Cyborgs para um Futuro Ancestral: a transposição de problemas como ação hacker na educação matemática
DOI:
https://doi.org/10.5007/1981-1322.2024.e97721Palavras-chave:
Transposição de Problemas, Inteligência Artificial, Redes SociaisResumo
Este ensaio teórico objetiva debater a responsabilidade social que a educação matemática (entendida também como as pessoas que a constituem) tem diante do futuro tecnológico a as possibilidades utópicas de se posicionar diante dele. Assim, com essa realidade que se apresenta com a inserção da internet, das redes sociais, dos aplicativos de comunicação instantânea, da Inteligência Artificial e tantos dispositivos e ações tecnológicas em nossas vidas, precisamos compreender/constituir uma héxis (postura/disposição) política também como educação matemática. O ato de educar(-se) pela(s) matemática(as) pode assumir a criticidade da transposição de problemas, vislumbrando o estranhamento do que é (im)posto e a conscientização do que está por trás do que se apresenta, ou seja, problematizar o próprio problema é um ato importante para a constituição do bem comum. Nesse ínterim, tomamos como referência a esse bem comum, a Sankofa, filosofia africana, além de ideias e conceitos de povos originários, pois, buscamos perspectivas antropológicas ancestrais para discutimos as concepções de: cyborg, a qual evidencia um tornar-se que já é materializado com ações e dispositivos mundanos; futuro ancestral, como resgate do que não podemos perder de vista; e a própria transposição de problemas, como ação proeminente na educação matemática para questionar o que é vivenciado nas/com as redes sociais, por exemplo. Essas concepções confluem e indicam um educar(-se) pela(s) matemática(s), de forma fluída, com as próprias Tecnologias Digitais (TD). Em especial, neste artigo, exemplificamos suas confluências problematizando o que está por trás de algumas exclusões/inclusões evidenciadas na internet, também, discutidas com o uso da Inteligência Artificial e do Chat GPT, assim como, desveladas em cenas de produtos cinematográficos via Cinema por streaming. Nosso movimento lida com todas essas TD como meios de revelação e sustenta, pela(s) matemática(s), as proposições educacionais apresentadas em prol da transposição de problemas como ação “hacker” para um futuro ancestral.
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