Relações entre a Educação em Astronomia da BNCCEM e a Educação Libertadora: bancarismo ou libertação?
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7941.2025.e95880Palavras-chave:
Paulo Freire, Educação em Ciência, Democracia, Educação BancáriaResumo
O percurso histórico do desenvolvimento da BNCC e suas justificativas deixam implícito uma problemática de cunho ideológico-prático, de modo que muitas críticas foram tecidas contra o documento durante e após sua formulação. Aqui, vê-se a necessidade de encontrar as relações existentes entre o currículo de Astronomia em âmbito nacional e a Educação Libertadora, de forma a evidenciar uma educação que atenda ou não à emancipação dos indivíduos. Assim, o objetivo desta pesquisa é de investigar as relações existentes entre o currículo de Educação em Astronomia para o Ensino Médio conforme a BNCCEM e a Educação Libertadora. A pesquisa possui caráter qualitativo, utiliza a abordagem de pesquisa documental e apresenta natureza dedutiva. A maior parte das categorias utilizadas nesta pesquisa não tiveram uma relação de proximidade com a BNCC, sendo que das 12 categorias, 3 apresentaram alta correspondência, 2 apresentaram baixa correspondências, e as demais não foram encontradas relações positivas. Com base nos resultados encontrados, infere-se que o currículo apresenta conotações que se aproximam mais de uma educação bancária que de uma educação libertadora.
Referências
AGUIAR, M. A. S. Reformas conservadoras e a “nova educação”: orientações hegemônicas no MEC e no CNE. Educação & Sociedade, v. 40, 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/es/a/fdCK8QDyRGNwBFWKsMYtvFv/#. Acesso em: 19 jan. 2023.
ANGELINI, R. C. Atributos aos diferentes tipos de educação: formal, não formal e informal. Colóquios - Geplage - PPGED - CNPq, [S. l.], n. 2, p.220-232, 2021. Disponível em: https://www.anaiscpge.ufscar.br/index.php/CPGE/article/view/1001. Acesso em: 22 out. 2021.
ANTUNES JÚNIOR, E.; CAVALCANTI, C. J. H.; OSTERMANN, F. A Base Nacional Comum Curricular como revocalizadora de vozes dos Parâmetros Curriculares Nacionais: o currículo Ciência, Tecnologia e Sociedade na educação científica para os anos finais do Ensino Fundamental. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 38, n. 2, p. 1339-1363, 2021. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/fisica/article/view/75579. Acesso em: 20 jan. 2023.
BATISTA, M. C. Um estudo sobre o ensino de astronomia na formação inicial de professores dos anos iniciais. 2016. Disponível em: http://repositorio.uem.br:8080/jspui/handle/1/4556. Acesso em: 20 jan. 2023.
BATISTA, M. C.; FUSINATO, P. A.; OLIVEIRA, A. A. Astronomia nos livros didáticos de ciências do ensino fundamental I. Ensino & Pesquisa, 2018. Disponível em: https://periodicos.unespar.edu.br/index.php/ensinoepesquisa/article/view/1996. Acesso em: 20 jan. 2023.
BATISTA, W. M.; BEZERRA, C. W. B. O currículo e o ensino de ciências na educação básica: uma leitura da BNCC. Mens Agitat, v. 15, p. 90-102, 2020.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular para o Ensino Médio. Ministério da Educação. Brasília. 2018a. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/docman/abril-2018-pdf/85121-bncc-ensino-medio/file. Acesso em: 20 ago. 2020.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Ministério da Educação. Brasília. 2017a. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em: 20 dez. 2022.
BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica/ Ministério da Educação. Secretária de Educação Básica. Diretoria de Currículos e Educação Integral. – Brasília: MEC, SEB, DICEI, 2013.
BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Resolução Nº 3, de 21 de novembro de 2018b. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica. Ministério da Educação. Brasília: MEC, DCENEM, 2018b. Disponível em: http://novoensinomedio.mec.gov.br/resources/downloads/pdf/dcnem.pdf. Acesso em: 20 ago. 2020.
