Formação de professores sob suspeita. Análise curricular das Ciências Sociais na trajetória formativa de profesores para o ensino primário na última ditadura cívico-militar no Uruguai (1973-1985)
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-795X.2020.e66377Resumo
O objetivo deste artigo é analisar as principais mudanças ideológicas e epistêmicas ocorridas na última ditadura cívico-militar no Uruguai (1973-1985) na formação de professores, especialmente para o ensino primário. Para isso, o marco empírico baseia-se na análise das mudanças institucionais e curriculares ocorridas a partir da segunda metade dos anos setenta. Interessa particularmente apreciar o tecido discursivo que sustentou as reformas. A significativa guerra interna e o perigo face ao avanço do marxismo internacional se estruturaram no âmbito da chamada Doutrina de Segurança Nacional, que alicerçou as reformas institucionais e curriculares do período. Partindo do pressuposto de que os currículos se configuram em discursos normativos no espaço escolar e que, portanto, buscam prescrever o que pode ser representado e transmitido em cada contexto histórico-social, o foco será colocado nos objetivos formativos, nos conteúdos e na bibliografia dos planos e programas da formação de professores. Especial atenção será dada à disciplina Ciências Sociais de Formação, do núcleo básico comum do plano de formação de professores, na medida em que esta condensa, de modo particular, as diretrizes propositivas e ideológicas do regime. A hipótese que norteia o trabalho heurístico pode ser formulada da seguinte maneira: a lógica estruturadora interna, que prevaleceu no plano e nos programas do núcleo comum de 1977 da formação de professores para o ensino primário, caracterizou-se por uma ênfase ideológica que supunha uma minimização epistemológica e um desconhecimento do trabalho acumulado, especialmente, em certas disciplinas da área social como a das Ciências Sociais.Referências
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