A Base Nacional Comum Curricular como revocalizadora de vozes dos Parâmetros Curriculares Nacionais: o currículo Ciência, Tecnologia e Sociedade na educação científica para os anos finais do Ensino Fundamental
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7941.2021.e75579Resumo
Frente ao cenário de aprovação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para os anos finais do Ensino fundamental, consideramos relevante entender relações entre o discurso científico trazido como novo e os enunciados que já eram veiculados desde o século passado pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). Articulando a filosofia da linguagem do círculo de Bakhtin com a técnica de Text Mining, buscamos identificar e comparar perspectivas CTS veiculadas nos PCN e na BNCC, uma vez que são vozes alinhadas a uma perspectiva crítica de currículo para o Ensino e/ou Educação em Ciências, comprometida com a emancipação dos sujeitos. Observamos que enunciados da nova BNCC podem ser considerados revocalizadores dos enunciados dos PCN, uma vez que ambos os documentos, ainda que veiculem vozes oriundas do currículo CTS, acabam por não superar perspectivas alinhadas à neutralidade do conhecimento científico e tecnológico.
Referências
AGUIAR, M. A. S.; TUTTMAN, M. T. Políticas educacionais no Brasil e a Base Nacional Comum Curricular: disputas de projetos. Em Aberto, v. 33, n. 107, p. 69-94, 2020.
ANTUNES JR., E.; CAVALCANTI, C. J. H.; OSTERMANN, F. As Ciências da Natureza nos anos finais do Ensino Fundamental: a veiculação de vozes CTS na Base Nacional Comum Curricular. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS. XII, 2019, Natal, RN. Anais...
ANTUNES JR., E.; CAVALCANTI, C. J. H.; OSTERMANN, F. Base Nacional Comum Curricular, Ciências da Natureza nos anos finais do ensino fundamental e os mitos sobre Ciência, Tecnologia e Sociedade. Em Aberto, Brasília, v. 33, n. 107, 2020.
AULER, D.; DELIZOICOV, D. Alfabetização científico-tecnológico para que? Ensaio – Pesquisa em Educação em Ciências, v. 3, n. 2, p. 122-134, 2001.
AULER, D. Novos caminhos para a educação CTS: ampliando a participação. In: SANTOS, W.; AULER, D. (Org.). CTS e educação científica: desafios, tendências e resultados de pesquisas. Brasília: Editora Universidade de Brasília, p. 73-97, 2011.
BAKHTIN, M. Questões de literatura e estética: a teoria do romance. Editora Hucitec, 2002.
BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. São Paulo: Editora 34, 2016.
BRANDÃO, H. H. N. Introdução à análise do discurso. Campinas: Editora da UNICAMP, 2007.
BRASIL. Decreto n. 981 de 8 de novembro de 1890. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-981-8-novembro-1890-515376-publicacaooriginal-1-pe.html. Acesso em: 10 jul. 2020.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.
BRASIL. Ministério de Educação e Cultura. LDB - Lei nº 9394/96, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da Educação Nacional. Brasília: MEC, 1996.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: PCN. Brasília, 1997.
BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (DCNEM). 1998.
BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica (DCN). 2013.
BRASIL. Plano Nacional de Educação (PNE). 2014.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (3ª versão): Educação Infantil e Ensino Fundamental. Brasília, 2017.
BRASIL. Inep. Resumo técnico do Censo da Educação Básica, 2018. Brasília: MEC, 2019. Disponível em: http://download.inep.gov.br/educacao_basica/censo_escolar/resumos_ tecnicos/resumo_tecnico_censo_educacao_basica_2018.pdf. Acesso em 5 abr. 2020.
DALLABRIDA, N. O MEC-INEP contra a Reforma Capanema: renovação do ensino secundário na década de 1950. Perspectiva, v. 32, n. 2, 407-427, 2014.
FERREIRA, M. S. A história da disciplina escolar ciências no Colégio Pedro II (1960-1980). 2005. Tese (Doutorado em Educação) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
FERREIRA, M. S. Investigando os rumos da disciplina escolar Ciências no Colégio Pedro II (1960-1970). Educação em Revista, v. 45. p. 127-144, 2007.
LACLAU, E.; MOUFFE, C. Hegemonía y estrategia socialista: Hacia una radicalización de la democracia. Madrid: Siglo XXI, 1987.