BRASIL. Lei Nº 13.415 de 16 de fevereiro de 2017. Senado Federal. Brasília, 2017b. Disponível em: https://legis.senado.leg.br/norma/602639/publicacao/15657824. Acesso em: ago. 2020.
BRASIL. Medida Provisória 746/2016. Congresso Nacional. Brasília, 2016. Disponível em: https://www.congressonacional.leg.br/materias/medidas-provisorias/-/mpv/126992. Acesso em: ago. 2020.
BRASIL. Ministério de Educação e Cultura. LDB - Lei nº 9394/96, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: MEC, 1996.
BRASIL. Parâmetros curriculares Nacionais para o Ensino Médio: Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. Ministério da Educação (MEC). Brasília, DF: MEC. 2000. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/ciencian.pdf. Acesso em: 02 dez. 2020.
CARNEIRO, E. H. E. et. al. Ensino de astronomia: conflitos cognitivos e escala de distância. In: CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, III, 2016, Campina Grande. Disponível em: http://www.editorarealize.com.br/artigo/visualizar/22026. Acesso em: 28 out. 2021.
CARVALHO, A. M. P. de. Fundamentos Teóricos e Metodológicos do Ensino por Investigação. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, [S. l.], v. 18, n. 3, p. 765-794, 2018. DOI: 10.28976/1984-2686rbpec2018183765. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/rbpec/article/view/4852. Acesso em: 5 ago. 2022.
CARVALHO, A. M. P. O ensino de ciências e a proposição de sequências de ensino investigativas. In: CARVALHO, A. M. P. (Org.) Ensino de Ciências por investigação: condições para implementação em sala de aula. São Paulo: Cengage Learning, 2013.
CECHINEL, A. et. al. Estudo / Análise documental: uma revisão teórica e metodológica. Criar Educação, v. 5, n. 1, p. 1-7, 2016. Disponível em: https://periodicos.unesc.net/ojs/index.php/criaredu/article/view/2446. Acesso em: 30 dez. 2022.
CELLARD, A. A. Análise documental. In: POUPART, J. et al. (Org.). A pesquisa qualitativa: enfoques epistemológicos e metodológicos. Petrópolis: Vozes, 2008.
CIAVATTA, M.; RAMOS, M. A “era das diretrizes”: a disputa pelo projeto de educação dos mais pobres. Revista Brasileira de Educação. V. 17, n. 49, 2012. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1413-24782012000100002. Acesso em: 22 out. 2021.
COSTA, S.; EUZÉBIO, G. J.; DAMASIO, F. A Astronomia na formação inicial de professores de Ciências. Revista Latino-Americana de Educação em Astronomia, São Carlos, n. 22, p. 59-80, 2016. Disponível em: https://www.relea.ufscar.br/index.php/relea/article/view/263. Acesso em: 28 out. 2021.
DESCARTES, R. Discurso do método. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
DIAS SOBRINHO, J. Universidade e avaliação: entre a ética e o mercado. Florianópolis: Insular, 2002.
DIAS, A. A.; SOARES, F. A. P.; OLIVEIRA, I. D. Políticas educacionais neoconservadoras e suas implicações para as propostas curriculares da educação infantil. Zero-a-seis, v. 23, n. 1, p. 1155-1182, 2021. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/zeroseis/article/view/81656. Acesso em: 20 jan. 2023.
DIAS, C. A. C. M.; RITA, J. R. S. Inserção da astronomia como disciplina curricular do ensino médio. Revista Latino-Americana de Educação em Astronomia, n. 6, p. 55-65, 2008. Disponível em: https://www.relea.ufscar.br/index.php/relea/article/view/121. Acesso em: 8 nov. 2017.
DOURADO, S.; RIBEIRO, E. Metodologia qualitativa e quantitativa. In: MAGALHÃES JÚNIOR, C. A. O.; BATISTA, M. C. Metodologia da pesquisa em educação e ensino de ciências. 1. ed. Maringá: Gráfica e Editora Massoni, 2021.
