A função da escrita na formação inicial de professores: a tradição e a inovação no ensino de língua portuguesa

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-795X.2019.e54151

Resumo

A produção de conhecimentos linguísticos fundamenta propostas de renovação no ensino de língua portuguesa, no Brasil, desde os anos finais da década de 70 do século XX. A necessidade de renovação polemiza com discursos pedagógicos considerados tradicionais, referenciados em concepções prescritivas de uso da língua. Neste trabalho, objetiva-se conhecer os efeitos que concepções concorrentes de linguagem e de ensino de língua portuguesa produzem na formação inicial de professores. Os dados foram produzidos em processos enunciativos em que a escrita constituiu um dispositivo de elaboração e de reflexão, pelo docente formador e pelos licenciandos, a respeito de concepções de linguagem e de docência. A análise dos dados evidenciou os efeitos do discurso pedagógico escolar tradicional sobre os modos de apropriação, pelos professores em formação inicial, de enunciados produzidos pelas ciências da linguagem. Os resultados apontam ainda a relevância da materialidade da escrita para o trabalho de formação docente desenvolvido em bases dialógicas.

Biografia do Autor

Emerson Pietri, Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo

Professor do Departamento de Metodologia de Ensino e Educação Comparada, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo

Referências

ALTMAN, Cristina. A pesquisa linguística no Brasil (1968-1988). São Paulo: Humanitas/FFLCH/USP, 1998.

ANDRADE, Ludmila T. A escrita dos professores: textos em formação, professores em formação, formação em formação. Educação e Sociedade, Campinas, v. 24, n. 85, p. 1297-1315, dezembro, 2003.

APARÍCIO, Ana Silvia M. A renovação do ensino de gramática no primeiro grau no Estado de São Paulo. 1999. Dissertação (Mestrado em Linguística Aplicada). Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada, Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1999.

APARÍCIO, Ana Silvia M. As propostas de inovação do ensino de gramática em textos oficiais. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DA ABRALIN, 6; 2009. João Pessoa. Anais... João Pessoa: Universidade federal da Paraíba, 2009.

BEISIEGEL, Celso de R. Os primeiros tempos da pesquisa em sociologia da educação na USP. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 39, n.3, p. 589-607, jul/set. 2013.

BUNZEN, C. A fabricação da disciplina escolar Português. Revista Diálogo Educacional, Curitiba, v. 11, n. 34, p. 885-911, 2011.

CAMACHO, Roberto G. A variação linguística. In: SÃO PAULO. Secretaria da Educação. Subsídios à Proposta Curricular de Língua Portuguesa para o 1º e 2º graus – coletânea de textos. São Paulo: SEE/CENP, v. 1, 1988b.

CASTILHO, Ataliba Teixeira de. Variação linguística, norma culta e ensino da língua materna. In: SÃO PAULO. Secretaria da Educação. Subsídios à Proposta Curricular de Língua Portuguesa para o 1º e 2º graus – coletânea de textos. São Paulo: SEE/CENP, v. 1, 1988b.

FARACO, Carlos A. As sete pragas do ensino de português. In: GERALDI, João W. (Org.). O texto na sala de aula: leitura e produção. Cascavel: Assoeste, 1984.

FRANCHI, Carlos. Criatividade e gramática. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, n. 9, p. 5-45, 1987.

FRANCHI, Eglê. Pedagogia da Alfabetização. São Paulo: Cortez, 1988.

FREITAS, Marcos C. de. Desempenho e adaptação da criança pobre à escola: o padrão de pesquisa do CRPE-SP. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 40, n.3, p. 683-698, jul/set. 2014.

GERALDI, João W. (Org.). O texto na sala de aula: leitura e produção. Cascavel: Assoeste, 1984.

GERALDI, João W. Portos de Passagem. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

GERALDI, João W.; SILVA, Lílian L. M.; FIAD, Raquel S. Linguística, Ensino de Língua Materna e Formação de Professores. D.E.L.T.A., São Paulo, v. 12, n. 2, p. 307-326, 1996.

HEAD, Brian F. A teoria da linguagem e o ensino do vernáculo. In: SÃO PAULO. Secretaria da Educação. Subsídios à Proposta Curricular de Língua Portuguesa para o 1º e 2º graus – coletânea de textos. São Paulo: SEE/CENP, v. 1, 1988b.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Séries Históricas e Estatísticas. Rio de Janeiro: IBGE, 2010. <http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?no=10&op=2&vcodigo=POP122&t=taxa-urbanizacao>. Acesso em 15 de maio de 2017.

KATO, Mary A. O ensino de línguas após a implantação da linguística. Boletim da Abralin, Curitiba, p. 51-59, 1983.

MAINGUENEAU, Dominique. Gênese dos discursos. Tradução de Sírio Possenti. Curitiba: Criar, 2005.

MARINHO, Marildes. A oficialização de novas concepções para o ensino de Português no Brasil. 2001. Tese (Doutorado em Linguística) Programa de Pós-Graduação em Linguística, Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2001.

PESIRANI, Mariana M. A. A constituição do discurso construtivista em documentos oficiais de referência curricular para a alfabetização produzidos nas décadas de 1980 e 1990. 2014. Dissertação (Mestrado em Educação). Programa de Pós-Graduação em Educação, Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014.

PIETRI, Emerson de. A constituição do discurso da mudança no ensino de língua materna no Brasil. 2003. Tese (Doutorado em Linguística Aplicada) Programa de Pós-Graduação em Linguística, Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2003.

PIETRI, Emerson de. A constituição da escrita escolar em objeto de análise dos estudos linguísticos. Trabalhos em Linguística Aplicada, v.46, p. 283-297, 2007.

PIETRI, Emerson de. Sobre a constituição da disciplina curricular de língua portuguesa. Revista Brasileira de Educação (Impresso), v.15, p.70-83, 2010.

SILVA, Lilian L. M. Mudar o ensino da língua portuguesa: uma promessa que não venceu nem se cumpriu, mas que merece ser interpretada. 1994. Tese (Doutorado em Linguística Aplicada). Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada, Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1994.

SÃO PAULO. Secretaria da Educação. Proposta Curricular para o Ensino de Língua Portuguesa: 1º grau. 2 ed. São Paulo: SE/CENP, 1988a.

SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de linguística geral. Trad. de Antônio Chelini, José Paulo Paes e Izidoro Blikstein. 18 ed. São Paulo: Cultrix, [1971] 1995.

SÃO PAULO. Secretaria da Educação. Subsídios à Proposta Curricular de Língua Portuguesa para o 1º e 2º graus – coletânea de textos. São Paulo: SEE/CENP, vol. 1, 1988b.

SOARES, Magda Becker. Aprendizagem da Língua Materna: Problemas e Perspectivas. In: Em Aberto. Brasília: ano 2, n. 12, p. 1-14, jan. 1983.

SOARES, Magda. Linguagem e escola: uma perspectiva social. São Paulo: Ática, 1986.

ZILBERMAN, Regina (Org.). Leitura em crise na escola: as alternativas do professor. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1982.

Downloads

Publicado

2019-06-28

Como Citar

Pietri, E. (2019). A função da escrita na formação inicial de professores: a tradição e a inovação no ensino de língua portuguesa. Perspectiva, 37(2), 673–694. https://doi.org/10.5007/2175-795X.2019.e54151