O professor homem na Educação Infantil: o que pensam pais, mães e educadoras?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1980-4512.2020v22n42p480

Resumo

A prática docente do homem na Educação Infantil- EI ainda é vista de forma estigmatizada. Diante disso, a presente pesquisa busca analisar a concepção de pais, mães e educadoras de crianças de 24 e 36 meses de idade da cidade de João Pessoa-PB, sobre a presença do professor homem na EI. Foram entrevistados 100 participantes: 40 pais, 40 mães e 20 educadoras. Os dados foram analisados a partir da análise de conteúdo proposta por Bardin. Quando considerado o binômio cuidar-educar, 34% dos participantes apresentaram resistência ao fato do educador desempenhar sua função de forma integral, o cuidar e o educar. As educadoras revelaram maior resistência, manifestada em 50%. A associação entre cuidado de crianças pequenas e habilidades naturais femininas se apresenta como entrave à atuação profissional do homem na EI. Destaca-se que a equidade de gênero na EI perpassa pela garantia da liberdade de escolha profissional e por uma vivência infantil em um contexto educacional livre de preconceitos. 

Biografia do Autor

Dalila Castelliano de Vasconcelos, Universidade Federal de Campina Grande- UFCG

Doutora em PsicologiaProfessora adjunta da Universidade Federal de Campina Grande- UFCG, Unidade Acadêmica de Educação e Programa de Pós-graduação em Educação da UFCG, Campina Grande, Brasil

Lucivanda Cavalcante Borges, Universidade Federal do Vale do São Francisco- UNIVASF

Doutora em Psicologia

Professora adjunta da Universidade Federal do Vale do São Francisco- UNIVASF, Colegiado de Psicologia e Programa de Pós-graduação em Psicologia da UNIVASF, Petrolina, Brasil

Nádia Maria Ribeiro Salomão, Universidade Federal da Paraíba-UFPB

Doutora em PsicologiaProfessora titular do Universidade Federal da Paraíba-UFPB, Departamento de Psicologia e Programa de Pós-graduação em Psicologia Social da UFPB, João Pessoa, Brasil 

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Publicado

2020-11-05