“Com H sou muito homem”: masculinidades, desafios e transformações hodiernas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/1806-9584-2025v33n396641

Palavras-chave:

gênero, masculinidades, percepções, estereótipos, transformações

Resumo

Feminilidade(s) e masculinidade(s) não são características inatas a mulheres e homens per se, mas, sim, construções localizadas temporal, social e espacialmente, trespassadas por relações de poder. Sendo a própria realidade mutável, a reconfiguração das perceções socialmente estabelecidas acerca daquilo que é ser mulher versus aquilo é ser homem é um processo expectável. Todavia, esse processo não é linear, uma vez que as transformações são, não raramente, morosas. Como tal, recorrendo a um levantamento teórico dos estudos sobre masculinidades e à sua conexão com o campo do gênero e a dados qualitativos reunidos por meio de um formulário on-line, verificam-se transformações significativas, embora insuficientes, naquilo que é hodiernamente entendido enquanto o papel do masculino, descortinando novos ângulos de problematização e possibilitando abordagens mais amplas e eficazes para a promoção da igualdade e da transformação social.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Sérgio Antônio Silva Rêgo, Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho

É doutor em Sociologia pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho, mestre em Educação Contemporânea pela Universidade Federal de Pernambuco e graduado em História pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Caruaru. Integrante do Observatório dos Movimentos Sociais da América Latina, do Grupo Movimentos Sociais, Educação e Diversidade na América Latina e do Grupo de Estudos Interdisciplinares em Ciências Sociais.

Joana Teixeira Ferraz da Silva, Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho

É doutora em Sociologia pela Universidade do Minho, com financiamento FCT (Ref. 2021.05582.BD). Mestre em Sociologia, com especialização em Políticas Sociais pela mesma universidade. Possui graduação em Serviço Social pela Universidade de Taubaté. Investigadora do Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais - Polo da Universidade do Minho e integrante do Grupo de Estudos Interdisciplinares em Ciências Sociais.

Rafaela Sofia Gonçalves Ribeiro, Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho

É mestre em Sociologia pela Universidade do Minho, com especialização em Políticas Sociais. Licenciada em Sociologia pela mesma universidade. Trabalha enquanto Gestora de Ciência e Tecnologia no Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais - Polo da Universidade do Minho. Integrante do Grupo de Estudos Interdisciplinares em Ciências Sociais.

Referências

ABOIM, Sofia. Género, família e mudança em Portugal. In Wall, Karin; Aboim, Sofia; Cunha, Vanessa. (Eds.). A Vida Familiar no Masculino: Negociando Velhas e Novas Masculinidades. Lisboa: Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego, 2010. p. 39-66.

ABOIM, Sofia. Masculinidade hegemónica e pluralidade no masculino: rumos a novos hibridismos do género. In. Aboim, Sofia. Et al. O que é masculinidade? Lisboa, Escolar Editora, 2017. p. 11-47.

ADRIÃO, Karla Galvão. “Sobre os estudos em masculinidades no Brasil: revisitando o campo”. Cadernos de Gênero e Tecnologia (CEFET/PR), v.3, p. 09-20, 2005. Disponível em http://dx.doi.org/10.3895/cgt.v1n3.6135. Acesso em 12/06/2023.

ALBUQUERQUE Jr, Durval Muniz de. Nordestino: uma invenção do falo. Uma história do gênero masculino (Nordeste-1920/1940). Maceió: Edições Catavento, 2003.

ALBUQUERQUE Jr, Durval Muniz de. “Masculinidade”. In: Colling, Ana Maria; Tedeschi, Losandro Antonio. (Orgs.). Dicionário crítico de gênero. Dourados, MS: Ed. Universidade Federal da Grande Dourados, 2015. p. 434-441.

ALMEIDA, Miguel Vale de. Senhores de Si. Uma Interpretação Antropológica da Masculinidade. Lisboa: Fim de Século, 1995.

ALMEIDA, Miguel Vale de. “Género, masculinidade e poder: revendo um caso do Sul de Portugal”. Anuário Antropológico 20 (1), p. 161-89, 1996. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/anuarioantropologico/article/view/6602. Acesso em 12/06/2023.

ALMEIDA, Sílvio Luiz de. Racismo estrutural. São Paulo: Pólen, 2019.

ALVES, Branca Moreira; PITANGUY, Jacqueline. Feminismo no Brasil: memórias de quem fez acontecer. 1ª ed. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2022.

AMÂNCIO, Lígia. Masculino e feminino. A Construção Social da Diferença. Porto: Afrontamento, 2010 [1994].

AMÂNCIO, Lígia; OLIVEIRA, João Manoel de. “Ambivalências e desenvolvimentos dos estudos de género em Portugal”. Faces de Eva. Estudos sobre a Mulher, Lisboa, (32), p. 23-42, 2014. Disponível em https://repositorio.iscte-iul.pt/bitstream/10071/8956/1/n32a04.pdf. Acesso em 25/06/2023.

BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. Coimbra: Edições 70, 1977.

BEAUVOIR, Simone. O segundo sexo. Trad. Sérgio Milliet. 5ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2019 [1949].

BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Trad. Fernando Tomaz. Lisboa: Difel; Bertrand, Rio de Janeiro, 1989.

BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina. Trad. Maria Helena Kúhner. 3ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003 [1998].

BRANDÃO, Ana Maria. E se tu fosses um rapaz? Homo-erotismo feminino e construção social da identidade. Porto: Afrontamento, 2010.

BUTLER, Judith. El género en disputa: el feminismo y la subversión de la identidad. Trad. Maria Antonia Muñoz. México: Paidós, 2001.

BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Trad. Renato Aguiar. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003 [1990].

BUTLER, Judith. Deshacer el género. Trad. Patrícia Soley-Beltran. Barcelona: Paidós, 2006.

CARRITO, Manuela; ARAÚJO, Helena C. “A «palavra» aos jovens: A construção de masculinidades em contexto escolar”. Educação, Sociedade & Culturas, nº 39, 139-158, 2013. Disponível em https://www.fpce.up.pt/ciie/sites/default/files/09.Manuela_Helena.pdf. Acesso em 24/06/2023.

COLLINS, Patricia Hill; Bilge, Sirma. Interseccionalidade. Trad. Rane Souza. São Paulo: Boitempo, 2021.

CONNELL, Raewyn W. Gender and power: Society, the person and sexual politics. California: Stanford University Press, 1987.

CONNELL, Raewyn W. Masculinidades. México: UNAM, 2003 [1993].

COUPER, Mick P. “Web surveys: A review of issues and approaches”. Public Opinion Quarterly, 64, p. 464-494, 2000. Disponível em http://dx.doi.org/10.1086/318641. Acesso em 24/06/2023.

Dicionário Informal. (2023). Homem. Disponível em: https://www.dicionarioinformal.com.br/diferenca-entre/homem/sexo%20masculino/. Acesso em 23/06/2023.

DUPUIS-DÉRI, Francis. A crise da masculinidade: anatomia de um mito persistente. Trad. Paulo Victor Bezerra. São Paulo: Blucher, 2022 [2018].

ELIAS, Norbert. O processo civilizador. Trad. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., vol. I, 1994 [1939].

FLICK, Uwe. Métodos qualitativos de investigação cientí?ca. Lisboa: Monitor, 2005.

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade I: a vontade de saber. Trad. Maria Thereza da Costa Albuquerque e J. A. Guilhon Albuquerque. 16ª ed. Rio de Janeiro: Edições Graal, 2005a [1975].

FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. 21ª ed. Trad. Roberto Machado. Rio de Janeiro: Edições Graal, 2005b [1975].

FURLANI, Jimena. Educação sexual na sala de aula: relações de gênero, orientação sexual e igualdade étnico-racial numa proposta de respeito às diferenças. Belo Horizonte: Autêntica, 2011.

GEBARA, Ivone. Teologia ecofeminista: ensaio para repensar o conhecimento e a religião. São Paulo: Olho d’Água, 1997.

GIFFIN, Karen. “A inserção dos homens nos estudos de gênero: contribuições de um sujeito histórico”. Ciência & Saúde Coletiva, 10(1), p. 47–57, 2005. Disponível em https://doi.org/10.1590/S1413-81232005000100011. Acesso em 23/06/2023.

GIDDENS, Anthony. A transformação da intimidade: sexualidade, amor e erotismo nas sociedades modernas. Trad. Magda Lopes. São Paulo: Ed. UNESP, 1993.

GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6ª ed. São Paulo: Atlas, 2008 [1989.

GOFFMAN, Erving. A representação do eu na vida cotidiana. Trad. Maia Célia Santos Raposo. Petrópolis, Vozes, 1985 [1956].

GONÇALVES, Marco. “Prólogo: Novas Masculinidades”. In: MARÍN, Jorge García. Novas masculinidades: o feminismo a (de)desconstruir o homem. Santiago de Compostela: Através Editora, 2018. p. 17-22.

GRAMSCI, Antonio. Os intelectuais e a organização da cultura. Trad. Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1982 [1932].

HEILBORN, Maria Luiza; CARRACA, Sérgio. “Em cena, os homens...” Estudos Feministas, v.6, n.2, p. 370-374, 1998. Disponível em https://doi.org/10.1590/%25x. Acesso em 23/06/2023.

HEARN, Jeff. (2004). “From Hegemonic Masculinity to the Hegemony of Men”. Feminist Theory, 5(1), 49–72, 2004. Disponível em https://doi.org/10.1177/1464700104040813. Acesso em 23/06/2023.

