La construction du champ de l'autisme: histoire et actualité d'un diagnostic
DOI :
https://doi.org/10.5007/2175-795X.2025.e99903Mots-clés :
Autisme, Politiques publiques, EnfanceRésumé
La tentative de compréhension de l'autisme est un champ qui, depuis sa genèse, a subi et engendré des changements rapides. Son histoire ne s'est pas produite de façon linéaire. Elle est faite d'un mouvement permanent de différentes tendances scientifiques qui rassemblent plusieurs propositions de travail et de thérapies. La capacité de cette catégorie diagnostique à traverser les frontières et à circuler entre les domaines de connaissance favorise sa diffusion. Par ailleurs, l'augmentation des taux de prévalence du diagnostic, la mobilisation des associations de parents et des personnes autistes elles-mêmes ont fait de cette problématique un enjeu de santé publique. Comment autant d'enfants ont-ils pu être diagnostiqués comme autistes en si peu de temps ? Le diagnostic d'autisme est devenu une question politique. Nous revisitons l'histoire de l'autisme dans le but de remettre en question la naturalisation de son récit canonique. À contre-courant de l’absence de perspective historique du concept, nous cherchons à démontrer que la catégorie diagnostique de l'autisme n'a pas été une découverte : les récits de Kanner et d'Asperger ont un avant et un après. D’abord, un avant, qui situe le geste de Kanner de nommer la condition "autisme infantile" dans le registre d'une construction ; et, ensuite, un après, qui élève le diagnostic d'autisme au niveau d'une épidémie et de paradigme des troubles du développement, le transformant en une courbe d'anormalité par rapport à laquelle le développement des enfants est maintenant situé. En retraçant ce parcours historique, nous avons sélectionné des éléments qui soulignent la transformation de l'autisme, initialement considéré comme un diagnostic construit en pédopsychiatrie (relativement rare) en une question de santé publique.
Références
ANDRADA, B. Sentidos e desafios do autismo para o território: um estudo etnográfico. Orientador: Benilton Carlos Bezerra Júnior. 2017. 172f. Tese (Doutorado em Saúde Coletiva), Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto de Medicina Social, Rio de Janeiro, 2017.
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (APA). Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5. Porto Alegre: Artes Médicas, 2013.
ARANTES, R.; ANDRADA, B. Militâncias de familiares de autistas e a economia política da esperança no Brasil de 2019. In: Surjus, L; Moysés, M. (Orgs.). Saúde mental de crianças e adolescentes. Ed. Unifesp/Abrasme, 2019. p. 89-104.
BLEULER, E. Autistic Thinking. In: RAPAPORT, D. Organization and pathology of thought: Selected sources. Columbia University Press, 1951. p. 399–437. DOI: https://doi.org/10.1037/10584-020. Disponível em: https://psycnet.apa.org/record/1952-00161-020 Acesso em 23 jan. 2021.
BRASIL. Lei 12.764, de 27 de dezembro de 2012, que Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos das Pessoas com Transtorno do Espectro Autista. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. 2012. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12764.htm. Acesso em 12 ago. 2018.
BRASIL. Lei 13.861, de 18 de julho de 2019. Altera a Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989, para incluir as especificidades inerentes ao transtorno do espectro autista nos censos demográficos. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. 2019. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2019/lei-13861-18-julho-2019-788841-norma-pl.html Acesso em 17 out. 2020.
BRASIL. Lei 13.977, de 8 de janeiro de 2020. Altera a Lei nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012 (Lei Berenice Piana), e a Lei nº 9.265, de 12 de fevereiro de 1996, para instituir a Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Ciptea), e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. 2020. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2020/lei-13977-8-janeiro-2020-789680-norma-pl.html em 06 jul. 2020.
CASTRO, L. Os universalismos no estudo da infância: a criança em desenvolvimento e a criança global. In: castro, L. (Org.). Infâncias do sul global: experiências, pesquisa e teoria desde a Argentina e o Brasil. Salvador: EDUFBA, 2021, p. 41-61.
CHAMAK, B. Autisme et militantisme: de la maladie à la difference. Quaderni (online), v. 68, 2009, p. 61-70. DOI : 10.4000/quaderni.268 Disponível em: https://journals.openedition.org/quaderni/268 Acesso em 24 jan. 2021.
CIRINO, O. Genealogia da psiquiatria da infância. In: Kamers, M.; Mariotto, R.; Voltolini, R. (Orgs.). Por uma (nova) psicopatologia da infância e da adolescência. São Paulo: Escuta, 2015, p. 19 –41.
EHRENBERG, A. La mécanique des passions: cerveau, comportement, société. Paris: Odile Jacob, 2018.
EYAL, G.; HART, B.; ONCULER, E.; OREN, N.; ROSSI, N. The Autism Matrix. Polity Press: Cambridge, UK, 2010.
