Reconversão docente, formação neotecnicista, expropriação cultural e didática empreendedora
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-795X.2024.e98772Palavras-chave:
Gerencialismo, Performatividade, DesprofissionalizaçãoResumo
A atual política educacional brasileira expressa as orientações da intelligentsia burguesa, que define diretrizes de formação, concepção de docência e didática. Este estudo aborda o novo projeto de formação de professores. Com o aporte do materialismo histórico-dialético, analisamos as diretrizes do neoliberalismo à educação no contexto de metamorfose no universo laboral e seus rebatimentos na formação e trabalho docente. A pesquisa é bibliográfica e documental, realizada a partir da BNC-Formação (Resolução CNE/CP n.º 2/2019), BNC-Formação Continuada (Resolução CNE/CP n.º 1/2020), entre outros documentos-chave. O novo modelo produtivo requer um novo profissional e uma “formação” baseada em aprendizagens flexíveis. A Nova Gestão Pública aprofunda a precarização laboral e a mercantilização da educação, como recomenda o neoliberalismo. O capitalismo contemporâneo exige a reconversão docente, que submete o professor a uma racionalidade instrumental, transformando-o em mero executor de tarefas, e subordinado a metas preestabelecidas. E, paralelo a isso, desenvolve-se um processo de expropriação cultural dos discentes, que aniquila o desenvolvimento pleno das suas potencialidades e a promoção de sua liberdade, além de servir a uma política de lesa-pátria. O empreendedorismo dita uma nova pedagogia e didática, reduzindo esta a uma dimensão gerencial e técnica da sala de aula, focada em resultados de avaliações externas, sob a lógica da política de accountability e do controle ideológico do Estado.
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