Imigração e transformação social da Europa: a reviravolta de uma época e as suas perspectivas
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-795X.2020.e67413Resumo
A passagem de continente de emigração a continente de imigração foi para Europa uma mudança enorme. Desde 1945, chegaram è Europa ocidental dezenas de milhões de imigrantes, antes de outras regiões europeias, depois dos quatro cantos do mundo. Assim se verificou uma transformação social enorme: o nascimento (definitivo) desociedades multinacionais, multirraciais, multiculturais, multirreligiosas. Durante um longo período, os governos e as empresas pretenderam que os imigrantes só fossem temporâneos, para poder dispor de uma massa de trabalhadores precários, pouco integrados, vulneráveis. Esta pretensão, que tem voltado com força nos últimos anos, encontrou a orgulhosa resistência das populações imigrantes, que criaram um enraizamento social cada vez maior. O mesmo vale para a pretensão similar dos poderes estabelecidos de submeter as populações e os/as trabalhadores/trabalhadoras migrantes a uma exploração diferencial e a todo tipo de discriminações, que foram encaradas com lutas e rebeliões. Durante décadas, no fundo ameaçador da grande crise não resolvida de 2008, esse conflito piorou até transformar a “questão imigração” numa questão militar, que deve ser solucionada com as marinhas militares e as polícias de fronteiras. Este artigo explica que há muita coisa em jogo: ou voltamos a um modelo de sociedade e estado baseado na mais brutal opressão “racial” e de classe, ou vamos para frente para uma sociedade definitivamente liberada dessas e outras formas de opressão.
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