Cidade-empresa e controle da mão de obra na construção da usina hidrelétrica de Tucuruí (1974-1984)
DOI:
https://doi.org/10.5007/1984-9222.2020.e75359Resumen
A barragem hidrelétrica de Tucuruí foi construída nas margens do rio Tocantins, no Pará, entre 1974 e 1984. Este artigo trata da implantação de uma verdadeira sociedade da barragem através da instalação de uma cidade-empresa para abrigar os diversos trabalhadores e trabalhadoras implicados nessa construção. Aqui, partiremos da lógica empresarial e institucional para tratar da implantação, organização e funcionamento desse espaço particular, tentando por um lado caracterizar quem são as pessoas que participam da construção dessa barragem e refletir sobre a maneira como esse tipo de espaço controlado por uma empresa participa da disciplina dos corpos e da vida dos trabalhadores dentro e fora do canteiro, visando à maximização da produtividade. Como espaço de controle, inevitavelmente há reações que também farão parte desta análise. Esta pesquisa segue o curso das fontes institucionais e técnicas da construção de barragens para tentar caracterizar a implantação e a gestão de um canteiro de obras durante a ditadura militar.
Citas
ACKER, Antoine. Volkswagen in the Amazon: The Tragedy of Global Development in Modern Brazil. Cambridge: Cambridge University Press, 2017.
ACSELRAD, Henri. Planejamento autoritário e desordem socio-ambiental na Amazônia: crônica do deslocamento de populaçöes em Tucuruí. Revista de Administração Pública, v. 25, n. 4, p. 53–68, 1991.
AMARO, Paulo Roberto. Metodologia, procedimento e metas : a experiência da Eletronorte. In: Anais do Seminário Nacional de História e Energia. São Paulo: Eletropaulo/ Departamento de Patrimônio Histórico, 1986, p. 125–138.
ANTONAZ, Diana. Na escola dos grandes projetos, a formação do trabalhador industrial na Amazônia. Dissertação de mestrado em Engenharia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, RIo de Janeiro, 1995.
BATALHA, Cláudio. A historiografia da classe operária no Brasil: trajetórias e tendências. In: FREITAS, M. C. (Org.). Historiografia Brasileira em Perspectiva. São Paulo: Contexo, 2001, p. 145–158.
BECKER, Bertha K. Amazônia. São Paulo: Ática, 1990.
BECKER, Bertha K. Geopolítica da Amazônia: a nova fronteira de recursos. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1982.
BROCHIER, Christophe. L’apprentissage « sur le tas » dans les chantiers brésiliens. Geneses, v. 56, n. 3, p. 97–116, 2004.
CAMPOS, Pedro Henrique Pedreira. Ditadura, interesses empresariais e desenvolvimentismo: a obra da usina hidrelétrica de Tucuruí. Revista Tempo e Argumento, v. 11, n. 26, p. 255–286, 2019.
CAMPOS, Pedro Henrique Pedreira. “Estranhas catedrais”: as empreiteiras brasileiras e a ditadura civil-militar, 1964-1988. Rio de Janeiro: Eduff, 2014.
CASTRO, Edna. Industrialização, Transformações Sociais e Mercado de Trabalho. Papers do NAEA, n. 23, 1994.
COSTA, Luciano Rodrigues. Les relations de classes sur les chantiers brésiliens : exploitation, contrôle et confiance. Brésil(s). Sciences humaines et sociales, n. 8, p. 123-142., 2015.
CRONON, William. Voyage à Kennecott : les voies de sortie de la ville ? In: Nature et récits : Essais d’histoire environnementale. Bellevaux: Dehors, 2016, p. 97–132.
DIAS, Catharina Vergolino. Aspectos Geográficos do Comércio da Castanha no Médio Tocantins. Revista Brasileira de Geografia, v. 21, n. 4, p. 517–531, 1959.
FARAH, Flavio; FARAH, Marta Ferreira Santos. Vilas de mineração e de barragens no Brasil: retrato de uma época. São Paulo: SAMA/ IPT, 1993.
FEARNSIDE, Philip M. Environmental Impacts of Brazil’s Tucuruí Dam: Unlearned Lessons for Hydroelectric Development in Amazonia. Environmental Management, v. 27, n. 3, p. 377–396, 2001.
GRAFMEYER, Yves; AUTHIER, Jean-Yves. Sociologie urbaine. Paris: Armand Colin, 2008.
GRANDIN, Greg. Fordlandia: the rise and fall of Henry Ford’s forgotten jungle city. New York: Metropolitan Books, 2009.
GREEN, Hardy. The Company Town: The Industrial Edens and Satanic Mills That Shaped the American Economy. Basic Books: New York, 2010.