LOPES, A. C. Políticas curriculares: continuidade ou mudança de rumos? Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, n. 26, p. 109-118, 2004.
LOPES, A. C.; MACEDO, E. Teorias de currículo. São Paulo: Cortez, 2011.
LORENZ, K. M.; BARRA, V. M. Produção de materiais didáticos de ciências no Brasil, período: 1950 a 1980. Ciência e Cultura, v. 38, n. 12, p. 1970-1983, 1986.
MACEDO, E. Base Nacional Curricular Comum: novas formas de sociabilidade produzindo sentidos para educação. E-Curriculum, v. 12, n. 03, p. 1530-1555, 2014.
MAYBIN, J. Revoicing across learning spaces. In: HORNBERGER, N. H. (Ed.). Encyclopedia of Language and Education. Boston: Springer, 2008. p. 837-848.
MEYER, D.; HORNIK, K.; FEINERER, I. Text Mining Infrastructure in R. Journal of Statistical Software, v. 25, n. 5, 2008.
NASCIMENTO, M. M.; ANTUNES JR., E.; CAVALCANTI, C.; OSTERMANN, F. Métodos Quantitativos Interpretativos na Educação em Ciências: Abordagens para Análise Multivariada de Dados. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, n. 19, p. 775-800, 2019.
REZENDE, F; OSTERMANN, F. Hegemonic and counter‑hegemonic discourses in science education from the perspective of a post‑critical curriculum theory. Cultural Studies of Science Education, 2019.
RIBEIRO, T. V.; SANTOS, A. T.; GENOVESE, L. G. R. A História Dominante do Movimento CTS e o seu Papel no Subcampo Brasileiro de Pesquisa em Ensino de Ciências CTS. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, v. 17, n. 1, 2017.
SANTOS, W. L. P.; MORTIMER, E. F. Uma análise dos pressupostos teóricos da abordagem C-T-S (Ciência-Tecnologia-Sociedade) no contexto da educação brasileira. Ensaio – Pesquisa em Educação em Ciências, v. 2, n. 2, 2002.
SILVA, T. T. Documentos de identidade: uma introdução às teorias de currículo. 3. ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2015.
SYMONDS, J. E.; GORARD, S. Death of mixed methods? Or the rebirth of research as a craft. Evaluation & Research in Education, v. 23, n. 2, p. 121-136, 2010.
STRIEDER, R. B. Abordagens CTS na educação científica no Brasil: sentidos e perspectivas. 2012. Tese (Doutorado em Ciências/Ensino de Física) - Universidade de São Paulo, São Paulo.
VENEU, A. A.; FERRAZ, G.; REZENDE, F. Análise de discursos no ensino de ciências: considerações teóricas, implicações epistemológicas e metodológicas. Ensaio: Pesquisa em Educação em Ciências, Belo Horizonte, v. 17, n. 1, p. 126-149, 2015.
VOLOSHINOV, V. N. A estrutura do enunciado. Tradução: Ana Vaz, para fins didáticos. Texto de circulação acadêmica, 1981. [Texto original publicado na revista Literaturnja Ucëba, v. 3. p. 65-87, 1930]
VOLOSHINOV, V. N. Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. São Paulo: Editora 34, 2018.
WIJFFELS, J. Tokenization, Parts of Speech Tagging, Lemmatization and Dependency Parsing with the 'UDPipe' 'NLP' Toolkit, 2020. Disponível em: https://cran.rproject.org/web/packages/udpipe/index.html. Acesso em: 10 dez. 2020.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
DECLARAÇÃO DE RESPONSABILIDADE Certifico que participei da concepção do trabalho, em parte ou na íntegra, que não omiti quaisquer ligações ou acordos de financiamento entre os autores e companhias que possam ter interesse na publicação desse artigo. Certifico que o texto é original e que o trabalho, em parte ou na íntegra, ou qualquer outro trabalho com conteúdo substancialmente similar, de minha autoria, não foi enviado a outra revista e não o será enquanto sua publicação estiver sendo considerada pelo Caderno Brasileiro de Ensino de Física, quer seja no formato impresso ou no eletrônico.
Caderno Brasileiro de Ensino de Física, Florianópolis, SC, Brasil - - - eISSN 2175-7941 - - - está licenciada sob Licença Creative Commons > > > > >