Feijão amargo: como a educação infantil olha para os bebês e as crianças migrantes? reflexões sobre infâncias espacializadas e topogêneses

Autor/innen

DOI:

https://doi.org/10.5007/1980-4512.2025.e105720

Schlagworte:

Migração, Infância, Topogênese, Qualidade, Educação Infantil

Abstract

Este artigo é fruto de nossas pesquisas envolvendo os bebês e crianças em situações de migrações e refúgios. Busca refletir sobre os princípios da qualidade na Educação Infantil pautado em princípios que reconheçam esse espaço como um local de encontro, onde diversos liames e fronteiras colocam os que ali chegam como a força da potência transformadora e emancipatória da vida humana. Reconhece que o Brasil, apesar de ser um país marcado em sua história pelas muitas forças migratórias que o formaram, nos últimos anos passou a integrar de forma intensa as redes de deslocamentos contemporâneas passando a receber pessoas de diferentes nacionalidades, e as instituições educativas, entre elas a Educação Infantil, passam a ser locais de acolhimentos dessas pessoas. Por isso, faz a defesa que o conceito de qualidade envolva as potencialidades que a vivência pela alteridade e pelos encontros de fronteiras podem ter na promoção da humanidade

Autor/innen-Biografien

Jader Janer Moreira Lopes, Universidade Federal de Juiz de Fora

Professor Titular. Possui graduação em Geografia pela Universidade Federal de Juiz de Fora (1989), mestrado em Educação pela Universidade Federal de Juiz de Fora (1998), doutorado em Educação pela Universidade Federal Fluminense (2003) e pós-doutorado pelo Internationaler Promotionsstudiengang Erziehungswissenchaft/Psychologie- INEDD, da Universität Siegen, Alemanha. Atualmente é professor do programa de pós Graduação em Educação da Universidade Federal Fluminense e da Universidade Federal de Juiz de Fora, onde orienta mestrado e doutorado. Atuou como membro do Grupo Gestor da Creche UFF. Coordenador do Grupo de Pesquisas e Estudos em Geografia da Infância (GRUPEGI). Foi vice coordenador do GT de Educação de Crianças de 0 a 7 anos da ANPED. Tem experiência na área de Geografia e Educação, Educação Infantil, bebês, crianças e suas infâncias, Desenvolvimento Humano e Teoria Histórico-cultural. Atua principalmente nos seguintes temas: Estudos sobre a Espacialização da Vida; Geografia - ensino/aprendizagem; Geografia da Infância; Educação Infantil, Desenvolvimento humano e Teoria Histórico-cultural.

Flávio Santiago, Universidade Federal de Juiz de Fora

É autor do livro infantil A Família de Francisco. Realizou estágio de pós-doutorado na Universidade de São Paulo (USP) e na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). É doutor em Educação, na linha de pesquisa Ciências Sociais e Educação, pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) (2019), com estágio realizado na Università degli Studi di Milano-Bicocca, na Itália, com bolsa da FAPESP. Concluiu o mestrado em Educação, também na linha de Ciências Sociais e Educação, pela UNICAMP, com bolsa da CAPES. Além disso, é especialista em Administração Escolar, Supervisão e Orientação pela UNIMAIS (2021) e possui especialização em Tutoria em Educação a Distância pela UFMT.Realizou curso de aperfeiçoamento em Educação, Pobreza e Desigualdade Social pela UFSCar. É graduado em Pedagogia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) (2011) e em Geografia pela Faculdade Única (2021). Atualmente, é pesquisador no Grupo de Estudos e Pesquisa Sociologia da Infância e Educação Infantil (GEPSI/USP) e no Grupo de Pesquisas e Estudos em Geografia da Infância (GRUPEGI). Atua como educador social na área de acolhimento de crianças e adolescentes migrantes não acompanhados na região da Lombardia, na Itália.

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Veröffentlicht

2025-11-03

Ausgabe

Rubrik

Dossiê: Parâmetros de qualidade da educação infantil: disputas, conflitos e desafios