Grande, 2016.

ROSSATO, Veronice L. Os resultados da escolarização entre os Kaiowá e Guarani em Mato Grosso do Sul – “Será o Letrão ainda um dos nossos?”. 2002. 196 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Católica Dom Bosco, Campo Grande, 2002.

SANTOS, Neila R. Educação no Campo e alternância: reflexões sobre uma experiência na transamazônica/Pará. 401 f. Tese (Doutorado em Educação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2006.

SANTOS, Nívia T. As trajetórias das mulheres intelectuais indígenas no ensino superior: experiências das Kaiowá e Guarani na Licenciatura Intercultural - Teko Arandu. 2018. 102 f. Dissertação (Mestrado em Antropologia) - Universidade Federal da Grande Dourados, Dourdaos, 2018.

SOUZA LIMA, Antônio Carlos. Sobre Tutela e Participação: Povos Indígenas e Formas de Governo no Brasil, Séculos XX/XXI. MANA, n. 21, v. 2, p. 425-457, 2015.

Downloads

Publicado

2020-12-31

Como Citar

Moura, N. dos S. P., & Militão, A. N. (2020). A atuação dos egressos da licenciatura intercultural indígena Teko Arandu no cone sul de Mato Grosso do Sul. Perspectiva, 38(3), 1–21. https://doi.org/10.5007/2175-795X.2020.e65028