Quadros Teóricos para a Consideração da Materialidade em Pesquisas na Interface entre Antropologia e Educação Matemática

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1981-1322.2024.e97312

Palavras-chave:

Técnicas Corporais, Virada Ontológica, Mancala

Resumo

Como é que a educação matemática pode estabelecer um diálogo com a antropologia e em especial com a virada ontológica? A nossa contribuição para responder a esta questão será através de uma discussão dos conceitos de materialidade e da antropologia das coisas, tendo como pano de fundo a nossa consideração da sua aplicabilidade à nossa investigação em particular. Sem realizar a análise dos nossos dados em si, concentrar-nos-emos em se e como as diferentes perspectivas analisadas poderiam ser uma boa opção para a nossa análise. Começamos com um alerta para nos lembrar dos cuidados que devemos tomar, nomeadamente evitar emprestar teorias de outras áreas sem estabelecer diálogos com investigadores experientes nessas áreas. Fazemos uma breve introdução ao nosso trabalho de investigação, que é uma etnografia sobre o jogo do uril praticado na ilha de São Vicente, Cabo Verde. Apresentamos uma revisão da literatura sobre a chamada virada ontológica, com especial atenção aos conceitos de materialidade e agência. Concluímos que a noção de Técnicas Corporais de Mauss será um quadro antropológico adequado para uma análise posterior dos nossos dados, e consideramos que representará um afastamento de alguns pressupostos básicos na educação matemática.

Biografia do Autor

Ana Lúcia Braz Dias, Central Michigan University

Ph.D.

Central Michigan University, Mathematics Department, Mount Pleasant, MI, U.S.A.

Juliana Braz Dias, Universidade de Brasília

Ph.D.

Universidade de Brasília, Departamento de Antropologia, Brasília, DF, Brasil

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Publicado

2024-08-30

Edição

Seção

Edição Especial: Antropologias e Educações Matemáticas: diálogos (im)pertinentes