ELIAS, M. A.; FONSECA, M. O da. E onde está a Astronomia? Análise do ensino de astronomia no ensino médio com base nos documentos nacionais. Arquivos do Mudi, v. 25, n. 1, p. 26-43, 16 abr. 2021. Disponível em: https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/ArqMudi/article/view/57650. Acesso em: 15 jan. 2023.
FEYERABEND, P. K. Contra o método. Tradução: Cezar Augusto Mortari. 2. ed. São Paulo: Editora Unesp, 2011.
FONSECA, M. O da. A epistemologia de Kuhn através do documentário “Universe: the cosmology quest”: questões para o ensino de ciências. Revista Vitruvian Cogitationes, v. 3, n. 2, p. 139-150, 7 dez. 2022. Disponível em: https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/revisvitruscogitationes/article/view/66205. Acesso em: 30 jun. 2023.
FONSECA, M. O. da; BATISTA, M. C. Pressupostos para um currículo libertador: pensando o documento a partir de Paulo Freire. Revista Espaço do Currículo, [S. l.], v. 16, n. 1, p. 1-18, 2023. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/index.php/rec/article/view/66128. Acesso em: 10 jul. 2023.
FONTANA, F.; PEREIRA, A. C. T. Pesquisa Documental. In: MAGALHÃES JÚNIOR, C. A. O.; BATISTA, M. C. Metodologia da pesquisa em educação e ensino de ciências. 1. ed. Maringá: Gráfica e Editora Massoni, 2021.
FREIRE, P. Ação cultural para a liberdade e outros escritos. 19. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2022e.
FREIRE, P. Ação cultural para a liberdade e outros escritos. 5. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.
FREIRE, P. Direitos Humanos e Educação Libertadora: Gestão democrática da Educação Pública na cidade de São Paulo. 4. ed. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 2021c.
FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. 51. ed. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra. 2021a.
FREIRE, P. Educação e Mudança. 46. ed. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra. 2021b.
FREIRE, P. Pedagogia da Indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. 8. ed. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 2022c.
FREIRE, P. Pedagogia da Solidariedade. (Orgs) 4. ed. São Paulo/Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra. 2021d.
FREIRE, P. Pedagogia da Tolerância. 9. ed. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 2022b.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 82. ed. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 2022a.
FREIRE, P. Política e Educação. 10. ed. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 2022d.
FREIRE, P.; FAUNDEZ, A. Por uma pedagogia da pergunta. 11. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2021.
FREIRE, P.; MACEDO, D. Alfabetização: leitura do mundo, leitura da palavra. 12. ed. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra. 2023.
GIL PÉREZ, D. et al. Para uma imagem não deformada do trabalho científico. Ciência & Educação, v. 7, n. 02, p. 125-153, 2001. Disponível em: http://educa.fcc.org.br/scielo.php?pid=S1516-73132001000200001&script=sci_abstract. Acesso em: 30 mar. 2023.
KRENAK, A. A vida não é útil. 1. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2020a.
KRENAK, A. futuro ancestral. 1. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.
KRENAK, A. Ideias para adiar o fim do mundo. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2020b.
KRENAK, A; SILVESTRE, H.; SANTOS, B. de S. O sistema e o antissistema: três ensaios, três mundos no mesmo mundo. Belo Horizonte: Autêntica, 2021.
KRIPKA, R.; SCHELLER, M.; BONOTTO, D. L. Pesquisa documental na pesquisa qualitativa: conceitos e caracterização. Revista de investigaciones UNAD, v. 14, n. 2, p. 55-73, 2015.
KUHN, T. S. A estrutura das revoluções científicas. Tradução: Beatriz Viana Boeira; Nelson Boeira. São Paulo: Perspectiva, 2018.
LANGHI, R.; NARDI, R. Ensino de astronomia: erros conceituais mais comuns presentes em livros didáticos de ciências. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 24, n. 1, p. 87-111, 2007. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/5165914.pdf. Acesso em: 9 jun. 2020.
LIBÂNEO, J. C; OLIVEIRA, J. F.; THOSCHI, M. S. Educação Escolar: Políticas, Estrutura e Organização. 10. ed. São Paulo: Cortez, 2012.
