Marx e Rousseau e a formação humana
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-795X.2025.e101964Palavras-chave:
Formação humana, Karl Marx, Jean-Jacques RousseauResumo
O presente ensaio apresenta e discute algumas reflexões desenvolvidas pelos filósofos Jean-Jacques Rousseau e Karl Marx, com o objetivo de problematizar a formação humana atual, abordando suas concepções sobre educação na modernidade e questionando em que medida possuem vigor para os debates hodiernos. Cada um desses estudiosos traz provocações almejando uma sociedade que supere as desigualdades sociais e rompa com a dicotomia entre uma educação voltada à formação da elite dirigente e outra direcionada à classe trabalhadora. Apesar de olhares controversos sobre os benefícios/malefícios do convívio social, afirmam que a formação da sociabilidade humana foi garantidora da sobrevivência da humanidade. Por caminhos distintos, Rousseau e Marx alertam que a desigualdade social não é natural, não pode ser aceita como um infortúnio do destino ou da condição humana. Pelo contrário, é um produto social e, como tal, suscetível de mudança. Não por acaso, ambos os pensadores articulam transformações sociais com projetos educativos também de caráter emancipatório. Por mais que suas propostas educacionais possuam especificidades, ambas se opõem a uma formação unilateral, fragmentada, que aparta razão e sensibilidade, trabalho manual e trabalho intelectual, teoria e prática. Nesse sentido, por mais distintas que sejam, as reflexões de Rousseau e Marx mostram-se inspiradoras na luta atual contra a dualidade educacional.
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