Traduzindo verbos de movimento do inglês para o português: léxico e construções

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-7968.2019v39n2p166

Resumo

Neste artigo, investigamos as implicações tradutórias do uso de verbos movimento no inglês e no português brasileiro (PB) à luz da Linguística Cognitiva a partir de narrações de partidas de basquetebol: um corpus que constitui um contexto natural de realização da língua falada. Analisamos duas partidas da National Basketball Association (NBA). Em total, foram compiladas 104 ocorrências de verbos de movimento, 51 em inglês e 53 em PB. Quanto aos tipos, foram constatados 46 diferentes em inglês e 26 em PB. Isso sugere que as narrações são mais ou menos equivalentes no que concerne ao estilo narrativo, pois ambas usam uma quantidade parecida de verbos. Entretanto, tem-se uma assimetria em relação à variedade de verbos de movimento empregados e à sua semântica. Enquanto no inglês há maior variedade de verbos de movimento, no PB ela é menor. Nesta língua, por sua vez, a preferência são verbos de movimento menos específicos, que indicam DIREÇÃO, sem muitas informações de MODO. Tais diferenças são a fonte das dificuldades da tradução de verbos de movimento, do inglês para o português. No que concerne aos estudos da tradução, esta pesquisa corrobora a Hipótese do Item Único, segundo a qual um item é único para uma dada língua, se os contextos gramaticais em que ele aparece são únicos daquela língua.

Biografia do Autor

Heronides Moura, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Santa Catarina

Possui graduação em Licenciatura em Letras pela Universidade Federal da Paraíba (1985), mestrado em Linguística pela Universidade Federal de Santa Catarina (1988) , doutorado em Lingüística pela Universidade Estadual de Campinas (1996) e pós-doutorado pela Sorbonne Nouvelle (2000). É professor Titular da Universidade Federal de Santa Catarina, onde atua desde 1990. Desenvolve pesquisas nos seguintes temas: semântica lexical, linguística cognitiva, metáfora, e relação entre forma e sentido. Já orientou treze teses de doutorado, vinte e três dissertações de mestrado e dois estágios pós-doutorais. Seu livro mais recente Uma breve história da Linguística (Vozes, 2018), em co-autoria com Morgana Cambrussi. Foi Presidente da ANPOLL (2012-2014) e coordenador da Pós-graduação em Linguística da UFSC (2010-2014). Coordena o NES (Núcleo de Estudos Semânticos)

Lucas Badaracco, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Santa Catarina

Possui Graduação em Letras - Redação e Revisão de Textos (Bacharelado) e Mestrado em Letras (área de Estudos da Linguagem) pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Desde 2016, é discente de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade Federal de Santa Catarina. Estuda temas relacionados à categorização na linguagem, com ênfase nas implicações da experiência concreta humana no uso da língua.

Referências

Aronoff, M.; Fudeman, K. What is Morphology? 2ª ed. Nova Jersey: Wiley-Blackwell, 2011.

Beavers, J; Levin, B.; Tham, S. W. The typology of motion expressions revisited. Journal of Linguistics, vol. 46, N. 2, p. 331-377, 2010.

Cappelle, B. English is less rich in manner of motion verbs when translated from French. Across Languages and Cultures 13 (2), p. 173–195, 2012.

Filipovic, L. Typology in action: applying typological insights in the study of translation. International Journal of Applied Linguistics. Vol. 18-1, 2008, p. 23-40.

Goldberg, A. Constructions: A construction grammar approach to argument structure. Chicago: Chicago University Press, 1995.

Lakoff, G.; Johnson, M. Women, fire and dangerous things: what categories reveal about the mind. Chicago: The University of Chicago Press, 1987.

Levin, B.; Rappaport, M. Manner and Result: A View from clean. In: Pensalfini, R.; Turpin, M.; Guillemin, D. (Orgs.). Language Description Informed by Theory. John Benjamins: Amsterdã, 2014. p. 337-357.

