O saber sensível que brota das experiências do se-movimentar no monte Roraima
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-8042.2025.e106954Palavras-chave:
Educação sensível, Monte roraima, Práticas corporais de aventura, Epistemologia da experiência, Autoetnografia sensorialResumo
O objetivo deste artigo é compreender a expedição ao Monte Roraima como experiência formativa e campo de produção de conhecimento sensível, articulando práticas corporais de aventura à Educação Física. A pesquisa utilizou uma abordagem qualitativa, fundamentada em autoetnografia, etnografia sensorial e antropologia dos sentidos, tomando o corpo em movimento como fonte de dados e de teoria. O percurso incluiu nove dias e cerca de 115 km de travessia, com registro em diário de campo e análise narrativa reflexiva. Os principais resultados evidenciam que a movência no trekking revelou dimensões simbólicas e emocionais, nas quais elementos como lama, pedras, frio e silêncio foram vividos como metáforas existenciais e aprendizagens pedagógicas. A presença dos guias indígenas Pemón, suas narrativas e cosmologias, ampliaram a compreensão da natureza como coeducadora. Constatou-se que a experiência produziu uma epistemologia sensível, que integra corpo, emoção e pensamento, e ressignifica o trekking como prática pedagógica e ética, em diálogo com a virtude esportiva. Conclui-se que práticas corporais de aventura, ao deslocarem o corpo de contextos tradicionais, podem ampliar as fronteiras da Educação Física, reconhecendo a natureza e a experiência como territórios formativos legítimos. A principal contribuição do estudo é propor a aventura como campo epistêmico e pedagógico, reforçando o potencial das práticas corporais na natureza para a formação humana.
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