Memórias e experiências na Fábrica Rheingantz: políticas assistencialistas e a reprodução do operariado (Rio Grande/RS, 1920 a 1968)
DOI:
https://doi.org/10.5007/1984-9222.2021.e80852Resumo
O artigo tem como objetivo analisar as políticas assistencialistas destinadas aos trabalhadores da Fábrica Rheingantz, tendo como enfoque as relações de gênero. Localizada no sul do Rio Grande do Sul, a Fábrica Rheingantz foi a primeira empresa têxtil do estado, sendo sua fundação datada de 1873. Investiga-se que além das trabalhadoras serem a principal mão de obra da indústria, estas eram também responsáveis pela reprodução do operariado. Explora-se as políticas assistencialistas que incentivavam as mulheres a constituírem família, através da documentação do setor administrativo da empresa e da metodologia de História Oral. O problema da pesquisa se fundamenta na análise de como o incentivo à constituição de um núcleo familiar (e suas implicações, trabalho de cuidado e reprodutivo) estiveram presentes no cotidiano fabril a partir das políticas de assistência social destinada ao operariado, estruturando as desigualdades de gênero na Fábrica Rheingantz. Para isso, o recorte temporal compreende diferentes momentos conjunturais brasileiro e local, de 1920 até 1968, ano em que a empresa encerrou as suas atividades.
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