Certo mal-estar povoa o território da educação geográfica: colocando à prova o modelo de transposição didática
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-795X.2018v36n4p1198Resumo
Os saberes com os quais alunos e professores trabalham em sala de aula parecem assumir um distanciamento crescente entre o proposto e o efetivamente realizado, resultando em frustação. Paradoxalmente, à Geografia é atribuído um potencial formativo que lhe assegura realce no grupo das disciplinas escolares, situando-a como um campo por excelência da multidisciplinaridade. A Geografia estabelece uma interface com vários ramos do saber e chama a atenção por lidar com temas e conteúdos que emergem dos mundos físico e social, do material e do ideal. À semelhança de um novelo de lã, a crise do ensino da Geografia apresenta várias meadas, capazes de obstaculizar a inovação ou o avanço na educação geográfica. O problema residiria nos conteúdos? Seu ensino encontra-se descolado da dimensão de um educar geograficamente? A relação ensino-aprendizagem resulta em saberes minimamente apropriados pelos alunos? No presente artigo, propomo-nos a fazer uma reflexão acerca dos encontros e desencontros na educação geográfica a partir da problematização da relação entre a disciplina escolar e a geografia universitária. Para tanto, valer-nos-emos dos conceitos de cultura escolar e de saber docente para alicerçar a tese de que uma revitalização da educação geográfica capaz de assegurar a formação de uma cidadania crítica deve necessariamente colocar à prova o modelo de transposição didática, no qual a disciplina escolar é concebida como um receptáculo passivo do conhecimento produzido no campo acadêmico, além de situar o professor como um mero reprodutor desse conhecimento.
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