Cartografia de controvérsias como caminho para análise das políticas curriculares no contexto das redes sociais da internet: estudo de caso da reforma do ensino médio no Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-795X.2025.e105596

Palavras-chave:

Cartografia de controvérsias, Reforma do ensino médio, Políticas curriculares, Redes sociais da internet, Participação social

Resumo

Este artigo tem como objetivo explorar a Cartografia de Controvérsias como abordagem teórico-metodológica para análise de políticas curriculares, utilizando a Reforma do Ensino Médio como estudo de caso. Fundamentado na Teoria Ator-Rede e nos aportes metodológicos de Venturini (2010), o estudo investiga as interações entre atores humanos e não humanos nas redes sociais da internet, com destaque para as disputas discursivas em torno da Medida Provisória 746/2016. A coleta de dados foi realizada por meio da ferramenta Netlytic e a análise contou com o suporte do software CHIC, com foco na lente das árvores da discordância. A pesquisa identificou três classes temáticas principais: o currículo como espaço de disputa, o engajamento cívico nas redes e a atuação institucional das universidades. Os resultados revelam como as redes sociais se configuram como arenas de disputa e negociação simbólica, com forte potencial de incidência sobre a formulação de políticas públicas. O estudo contribui para a compreensão das políticas educacionais como construções coletivas e instáveis, atravessadas por controvérsias, interesses e representações em disputa.

Biografia do Autor

Priscila Costa Santos, Universidade Estácio de Sá

Doutora em Educação, na linha de Currículo e Novas Tecnologias em Educação, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, PUC/SP, Brasil.

Maria Elizabeth Bianconcini de Almeida, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Doutora em Educação: Currículo pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, PUC/SP, Brasil (2000). Pesquisadora produtividade do CNPq.

Referências

AGÊNCIA BRASIL. STF entra na 5.ª sessão para julgar responsabilização das redes sociais. 11 dez. 2024. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/justica/noticia/2024-12/stf-entra-na-5a-sessao-para-julgar-responsabilizacao-das-redes-sociais. Acesso em: 20 jan. 2025.

BALL, S. J. Education policy and social class: the selected works of Stephen J. Ball. London: Routledge, 2005.

BALL, S. J. Global education inc.: new policy networks and the neo-liberal imaginary. London: Routledge, 2010.

BALL, S. J. Políticas educacionais e mobilidades: para onde estamos indo? São Paulo: Editora XYZ, 2022.

BERNAYS, E. Propaganda. Brooklyn: Ig Publishing, 2014.

BOURDIEU, P. Meditações pascalianas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.

BRASIL. Lei 12.965, de 23 de abril de 2014. Estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil. Disponível em: https://www.planalto.gov.br. Acesso em: 20 fev.2025.

BRASIL. Medida Provisória n.º 746, de 22 de setembro de 2016. Institui a Política de Fomento à Implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral, altera a Lei n 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, e a Lei n º 11.494 de 20 de junho 2007, que regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação, e dá outras providências. Disponível em: https://www.planalto.gov.br. Acesso em: 20 fev.2025.

BRASIL. Lei n.º 13.415, de 16 de fevereiro de 2017. Altera as Leis n.os 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, e 11.494, de 20 de junho 2007, que regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação, a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, aprovada pelo Decreto-Lei n.º 5.452, de 1.º de maio de 1943, e o Decreto-lei n.º 236, de 28 de fevereiro de 1967; revoga a Lei n.º 11.161, de 5 de agosto de 2005; e institui a Política de Fomento à Implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13415.htm. Acesso em: 20 fev.2025.

BRASIL. Lei Ordinária n.º 14.945, de 31 de julho de 2024. Altera a Lei n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), a fim de definir diretrizes para o ensino médio, e as Leis n.os 14.818, de 16 de janeiro de 2024, 12.711, de 29 de agosto de 2012, 11.096, de 13 de janeiro de 2005, e 14.640, de 31 de julho de 2023. Disponível em: https://www.planalto.gov.br. Acesso em: 20 fev.2025.

CALLON, M. Some elements of a sociology of translation: domestication of the scallops and the fishermen of St Brieuc Bay. In: LAW, J. (ed.). Power, action and belief: a new sociology of knowledge? London: Routledge, 2006. p. xx-xx.

CASTELLS, M. Networks of outrage and hope: social movements in the Internet age. Cambridge: Polity Press, 2012.

