A blusa e a urna: metamorfoses do associativismo de trabalhadores em Pernambuco entre o Império e a República

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-9222.2020.e71472

Resumo

A Liga Operária foi a primeira organização de Pernambuco a disputar eleições com uma pauta programática voltada aos interesses dos trabalhadores e seus candidatos eram representantes da classe operária. Isso ocorreu já no primeiro ano republicano. O acompanhamento da trajetória da Liga abarca um momento de transição na atuação política dos trabalhadores urbanos organizados. O novo regime, a abolição da escravidão e a difusão de ideais socialistas tangenciaram considerável renovação de símbolos (o orgulho em trajar a blusa proletária) e estratégias de ação política (a disputa pelas urnas) daquele grupo de trabalhadores. Para dimensionar os limites e possibilidades deste cenário, o presente artigo busca colocar em perspectiva a atuação pregressa dos membros da Liga pelo universo associativo da capital pernambucana – através de mutualistas, irmandades e sociedades abolicionistas. E, em um segundo momento, analisar a trajetória eleitoral do grupo.

Biografia do Autor

Felipe Azevedo Souza, Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Doutor em História Social pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Desenvolve estágio pós-doutoral no Programa de Pós-Graduação de História da Universidade Federal da Bahia (UFBA) com bolsa PNPD-CAPES.

Referências

BATALHA, Claudio H. M. O movimento operário na Primeira República. Rio de Janeiro: Zahar, 2000.

BATALHA, Claudio H. M. (org.). Dicionário do movimento operário – Rio de Janeiro do século XIX aos anos 1920, militantes e organizações. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2009.

BATALHA, Claudio H. M. A geografia associativa: associações operárias, protesto e espaço urbano no Rio de Janeiro da Primeira República. In.: AZEVEDO, Elciene... [et al.]. Trabalhadores na cidade: cotidiano e cultura no Rio de Janeiro e em São Paulo, séculos XIX e XX. Campinas: Editora da Unicamp, 2009.

BORGES, Dain. Intellectuals and the forgetting of slavery in Brazil. Annals of Scholarship, v. 11, n. 1-2, 1996.

CARVALHO, José Murilo de. A construção da ordem: a elite política imperial. Teatro de sombras: a política imperial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.

CARVALHO, José Murilo de. A formação das almas: o imaginário da República no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.

CASTEL, Robert. As metamorfoses da questão social: uma crônica do salário. Petrópolis: Editora Vozes, 1998.

CASTELLUCCI, Aldrin A. S. Política e cidadania operária em Salvador (1890-1919). Revista de História (USP), São Paulo, n. 162, 1˚ semestre de 2010.

CASTELLUCCI, Aldrin A. S. Trabalhadores e política no Brasil: do aprendizado do Império aos sucessos da Primeira República. Salvador: Eduneb, 2015.

COSTA, Milene Ribas da. A implosão da ordem: a crise final do Império e o Movimento Republicano Paulista. Dissertação (Mestrado em Ciência Política), USP, São Paulo, 2006.

COSTA, Rafael Maul de Carvalho. A "escravidão livre" na Corte: escravizados moralmente lutam contra a escravidão de fato (Rio de Janeiro no processo da abolição). Tese (Doutorado em História), UFF, Niterói, 2012.

DANTAS, Carolina Vianna. Monteiro Lopes (1867-1910): um 'líder da raça negra' na capital da República. Afro-Ásia, Salvador, n. 41, 2010.

DOMINGUES, Petrônio. Cidadania por um fio: o associativismo negro no Rio de Janeiro (1888-1930). Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 34, n. 67, 2014.

GOMES, Ângela Maria de Castro. A invenção do trabalhismo. São Paulo: Vértice / Editora Revista dos Tribunais; Rio de Janeiro: Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro, 1988.

HOBSBAWM, Eric J. Mundos do Trabalhos: novos estudos sobre História Operária. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000.

LACERDA, David P. Trabalho, política e solidariedade operária: uma história social do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (c. 1860 – c. 1890). Tese (Doutorado em História), UNICAMP, Campinas, 2016.

