A Balança Hidrostática e o Princípio de Arquimedes: impactos de uma sequência didática pautada em fontes primárias da História da Ciência
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7941.2025.e100286Palavras-chave:
Princípio de Arquimedes, Balança Hidrostática, Experimento Histórico, Fontes PrimáriasResumo
Em materiais didáticos, no que diz respeito ao Princípio de Arquimedes, ainda é notada a reprodução da pseudo-história relacionada ao problema da adulteração da coroa do rei de Siracusa, narrada na obra De Architectura, por Marcus Vitruvius. Essa narrativa atribui a Arquimedes um método contraditório às evidências históricas, impreciso e fisicamente inviável. Em sua obra La Bilancetta, Galileu sugeriu que Arquimedes teria empregado uma Balança Hidrostática para resolver o problema da coroa. Sob o ponto de vista didático, a discussão desse mecanismo pode favorecer a abordagem do conceito de empuxo e do Princípio de Arquimedes. Assim, planejamos e aplicamos, no contexto da Educação Básica, uma sequência didática pautada na discussão de fontes primárias de Vitruvius e Galileu, e na reprodução de uma Balança Hidrostática como experimento histórico. Nesse trabalho, discutimos o impacto educacional da proposta, a partir da análise das respostas de estudantes que participaram dessa intervenção a um instrumento de pesquisa.
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