Moura, H; Berger, I. R. Verbos e satélites na língua inglesa. In: Moura, H; Mota, M; Santana, A. P. (Org.). Cognição, Léxico e Gramática. 1 ed. Florianópolis: Insular, 2012, p. 51-65.

Moura, H.; Silva Junior, I. A representação do espaço nos verbos: os sentidos do movimento. In: Aragão Neto, M; Cambrussi, M. (Orgs.). Léxico e Gramática: novos estudos de interface. 1ª ed. Curitiba: Editora CRV, 2014, p. 69-87.

Papafragou, A.; Massey, C.; Gleitman, L. When English proposes what Greek presupposes: The cross-linguistic encoding of motion. Cognition 98, 2006.

Rogers, T.; McClelland, J. Semantic cognition: a parallel distributed processing approach. Londres: The MIT Press, 2004.

Rosch, E. Principles of categorization. In: Rosch, E.; Lloyd, B. B (Orgs.). Cognition and categorization. Hillsdale: Lawrence Erlbaum, 1978. p. 27-48.

Santos Filho, D. A expressão do modo de movimento no português brasileiro. Tese (Pós-Graduação em Linguística), UFSC, Florianópolis, 2018.

Santos Filho, D.; MOURA, H. Padrões de lexicalização no português brasileiro. Signo, v. 41, n. 71, set., 2016.

Slobin, D. From “thought and language” to “thinking for speaking”. In: Gumperz, J. J.; Levinson, S. C. (Orgs.). Rethinking linguistic relativity. Nova Iorque: Cambridge University Press, 1996a. p. 70-96.

Slobin, D. Two ways to travel: verbs of motion in English and Spanish. In: Shibatani, M.; Thompson, S. A. (Orgs.). Grammatical constructions: their form and meaning. Oxford: Clarendon Press, 1996b. p. 195-219.

Slobin, D. The universal, the typological and the particular in acquisition. In: Slobin, D. (Org.). The crosslinguistic study of language acquisition. Londres: Lawrence Erlbaum Associates, 1997.

Slobin, D. Language and thought online: cognitive consequences of linguistic relativity. In: Gentner, D.; Goldin-Meadow, S. (Orgs.). Language in mind: advances in the study of language and thought. Cambridge, MA: MIT Press, 2003.

Slobin, D. The many ways to search for a frog: Linguistic typology and the expression of motion events. In: Strömqvist, S.; Verhoeven, L. (Orgs.). Relating events in narrative: v. 02. Typological and contextual perspectives. Mahwah, NJ: Lawrence Erlbaum Associates, 2004.

Slobin, D. Relating Narrative Events in Translation. In: Ravid, D.; Shyldkrot, H. B. (Orgs.). Perspectives on language and language development: Essays in honor of Ruth A. Berman. Dordrecht: Kluwer, 2005.

Slobin, D. What makes manner of motion salient? Explorations in linguistic typology, discourse and cognition. In: Hickmann, M.; Robert, S. (Orgs.). Space in Languages: Linguistic Systems and Cognitive Categories. Amsterdã / Nova Iorque, John Benjamins, 2006. p. 59-82.

Talmy, L. Lexicalization patterns: Semantic structure in lexical forms. In: Timothy Shopen, ed. Language Typology and Syntactic Description, v. 03. Grammatical Categories and the Lexicon. Cambridge: Cambridge University Press. 1985, p. 57-149.

Talmy, L. Toward a Cognitive Semantics. Cambridge, MA: MIT Press. 2000.

Talmy, L. The fundamental system of spatial schemas in language. In: Hampe, B. (Org.). From perception to meaning: image schemas in cognitive linguistics. Berlim: Mouton de Gruyter, 2006.

Publicado

28-05-2019

Como Citar

Moura, H., & Badaracco, L. (2019). Traduzindo verbos de movimento do inglês para o português: léxico e construções. Cadernos De Tradução, 39(2), 166–183. https://doi.org/10.5007/2175-7968.2019v39n2p166

Edição

Seção

Artigos