LACERDA, David P. Mutualismo, trabalho e política: a seção do Conselho de Estado e a organização dos trabalhadores na cidade do Rio de Janeiro (1860-1882). In: MAC CORD, Marcelo; BATALHA, Claudio H. M. (org.). Organizar e proteger: trabalhadores, associações e mutualismo no Brasil (séculos XIX e XX). Campinas: Editora da UNICAMP, 2014.

LARA, Silvia Hunold. Escravidão, Cidadania e História do Trabalho no Brasil. Projeto História, São Paulo, n˚ 16, fev. 1998.

MAC CORD, Marcelo. Artífices da cidadania: mutualismo, educação e trabalho no Recife oitocentista. Campinas: Editora da Unicamp, 2012.

MAC CORD, Marcelo. Direitos trabalhistas em construção: as lutas pela jornada de trabalho das oito horas em Pernambuco, 1890 – 1891. Tempo, v. 22, n. 39, p. 175-195, jan.- abr., 2016.

MAC CORD, Marcelo. O Rosário de D. Antônio: Irmandades negras, alianças e conflitos na história social do Recife, 1848–1872. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2005.

MAC CORD, Marcelo. Redes de sociabilidade e política: mestres de obras e associativismo no Recife oitocentista. Revista Mundos do Trabalho, vol. 2, n. 4, agosto-dezembro de 2010.

MARTINS, Mônica de Souza N. A prática do auxílio mútuo nas corporações de ofício no Rio de Janeiro na primeira metade do século XIX. In: MAC CORD, Marcelo; BATALHA, Claudio H. M. (org.). Organizar e proteger: trabalhadores, associações e mutualismo no Brasil (séculos XIX e XX). Campinas: Editora da UNICAMP, 2014.

MARTINS, Mônica de Souza N. Entre a Cruz e o Capital: as corporações de ofício no Rio de Janeiro após a chegada da família real, 1808-1824. Rio de Janeiro: Garamond, 2008.

MATTOS, Hebe. Da guerra preta às hierarquias de cor no Atlântico português. Anais do XXIV Simpósio Nacional de História – 2007 – ANPUH.

NABUCO, Joaquim. Campanha Abolicionista no Recife [eleições de 1884]. Brasília: Ed. Senado, 2005.

NASCIMENTO, Luiz do. História da imprensa de Pernambuco (1821-1954) – Diários do Recife 1829 - 1900. Recife: Imprensa da UFPE, v. II, 1966.

PANSARDI, Marcos Vinícius. O movimento Operário e a República. Revista Estudos de Sociologia, v. 3, n. 5, 1998.

PINTO, Ana Flávia M. Fortes laços em linhas rotas: literatos negros, racismo e cidadania na segunda metade do século XIX. Tese (Doutorado em História), Unicamp, Campinas, 2014.

REGINALDO, Lucilene. Os rosários dos angolas – irmandades de africanos e crioulos na Bahia setecentista. São Paulo: Alameda, 2011.

REIS, João José. Identidade e diversidade étnicas nas irmandades negras nos tempos da escravidão. Tempo, Rio de Janeiro, v. 2, n. 3, 1996.

ROMERO, Silvio. Doutrina contra doutrina: o evolucionismo e o positivismo na República do Brasil. Rio de Janeiro: J.B. Nunes, 1894.

SEWELL, William H. Work and revolution in France. Nova York: Cambridge University Press, 1980.

TELLES JUNIOR, Jerônimo J. Memórias. Recife: Arquivo Público Estadual, 1954. Datilografado.

Downloads

Publicado

2020-03-24

Como Citar

SOUZA, Felipe Azevedo. A blusa e a urna: metamorfoses do associativismo de trabalhadores em Pernambuco entre o Império e a República. Revista Mundos do Trabalho, Florianópolis, v. 12, p. 1–18, 2020. DOI: 10.5007/1984-9222.2020.e71472. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/mundosdotrabalho/article/view/1984-9222.2020.e71472. Acesso em: 28 mar. 2024.

Edição

Seção

Artigos