Contestações às normas do uso do preservativo no currículo bareback: produção da posição de sujeito unrubberman
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-795X.2022.e85646Palavras-chave:
Currículo, Bareback, PreservativoResumo
Este artigo traz parte dos resultados de uma pesquisa de doutorado. A análise foi elaborada sob a perspectiva curricular pós-crítica, que compreende que o currículo não se restringe às disciplinas escolares, mas se constitui em diferentes espaços e artefatos culturais. A metodologia utilizada articulou elementos da netnografia e análise do discurso de inspiração foucaultiana de um blog e três perfis do twitter. Nomeamos o conjunto heterogêneo de ditos localizados nesses sites de currículo bareback. O argumento desenvolvido é o de que nesse currículo produz-se a posição de sujeito unrubberman constituída com marcas específicas a partir da demanda da transgressão às normas do uso do preservativo. Essas marcas, no âmbito da prática sexual bareback, evidenciam tensões no modo de funcionamento da pedagogia anti-AIDS centrada na obrigatoriedade do uso do preservativo.
Referências
BARRETO, Victor Hugo de Souza. Erótica dos fluidos masculinos em práticas sexuais coletivas. Etnográfica. Revista do Centro em Rede de Investigação em Antropologia, v. 23, n. 3), p. 717-738, 2019.
BARRETO, Victor Hugo de Souza. Responsabilidade, consentimento e cuidado. Ética e moral nos limites da sexualidade. Sexualidad, Salud y Sociedad (Rio de Janeiro), p. 194-217, 2020.
BONFANTE, Gleiton Matheus. Breeding theory: Foucault e Goffman no estudo de performances do desejo bareback em grupos de whatsapp. In: OLIVEIRA, Thiago; MAIA, Helder Thiago. Práticas sexuais: itinerários, possibilidades & limites de pesquisa. Salvador: Editora Devires, 2019. p. 249-267.
BUTLER, Judith. Corpos em aliança e a política das ruas: notas para uma teoria performática de assembleia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 2018.
CHAMBERS, David L. Gay men, aids, and the code of the condom. Harvard Civil Rights Civil Liberties Law Rev, v. 29, n. 2, p. 353-385, 1994.
COSTA, Marisa. Mídia, magistério e política cultural. In: COSTA, Marisa. (Org.). Estudos culturais em educação: mídia, arquitetura, brinquedo, biologia, literatura, cinema... Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS, 2000. p. 73-92.
COSTA-MOURA, Fernanda. Proliferação das #hashtags: uma lógiva da ciência, discurso e movimentos sociais contemporâneos. Ágora: Estudos em Teoria Psicanalítica, v. XVII, número especial, ago. 2014. pp 141-158.
CUNHA, Marlécio Maknamara da Silva. Currículo, gênero e nordestinidade: o que ensina o forró eletrônico? 2011. 152 f. Tese (Doutorado em Educação) - Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, 2011.
DEAN, Tim. Unlimited intimacy: reflection on the subculture of barebacking. London: The University of Chicago Press, 2009.
DEAN, Tim. Foucault and Sex. In: DOWNING, Lisa. (Ed.). After Foucault: Culture, Theory, and Criticism in the 21st Century. Cambridge: Cambridge University Press, 2018. p. 141-154.
DIAS, Claudio José Piotrovski. “Um sinal de decadência”: críticas católicas a promoção do preservativo aos jovens como método de prevenção ao HIV/AIDS. Revista Angelus Novus, n. 4, p. 78–96, 2012.
EVANGELISTA, Gislene Rangel. #CurrículodoFacebook: denúncia da crise e demanda pela reforma do Ensino Médio na linha do tempo da escola. 2016. 188 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2016.
GARCIA, Esteban Andrés. Políticas e prazeres dos fluidos masculinos: barebacking, esportes de risco e terrorismo biológico. In: DÍAZ-BENÍTEZ, María Elvira; FÍGARI, Carlos Eduardo (Org.). Prazeres dissidentes. Rio de Janeiro: Garamond, 2009. p. 537-555.
FOUCAULT, Michel. História da sexualidade I. A vontade de saber. São Paulo: Paz e Terra, 2014.
FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2008. 7 ed.
FOUCAULT, Michel. Verdade e subjetividade. Revista de Comunicação e Linguagem. Lisboa, n. 19, p. 203-223, 1993.
GÓIS, João Bôsco Hora. A mudança no discurso educacional das ONGS/AIDS no Brasil: concepções e desdobramentos práticos (1985-1998). Interface - Comunicação, Saúde, Educação, v. 7, n. 13, p. 27-44, ago. 2003.
GONZALEZ, Octavio R. HIV Pre-Exposure Prophylaxis (PrEP), “The Truvada Whore”, and the New Gay Sexual Revolution. In: VARGHESE, Ricky (Org.) RAW: PrEP, Pedagogy, and Politics of Barebacking. Canada: University of Regine Press. 2019. p. 60-66.
HALPERIN, David M. What Do Gay Men Want? An Essay on Sex, Risk, and Subjectivity. Ann Arbor: University of Michigan Press. 2007.