MARX, K.; ENGELS, F. Manifesto Comunista. Tradução: Maria Lucia Como. 4. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2022.
MORIN, E. O método 1: a natureza da natureza. Tradução: Ilana Heineberg. Porto Alegre: Sulina, 2016.
NOVAK, J. D.; GOWIN, B. Aprender a aprender. Lisboa: Plátano Edições Técnicas, 1996.
OLIVEIRA, A. A.; FUSINATO, P. A.; BATISTA, M. C. Astronomia nos currículos dos cursos de ciências biológicas no estado do Paraná. Revista Valore, v. 3, p. 334-342, 2018. Disponível em: https://revistavalore.emnuvens.com.br/valore/article/view/175. Acesso em: 20 jan. 2023.
OLIVEIRA, H. S.; MARIZ, D. Movimento Escola Sem Partido: uma leitura à luz de Paulo Freire. Educação, Santa Maria, v. 44, e32996, 2019. Disponível em: http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S198464442019000100008&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 28 jan. 2023.
OLIVEIRA, M. B. Neutralidade da ciência, desencantamento do mundo e controle da natureza. Scientiæstudia, São Paulo, v. 6, n. 1, p. 97-116, 2008. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ss/a/NsP3WxpnsjjbZkHt8DwSW5K/abstract/?lang=pt. Acesso em: 20 jan. 2023.
PIAGET, J. Epistemologia genética. Tradução: Álvaro Cabral. 4. ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2012.
PINTO, J. M. R. Financiamento da educação no Brasil: um balanço do governo FHC (1995-2002). Educação & Sociedade, v. 23, p. 108-135, 2002. Disponível em: https://www.scielo.br/j/es/a/n8yyYhkgNfStcVrkBNXycXG/abstract/?lang=pt. Acesso em: 10 jan. 2023.
POZO, J. I.; CRESPO, M. A. G. A aprendizagem e o ensino de ciências: do conhecimento cotidiano ao conhecimento científico. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.
SETTERINGTON, K. Marcados pelo triângulo rosa. Tradução: Sandra Pina. São Paulo: Editora Melhoramentos, 2017.
SILVA, A. C.; INFANTE-MALACHIAS, M. H. Reflexões sobre a convergência do pensamento de Paulo Freire e de Edgar Morin: contribuições para a formação docente. Cadernos de Educação, n. 42, 2012. Disponível em: https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/caduc/article/view/2155 Acesso em: 20 jan. 2023.
SILVA, M. R. A BNCC da reforma do ensino médio: o resgate de um empoeirado discurso. Educação em Revista, v. 34, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0102-4698214130. Acesso em: 28 out. 2021.
TREVISAN, J. S. Devassos no paraíso: a homossexualidade no Brasil, da colônia à atualidade. 4. ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2018.
TRICHES, E. F.; ARANDA, M. A. M. O percurso de formulação da base nacional comum curricular (BNCC). In: SEMINÁRIO FORMAÇÃO DOCENTE: INTERSECÇÃO ENTRE UNIVERSIDADE E ESCOLA, v. 2, n. 2, 2018. Anais... Disponível em: https://anaisonline.uems.br/index.php/seminarioformacaodocente/article/view/4678. Acesso em: 20 jan. 2023.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
DECLARAÇÃO DE RESPONSABILIDADE Certifico que participei da concepção do trabalho, em parte ou na íntegra, que não omiti quaisquer ligações ou acordos de financiamento entre os autores e companhias que possam ter interesse na publicação desse artigo. Certifico que o texto é original e que o trabalho, em parte ou na íntegra, ou qualquer outro trabalho com conteúdo substancialmente similar, de minha autoria, não foi enviado a outra revista e não o será enquanto sua publicação estiver sendo considerada pelo Caderno Brasileiro de Ensino de Física, quer seja no formato impresso ou no eletrônico.
Caderno Brasileiro de Ensino de Física, Florianópolis, SC, Brasil - - - eISSN 2175-7941 - - - está licenciada sob Licença Creative Commons > > > > >