CASTELLS, Manuel. Redes de indignação e esperança: movimentos sociais na Era da Internet. Rio de Janeiro: Zahar, 2013.

FENWICK, Tara; EDWARDS, Richard (ed.). Researching education through actor-network theory. New Jersey: John Wiley & Sons, 2012.

FRAGOSO, S.; RECUERO, R.; AMARAL, A. Métodos de pesquisa em internet. Porto Alegre: Sulina, 2015.

FULLER, S. Post-truth: knowledge as a power game. London: Anthem Press, 2018.

GRAS, R.; RÉGNIER, J.-C., MARINICA, C., GUILLET, F. Analyse Statistique Implicative. Méthode exploratoire et confirmatoire à la recherche de causalités. Toulouse: Éditions Cépaduès, 2013.

HOSSOÉ, Hayleno Santos. Políticas públicas na sociedade em rede: novos espaços de intermediação na arena midiática. Revista de Políticas Públicas, v. 18, n. 1, p. 269-279, 2014.

KE, Lin; STARKEY, Hugh. Active citizens, good citizens, and insouciant bystanders: The educational implications of Chinese university students’ civic participation via social networking. London Review of Education, v. 12, n. 1, p. 50-62, 2014.

LATOUR, B. Reassembling the social: an introduction to actor-network-theory. Oxford: Oxford University Press, 2012.

LEMOS, A. A comunicação das coisas: teoria ator-rede e cibercultura. São Paulo: Annablume, 2013.

MORIN, Edgar. O problema epistemológico da complexidade. Porto: Europa- América, s.d.

PARISER, E. The filter bubble: what the internet is hiding from you. New York: Penguin Press, 2012.

PERES, Paulo; MACHADO, Amanda. Uma tipologia do recrutamento partidário. Opinião Pública, v. 23, n. 1, p. 126-167, 2017.

QUEIROZ, Diego Felipe Souza; BORTOLON, Paula Chagas; ROCHA, Rita de Cássia Machado da. As ocupações estudantis e a reinvenção do espaço escolar facilitadas pelas tecnologias interativas. Education Policy Analysis Archives/Archivos Analíticos de Políticas Educativas, n. 25, p. 1-22, 2017.

ROGERS, R. Digital methods. Cambridge: MIT Press, 2013.

SANTOS, P. C.; ALMEIDA, M. E. B. T. M. P. de. Educação e fake news: construindo convergências. Revista Exitus, [S. l.], v. 10, n. 1, p. e020057, 2020. DOI: 10.24065/2237-9460.2020v10n1ID1216. Disponível em: https://portaldeperiodicos.ufopa.edu.br/index.php/revistaexitus/article/view/1216. Acesso em: 20 fev.2025.

SANTOS, Priscila Costa. Redes sociais da internet e políticas públicas educacionais: influências recíprocas. 2021

SUNSTEIN, C. R. #Republic: divided democracy in the age of social media. Princeton: Princeton University Press, 2017.

TORRES SANTOMÉ, J. Currículo e sociedade: o planejamento curricular e as práticas docentes. Porto Alegre: Artmed, 2013.

VALENTE, José Armando. O uso do CHIC na pesquisa. In: VALENTE, José Armando; ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini. Uso do CHIC na formação de educadores. Rio de Janeiro: Letra Capital Editora, 2015.

VENTURINI, T. Diving in magma: how to explore controversies with actor-network theory. Public Understanding of Science, v. 19, n. 3, p. 258-273, 2010.

VENTURINI, Tommaso. Building on faults: how to represent controversies with digital methods. Public Understanding of Science, v. 21, n. 7, p. 796-812, 2012.

VENTURINI, T.; LATOUR, B. The social fabric: digital traces and qualitative sociology. Paris: Proceedings of Future En Seine, 2009.

TORRES SANTOMÉ, J. Currículo e sociedade: o planejamento curricular e as práticas docentes. Porto Alegre: Artmed, 2013.

Downloads

Publicado

2025-12-01

Como Citar

Santos, P. C., & Almeida, M. E. B. de. (2025). Cartografia de controvérsias como caminho para análise das políticas curriculares no contexto das redes sociais da internet: estudo de caso da reforma do ensino médio no Brasil. Perspectiva, 43(4), 1–21. https://doi.org/10.5007/2175-795X.2025.e105596

Edição

Seção

Dossiê Tecnologias Digitais e Educação: entre perturbações e desafios