A braça de trança, o litro de óleo certin e o prato bem medido

mulheres do campo e as práticas de medir

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1981-1322.2023.e90947

Palavras-chave:

Mulheres camponesas, Práticas de numeramento, Padronização e precisão das medidas

Resumo

O artigo discute relações que algumas mulheres do Campo estabelecem com as práticas de numeramento que envolvem ideias, valores, conhecimentos, procedimentos e representações de medidas. Identificamos o embate cultural entre os modos como mulheres do campo protagonizam essas práticas e os valores associados aos sistemas de medida que a escola se propõe a ensinar: a padronização das unidades e a precisão da expressão da medida. Para isso, centramos nossa reflexão na empiria de três estudos desenvolvidos por camponesas que cursavam a Licenciatura em Educação do Campo. Esses estudos também focalizaram mulheres camponesas, de diferentes comunidades do interior do estado de Minas Gerais. O primeiro trabalho acompanhou quatro trançadeiras de palha de coqueiro Indaiá que confeccionavam chapéus em Morro do Pilar; o segundo, duas produtoras durante todo o processo de produção de óleo de Pequi em Rio Pardo de Minas; e o terceiro, uma comerciante vendendo alguns produtos na Feira Livre de Itaobim. Nos três estudos, é possível perceber a mobilização de referências de sistemas e expressões de medidas desencadeadas pelo contexto cultural do Campo. Apoiada nos estudos sobre apropriação de práticas de numeramento, nossa análise aponta como as tomadas de decisão dessas mulheres atendem a necessidades pragmáticas e a valores culturais que elas atualizam quando elegem modos de lidar com as demandas da prática social. Com efeito, essa relação pragmática das práticas de medir envolvidas nessas atividades estabelece modos próprios de as mulheres camponesas significarem os conhecimentos que mobilizam, ou seja, seus modos de apropriarem-se dessa prática de numeramento.

Biografia do Autor

Eliziara Pereira Coutinho

Doutorado em Educação

Professora Visitante no Instituto Federal de Minas Gerais campus Ouro Preto, Ouro Preto, Brasil

Angélica de Oliveira

Graduação na Licenciatura em Educação do Campo com habilitação em Matemática

Pesquisadora autônoma

Lucina Soares da Paixão

Graduação na Licenciatura em Educação do Campo com habilitação em Matemática

Professora de Matemática na Escola Estadual de Itaobim, Itaobim, Brasil

Maria da Conceição Ferreira Reis Fonseca

Pós-doutorado em Educação

Professora Titular na Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brasil

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Publicado

2023-03-13

Edição

Seção

Dossiê Temático: Ed. MTM em diálogo com a Ed. do Campo, Indígena e Quilombola