FERNANDES, A.; COUTO, M.; ANDRADA, B.; DELGADO, P. A “indústria” do autismo no contexto brasileiro atual: contribuição ao debate. Material Técnico, 2024. ISBN: 978-65-00-99824-5.
GAVARINI, L. La passion de l’enfant: filiation, procréation et éducation à l’aube du XXIème siècle. Paris: Éditions Denoel, 2001.
HACKING, I. Figures de l’autisme. Cours au Collège de France, leçon 5, le 15 mars 2005. 2005. Disponível em https://www.college-de-france.fr/media/ian-hacking/UPL7406164246854513532_4___Figures_de_l_autisme..._suite.pdf Acesso em 19 fev. 2018.
HOCHMANN, J. Histoire de l’autisme. Paris: Odile Jacob, 2009.
KANNER, L. Autistic disturbances of affective contact. Nervous Child, n. 2, p. 217–250. 1943. Disponível em: https://psycnet.apa.org/record/1943-03624-001 Acesso em 23 abr. 2020.
MACHADO, L. Políticas do autismo: efeitos sobre o lugar da criança no imaginário social. São Paulo: Benjamin Editorial, 2022.
NADESAN, M. Constructing autism: unravelling the ‘truth’ and understanding the social. USA/Canada: Routhledge, 2005.
O’DELL, L.; ROSQVIST, H.; ORTEGA, F.; BROWNLOW, C.; ORSINI, M. Critical autism studies: exploring epistemic dialogues and intersections, challenging dominant understandings of autism. Disability & Society, v. 31, n.2, 2016, p. 166-179. DOI : http://dx.doi.org/10.1080/09687599.2016.1164026.
ORTEGA, F. Deficiência, autismo e neurodiversidade. Ciência e Saúde Coletiva, v. 14, n. 1, p. 67-77, 2009. DOI: https://doi.org/10.1590/S1413-81232009000100012. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-81232009000100012&script=sci_abstract&tlng=pt Acesso em 24 jan. 2021.
RED DE MONITOREO DE AUTISMO Y DISCAPACIDADES DEL DESARROLLO. Informe comunitario sobre el autismo: Una instantánea del trastorno del espectro autista entre niños de 4 y 8 años en varias comunidades de los Estados Unidos en 2023. Disponível em: https://www.cdc.gov/ncbddd/spanish/autism/addm-community-report/index.html. Acesso em 20 abr. 2024.
RIOS, C. “Nada sobre nós, sem nós?” O corpo na construção do autista como sujeito social e político. Sexualidad, Salud y Sociedad – Revista Latinoamericana, v. 25, 2017, p. 212-230. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1984-6487.sess.2017.25.11.a. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-64872017000100212&lng=pt&tlng=pt Acesso em: 24 jan. 2021.
RUNSWICK-COLE, K.; MALLETT, R.; TIMIMI, S. Re-Thinking Autism: diagnosis, identity and equality. Jessica Kingsley Publishers, London, 2016.
THOMAS, M. Genèses de l’autisme: Freud, Bleuler, Kanner. Paris: EPEL, 2014.
WING, L.; GOULD, J. Severe Impairments of Social Interaction and Associated Abnormalities in Children: Epidemiology and Classification. Journal of Autism and Developmental Disorders, v.9, n.1, 1979, p. 11-29. DOI: 10.1007/BF01531288 Disponível em : https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/155684/ Acesso em 24 jan. 2021.
Téléchargements
Publiée
Comment citer
Numéro
Rubrique
Licence
(c) Tous droits réservés Leticia Vier Machado, Adriana Marcondes Machado 2025

Ce travail est disponible sous la licence Creative Commons Attribution 4.0 International .
Esta revista proporciona acesso público a todo seu conteúdo, seguindo o princípio de que tornar gratuito o acesso a pesquisas gera um maior intercâmbio global de conhecimento. Tal acesso está associado a um crescimento da leitura e citação do trabalho de um autor. Para maiores informações sobre esta abordagem, visite Public Knowledge Project, projeto que desenvolveu este sistema para melhorar a qualidade acadêmica e pública da pesquisa, distribuindo o Open Journal Sistem (OJS) assim como outros software de apoio ao sistema de publicação de acesso público a fontes acadêmicas. Os nomes e endereços de e-mail neste site serão usados exclusivamente para os propósitos da revista, não estando disponíveis para outros fins.
A Perspectiva permite que os autores retenham os direitos autorais sem restrições bem como os direitos de publicação. Caso o texto venha a ser publicado posteriormente em outro veículo, solicita-se aos autores informar que o mesmo foi originalmente publicado como artigo na revista Perspectiva, bem como citar as referências bibliográficas completas dessa publicação.