HIRATA, Helena. O cuidado: teorias e práticas. São Paulo: Boitempo, 2022.

HOOKS, Bell. El deseo de cambiar: hombres, masculinidad y amor. Manresa: Edicions Bellaterra, 2021 [2004].

HOLLANDA, Heloísa Buarque de. Explosão feminista: arte, cultura, política e universidade. 3ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.

HOUT, Réjean. Métodos quantitativos para as ciências humanas. Trad. Maria Luísa Figueiredo. Lisboa: Instituto Piaget, 2002.

JABLONKA, Ivan. Homens justos: do patriarcado às novas masculinidades. Trad. Julia da Rosa Simões. 1. ed. São Paulo: Todavia, 2021 [2019].

KERN, Leslie. Feminist City: Claiming Space In A Man-Made World. Londres e Nova Iorque: Verso Books, 2020.

LOURO, Gracira Lopes; NECKEL, Jane Felipe; GOELLNER, Silvana Vilodre. (Orgs.). (2003). Corpo, gênero e sexualidade: um debate contemporâneo na educação. Petrópolis, RJ: Vozes.

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. (2003). Fundamentos de metodologia científica. 5ª ed. São Paulo: Atlas.

MEDRADO, Benedito; LYRA, Jorge. “Por uma matriz feminista de gênero para os estudos sobre homens e masculinidades”. Revista Estudos Feministas, 16(3), p. 809–840, 2008. https://doi.org/10.1590/S0104-026X2008000300005. Acesso em 23/06/2023.

RICOEUR, Paul. A simbólica do mal. Lisboa: Edições 70, 2020 [1960].

SAFFIOTI, Heleieth Iara Bongiovani. Gênero, patriarcado e violência. São Paulo: Expressão Popular: Fundação Perseu Abramo, 2015 [2004].

SAAVEDRA, Luísa. Diversidade na identidade: a escola e as múltiplas formas de ser masculino. Psicologia, Educação e Cultura. III(1), p. 103-120, 2004. Disponível em: https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/4224/1/masculinidade.pdf. Acesso em 23/06/2023.

SCHOUTEN, Maria Johana. Uma sociologia do género. V. N. Famalicão: Húmus, 2011.

SCOTT, Joan W. (1990). “Gênero: uma categoria útil de análise histórica”. Educação & Realidade, v. 16, n. 2, pp. 5-22. Disponível em https://seer.ufrgs.br/index.php/educacaoerealidade/article/view/71721. Acesso em 23/06/2023.

SIMMEL, Georg. Sociología. Estudios sobre las formas de socialización. S.l.: ePubLibre, 2016 [1908]. Disponível em https://tsoc2018.netlify.app/Simmel,%20Georg%20(2016)%20Sociologia.%20Estudios%20sobre%20las%20formas%20de%20socializacion.pdf. Acesso em 23/06/2023.

TAVARES, Manuela. Aborto e contraceção em Portugal. Lisboa: Livros Horizonte, 2007.

TREVISAN, João Silvério. Devassos no paraíso: a homossexualidade no Brasil, da Colônia à atualidade. Rio de Janeiro: Record, 2000.

VEIGA, Ana Maria; Pedro, Joana Maria. “Gênero”. In: Colling, Ana Maria; Tedeschi, Losandro Antonio. (Orgs.). Dicionário crítico de gênero. Dourados, MS: Ed. Universidade Federal da Grande Dourados, 2015, p. 304-307.

WALL, Karin; Aboim, Sofia; CUNHA, Vanessa. A vida Familiar no Masculino: Negociando velhas e novas masculinidades. In Comissão para a igualdade no trabalho e no emprego - Coleção Estudos. Lisboa: Editorial do Ministério da Educação, 2010.

WALL, Karin; et al. Livro Branco - Homens e Igualdade de Género em Portugal. Lisboa: FFMS, 2016. Disponível em https://www.ffms.pt/sites/default/files/2022-07/Livro-Branco-%E2%80%93-Homens-e-Igualdade-de-G%C3%A9nero-em-Portugal.pdf. Acesso em 23/06/2023.

WEBER, Max. Fundamentos da sociologia. 2ª ed. Trad. Mário Rietsch Monteiro. Porto: Rés, 1983 [1946].

Downloads

Publicado

2025-12-02

Como Citar

Rêgo, S. A. S., Silva, J. T. F. da, & Ribeiro, R. S. G. (2025). “Com H sou muito homem”: masculinidades, desafios e transformações hodiernas. Revista Estudos Feministas, 33(3). https://doi.org/10.1590/1806-9584-2025v33n396641

Edição

Seção

Artigos

Artigos Semelhantes

<< < 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.