LARAIA, Roque de Barros; MATTA, Roberto da. Indios e castanheiros: a empresa extrativa e os índios no médio Tocantins. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.
LIMA, Jacob Carlos; CONSERVA, Marinalva de Sousa. Redes sociais e mercado de trabalho: entre o formal e o informal. Política & Trabalho, n. 24, p. 73–98, 2006.
LIMA JÚNIOR, Jófilo Moreira; DIAS, Luis Alves; LÓPEZ-VALCÁRCEL, Alberto. Segurança e saúde no trabalho da construção: experiência brasileira e panorama internacional. Brasília: Organização Internacional do Trabalho, Escritório do Brasil, 2005.
LOPES, Sérgio José Leite. Formas comparadas de imobilização da força de trabalho : fábricas com vila operária tradicionais e grandes projetos. Lusotopie, v. 3, n. 1, p. 285–298, 1996.
MAGALHÃES, Sônia Barbosa. O Desencantamento da beira - reflexões sobre a transferência compulsória provocada pela Usina Hidrelétrica de Tucuruí. In: MAGALHÃES, Sônia Barbosa; BRITTO, Rosyan Campos de Caldas; CASTRO, Edna Maria Ramos de (Orgs.). Energia na Amazônia. Belém: MPEG / UFPA / Associação de Universidades Amazônicas, 1996, v. 2, p. 697–746.
MARIN, Rosa Elizabeth Acevedo. Prefácio. In: TRINDADE JR, Saint-Clair Cordeiro da; ROCHA, Gilberto de Miranda (Orgs.). Cidade e empresa na Amazônia: gestão do território e desenvolvimento local. Belém: Editora Paka-Tatu, 2002, p. 9–22.
MORICE, Alain. Les « pions » du bâtiment au Brésil. Quand le capital se fait rebelle au salariat. Genèses. Sciences sociales et histoire, v. 7, n. 1, p. 5–32, 1992.
MOUGEOT, L. Planejamentos hidroeletrico e reinstralaçao de populaçoes na Amazonia : primeiras liçoes de Tucuruí, Pará. In: AUBERTIN, Catherine; BECKER, B. (Orgs.). Fronteiras. Brasilia: Universidade de Brasilia, 1988.
RIBEIRO, Gustavo Lins. Empresas transnacionais: um grande projeto por dentro. São Paulo: Marco Zero/Anpocs, 1991.
RIBEIRO, Maria de Fátima Bento. Memórias do concreto : vozes na construção de Itaipu. Cascavel: Edunioeste, 2002.
ROCHA, Gilberto de Miranda. Todos convergem para o lago! Hidrelétrica Tucuruí. Municípios e territórios na Amazônia. Belém: NUMA/ UFPA, 2008.
ROCHA, Gilberto de Miranda; GOMES, Claudemir Brito. A construção da usina hidrelétrica e as tranformações espaciais na região de Tucuruí. In: TRINDADE JR, Saint-Clair Cordeiro da; ROCHA, Gilberto de Miranda (Orgs.). Cidade e empresa na Amazônia : gestão do território e desenvolvimento local. Belém: Paka-Tatu, 2002, p. 27–57.
SAIANI, Carlos César Santejo; TONETO JÚNIOR, Rudinei. Evolução do acesso a serviços de saneamento básico no Brasil (1970 a 2004). Economia e Sociedade, v. 19, n. 1, p. 79–106, 2010.
SOUSA, Nair Heloísa Bicalho de. Trabalhadores pobres e cidadania : a experiência da exclusão e da rebeldia na construção civil. Uberlândia: EDUFU, 2007.
TRINDADE JR, Saint-Clair Cordeiro da; ROCHA, Gilberto de Miranda. Cidade e empresa na Amazônia: gestão do território e desenvolvimento local. Belém: Editora Paka-Tatu, 2002.
VELHO, Otávio Guilherme. Frentes de expansão e estrutura agrária: estudo do processo de penetração numa área da Transamazônica. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2009.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Los autores ceden a la Revista Mundos del Trabajo los derechos exclusivos de primera publicación, con el trabajo simultáneamente licenciado bajo la Licencia Creative Commons Attribution (CC BY) 4.0 International. Esta licencia permite que terceros remueven, adapten y creen a partir del trabajo publicado, asignando el debido crédito de autoría y publicación inicial en este periódico. Los autores tienen autorización para asumir contratos adicionales por separado, para distribución no exclusiva de la versión del trabajo publicada en este periódico (por ejemplo, publicar en repositorio institucional, en sitio personal, publicar una traducción, o como capítulo de libro), con reconocimiento de autoría y publicación inicial en este periódico.



