A gripe espanhola em Portugal: a construção da memória. O trabalho médico e a assistência hospitalar

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984.9222.2020.e75134

Resumo

Com este trabalho pretendemos refletir sobre a gripe espanhola em Portugal, procurando evidenciar o seu impacto na sociedade portuguesa e o papel desempenhado pelos profissionais da saúde, em particular pelos médicos, na assistência às vítimas da doença. Atingido pela primeira vaga da epidemia na primavera de 1918, o país, então governado por Sidônio Pais, já sofria as consequências da sua participação na Primeira Guerra Mundial. Era um tempo marcado por carências de toda ordem, em que as convulsões sociais davam expressão ao descontentamento e à revolta da população. O surgimento e a propagação da pneumônica puseram a nu as fragilidades do país em diversas áreas, nomeadamente, em matéria de prestação de cuidados de saúde, de assistência hospitalar, de higiene pessoal e pública. A impreparação e a incapacidade reveladas pelas autoridades administrativas e sanitárias para conter e combater a doença, apesar das medidas tomadas com esse propósito, motivaram reações violentas e geraram mesmo a desconfiança da população nas entidades públicas. Valeu, na altura, a intervenção de várias instituições, designadamente das Misericórdias, que tomaram a seu cargo a prestação de auxílio aos doentes e às respectivas famílias. Para a (re)construção da memória sobre a pneumônica, uma pandemia durante muito esquecida, e traçar um quadro mais geral da situação que se viveu em Portugal, recorremos a estudos efetuados por médicos e, em particular, à imprensa da época, reconhecido o importante papel que desempenhou, apesar da censura então vigente não apenas na transmissão de informação sobre o flagelo que afetava o país e o mundo, mas também na crítica e na denúncia do que se considerava merecer reprovação.

Biografia do Autor

Alexandra Patrícia Esteves, Universidade Católica Portuguesa Lab2PT-Universidade do Minho

Alexandra Esteves é doutorada em História Contemporânea pela Universidade do Minho. Professora Auxiliar convidada com Agregação leciona na Universidade Católica Portuguesa e na Universidade do Minho. Nos últimos anos, a sua atividade investigativa tem-se desenvolvido com particular destaque nas áreas da História Social e da História da Assistência, em particular as questões relacionadas com a saúde, a doença, a marginalidade, a violência e as prisões, bem como da História do turismo, o lazer e as sociabilidades, entre os séculos XVIII e XX. É autora, coautora  e coordenadora de diversas obras e de capítulos de livros, bem como de dezenas de artigos científicos publicados em diferentes países. Os resultados da sua investigação têm sido publicados em livros e em revistas da especialidade e apresentados em congressos nacionais e internacionais. Orienta teses de mestrado e de doutoramento, nas áreas da História, da História da Enfermagem e dos Estudos da Religião. Participou em vários projetos científicos nacionais e internacionais.

Sílvia Pinto, Universidade do Minho

Licenciada em História e Mestre em Património e Turismo Cultural pela Universidade do Minho, com experiência na área da investigação histórica.

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Publicado

2020-10-27

Como Citar

ESTEVES, Alexandra Patrícia; PINTO, Sílvia. A gripe espanhola em Portugal: a construção da memória. O trabalho médico e a assistência hospitalar. Revista Mundos do Trabalho, Florianópolis, v. 12, p. 1–15, 2020. DOI: 10.5007/1984.9222.2020.e75134. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/mundosdotrabalho/article/view/75134. Acesso em: 6 out. 2024.

Edição

Seção

D1 "Os mundos do trabalho e suas interfaces com a ciência, a saúde e a doença”