Cartografias das ausências: crianças e os deslocamentos pelos espaços da Educação Infantil
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-795X.2024.e95926Palavras-chave:
Mapas Vivenciais, Educação Infantil, Formação de professoresResumo
Cartografar ausências é uma provocação sobre os modos como professoras em formação do Curso de Pedagogia da Universidade do Estado de Santa Catarina mapearam os fluxos de deslocamento de crianças bem pequenas, e crianças pequenas durante o Estágio Curricular Supervisionado pelas instituições de Educação Infantil. E, para tal exercício, utilizamos o conceito de “mapas vivenciais”, apresentado por Lopes (2012, 2016), e “educação cartográfica” de Girardi (2014). Uma noção de “desemparedamento” é acionada pelo texto de Tiriba (2010), assim como os “critérios de atendimento às crianças”, por Campos e Rosemberg (2009). O que imagens de 21 mapas vivenciais sobre o observado em unidades de Educação Infantil dizem acerca dos deslocamentos das crianças e seus modos de compor e vivenciar os espaços internos e externos onde vivem suas infâncias? Utilizamos a cartografia enquanto metodologia investigativa em educação ao acompanhar os processos pedagógicos nas instituições públicas de Educação Infantil, por meio da observação participante, escrita em diários e produção das imagens. Ao analisar as imagens compreende-se que ainda é urgente repensar as práticas pedagógicas desenvolvidas nesses espaços, priorizando a autonomia infantil e a possibilidade de interação com os mesmos. Ainda se mostra de forma homogênea uma certa privação das crianças percorrem e explorarem os espaços educativos. Mesmo marcado pelas ausências, essas cartografias dizem muito acerca do modo como as crianças podem perfurar tempos e espaços rígidos oferecidos a elas ao criarem o seu lugar de vivências.
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