HAIG, Thomas. Bareback Sex: Masculinity, Silence, and the Dilemmas of Gay Health. Canadian journal of Communication, Montreal, v. 3 n. 1, p. 859-877, 2006.
LARROSA, Jorge. Tecnologias do Eu e Educação. In: SILVA, Tomaz Tadeu da (Org.) O sujeito da educação: estudos foucaultianos. 2 ed. Petrópolis: Vozes, 1994.
ODETS, Walt. In the shadow of the epidemic. Being HIV-negative in the age of AIDS. Durham: Duke University Press, 1995.
OROZCO, Yury del Carmen Puello. Nem Teocracia nem Exclusão: As Intervenções da Igreja Católica no Brasil 1995–2005. 2006. 376 f. Tese (Doutorado em Ciências da Religião) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2006.
PAIVA, Vera. Sem mágicas, sem soluções: A prevenção ao HIV e à AIDS como um processo de Emancipação Psicossocial. In: PARKER, Richard; TERTO, J. R. Aprimorando o debate: respostas sociais frente à aids: Anais do Seminário: Prevenção à AIDS: Limites e possibilidades na Terceira Década. Rio de Janeiro: Abia., p. 20-27, 2002.
PAIVA, Vera; PERES, Camila; BLESSA, Cely. Jovens e adolescentes em tempos de AIDS: reflexões sobre uma década de trabalho de prevenção. Rev Psicol USP, São Paulo, v. 13, p.55-78, 2002.
PAIVA, Vera; ANTUNES, Maria Cristina; SANCHEZ, Mauro Niskier. O direito à prevenção e a transformação do dispositivo de sexualidade em tensão com a nova-velha ordem: uma agenda de pesquisa. Interface Comunicação, Saúde, Educação, Botucatu, v. 24, p. 1-6, 2020.
PARAÍSO, Marlucy Alves. Contribuições dos estudos culturais para a educação. Presença Pedagógica. Belo Horizonte, v. 10, n. 55, p. 53-61, 2004.
PARAÍSO, Marlucy Alves. Currículo e formação profissional em lazer. In: ISAYAMA, Hélder Ferreira (Org.) Lazer em estudo: Currículo e Formação Profissional. Campinas: Papirus. 2010. p. 27-58.
PARAÍSO, Marlucy Alves. Currículo e mídia educativa brasileira: poder, saber e subjetivação. Chapecó: Argos, 2007.
PARKER, Richard. Na contramão da aids: Sexualidade, intervenção, política; Rio de Janeiro: Editora 34/Abia, 2000.
POLLAK, Michael. Os homossexuais e a Aids: sociologia de uma epidemia. São Paulo: Estação da Liberdade, 1990.
SALES, Shirlei Rezende. Orkut.com.escol@: currículos e ciborguização juvenil. 2010. 230 f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2010.
SEFFNER, Fernando. Entre saber, crer e desejar. Interface – Comunicação, saúde, educação, v. 24, p. 1-4, 09 abr. 2020.
SIBILIA, Paula. O que é obsceno na nudez? Entre a Virgem medieval e as silhuetas contemporâneas. Revista Famecos, v. 21, n. 1, p. 24-55, 2014.
SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de Identidade: uma introdução às teorias de currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 3 ed., 2020.
SILVA, Luís Augusto Vasconcelos da. Desejo à flor da tel@: a relação entre risco e prazer nas práticas de barebacking. 2008. 197 f. Tese (Doutorado em Saúde Coletiva) - Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2008.
VENCATO, Anna Paula. Entre “reais” e “virtuais”: noções sobre risco e verdade em um clube brasileiro para crossdressers. Cadernos Pagu, n. 44, p. 367-390. 2015.
WOHLGEMUTH, Maria das Graça Corrêa; POLEJACK, Larissa; SEIDL, Eliane Fleury. Jovens universitários e fatores de risco para infecção. Ravista Latino-Americana de Estudos em Cultura e Sociedade, v. 6, n. 1, p. 1-16, 2020.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Danilo Araujo de Oliveira, Shirlei Rezende Sales
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Esta revista proporciona acesso público a todo seu conteúdo, seguindo o princípio de que tornar gratuito o acesso a pesquisas gera um maior intercâmbio global de conhecimento. Tal acesso está associado a um crescimento da leitura e citação do trabalho de um autor. Para maiores informações sobre esta abordagem, visite Public Knowledge Project, projeto que desenvolveu este sistema para melhorar a qualidade acadêmica e pública da pesquisa, distribuindo o Open Journal Sistem (OJS) assim como outros software de apoio ao sistema de publicação de acesso público a fontes acadêmicas. Os nomes e endereços de e-mail neste site serão usados exclusivamente para os propósitos da revista, não estando disponíveis para outros fins.
A Perspectiva permite que os autores retenham os direitos autorais sem restrições bem como os direitos de publicação. Caso o texto venha a ser publicado posteriormente em outro veículo, solicita-se aos autores informar que o mesmo foi originalmente publicado como artigo na revista Perspectiva, bem como citar as referências bibliográficas completas dessa publicação.