Interfaces de gênero, infância e educação infantil na pós-graduação em educação brasileira (1996 a 2015)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-795X.2020.e61812

Resumo

Neste artigo, propôs-se uma revisão das teses e das dissertações defendidas entre 1996 e 2015 nos Programas de Pós-Graduação em Educação no Brasil e que consideraram as crianças interlocutoras em pesquisas sobre relações de gênero. O objetivo consistiu em analisar a produção acadêmica brasileira do campo da Educação com vistas a compreender as especificidades das investigações sobre gênero, infância e Educação Infantil, a partir da leitura de teses e de dissertações defendidas no período mencionado. O corpus de análise compreendeu cinco teses e 24 dissertações agrupadas nas categorias: pedagogias de gênero produzidas por adultos para as crianças; relações de gênero entre as crianças; e falta de traquejo dos adultos frente às relações de gênero vivenciadas pelas crianças. A análise destacou as principais correntes teórico-metodológicas presentes na investigação sobre a temática, ressaltou as aproximações e os distanciamentos na produção acadêmica e evidenciou a constituição recente de um campo de pesquisas na Pós-Graduação brasileira.

Biografia do Autor

Sandro Vinicius Sales dos Santos, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, UFVJM

Professor do Curso de Pedagogia da Faculdade Interdisciplinar em Humanidades da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, FIH/UFVJM

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Publicado

2020-03-27

Como Citar

Santos, S. V. S. dos. (2020). Interfaces de gênero, infância e educação infantil na pós-graduação em educação brasileira (1996 a 2015). Perspectiva, 38(1), 1–22. https://doi.org/10.5007/2175-795X.2020.e61812