Jogos digitais e educação linguística: precisamos falar mais desse encontro

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-795X.2020.e65135

Resumo

Os novos letramentos (LANKSHEAR; KNOBEL, 2000, 2007), inspirados na pedagogia crítica, nas teorias críticas e nos estudos filosóficos da linguagem e sociologia, propiciaram epistemologias e ontologias essenciais para o fazer pedagógico contemporâneo, evidenciando, como afirma Snyder (2002), o fato de que educadores não podem mais focalizar apenas a leitura linear, negligenciando, assim, as mais variadas possibilidades de leituras, quais sejam, a leitura visual, multimodal, hyperlinkada e a combinação de todas elas. Nesse sentido, o objetivo deste artigo é investigar o papel dos jogos digitais como práticas pedagógicas diferenciadas. Assim, problematizamos algumas atividades com jogos digitais utilizadas para ensinar língua inglesa, cidadania e criticidade. A pesquisa foi conduzida com um grupo de jovens estudantes de uma escola estadual pública do Espírito Santo. Os dados foram coletados por meio de um questionário,de rodas de conversas gravadas em vídeo e da gravação de oito aulas em vídeo. Os resultados mostram que uma proposta pedagógica crítica com o uso de jogos pode promover pequenas transformações e mudanças na visão de mundo dos estudantes.

Biografia do Autor

Daniel de Mello Ferraz, Universidade de São Paulo, USP

Professor do Departamento de Letras Modernas da Universidade de São Paulo, USP

Pedro Moreno Sant'Anna, Secretaria de Estado da Educação do Espírito Santo, SEDU/ES

Mestre em Linguística pela Universidade Federal do Espírito Santo, UFES. Professor da Escola Viva do Espírito Santo, SEDU/ES.

Referências

AARSETH, Espen. Computer game studies, year one. Game studies, v. 1, n. 1, p. 1-15, 2001.

ALVES, Lynn Rosalina Gama. Jogos eletrônicos e violência: desvendando o imaginário dos screenagers. Revista da FAEEBA, v. 11, n. 8, p. 437-446, 2003.

BBC NEWS BRASIL. Tiros em Suzano: 10 casos de massacres que chocaram o mundo. Março, 2019. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-47558612?ocid=wsportuguese.ppc.sponsored-post.google.SMP(AEP)-Suzano3GG-Brasil.nneed3.mktg Acesso em: 20 mar. 2019.

BRITO, Glaucia da Silva; DA PURIFICAÇÃO, Ivonélia. Educação e novas tecnologias. São Paulo: Editora 34, 2008.

CRAWFORD, Chris. The art of computer game design. Vancouver: WSUV, 1984.

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Kafka, pour une littérature mineure. Paris: Les Éditions de Minuit, 1975.

FERREIRA, V. Após declaração de Mourão, #SomosGamersNãoAssassinos viraliza no Twitter. The Enemy. 14 mar. 2019. Disponível em: https://www.theenemy.com.br/social/apos-declaracao-de-mourao-somosgamersnaoassassinos-viraliza-no-twitter. Acesso em: 20 mar. 2019.

FINARDI, Kyria Rebecca; PREBIANCA, Gicele Vergine; MOMM, Fabíola. Tecnologia na Educação: o caso da Internet e do Inglês como Linguagens de Inclusão. Cadernos do IL, n. 46, p. 193-208, 2013.

FRANCISCO, Lucas Almeida.; ZACCHI, Vanderlei José. Construção de sentidos em uma comunidade virtual do World of Warcraft. Signótica, v. 30, n. 2, p. 247-272, 2018.

GALLO, Sílvio. Deleuze e a educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.

GEE, James Paul. What video games have to teach us about learning and literacy. New York: Palgrave/Macmillan, 2003.

GEE, James Paul. Social linguistics and literacies: ideology in discourses. New York and London: Routledge, 2007.

GEE, James Paul. Games, learning, and 21st century survival skills. Journal of Virtual Worlds Research, v. 2, n. 1, 2009.

GEE, James Paul. Video games: what are they good for? 2004. Disponível em: http://jamespaulgee.com/pdfs/What%20Are%20Video%20Games%20Good%20For.pdf Acesso em: 20 março 2019.

JENKINS, Henry. Games, the new lively art. Publications Henry Jenkins (online). 2005. Disponível em: http://web.mit.edu/~21fms/People/henry3/GamesNewLively.html, Acesso em 20 mar. 2019.

JOVEMNERD. Vice-presidente da República sugere que jogos influenciaram massacre em escola de Suzano. Jovemnerd online, 2019. Disponível em https://jovemnerd.com.br/nerdbunker/mourao-jogos-massacre-suzano/. Acesso em 24 março 2019.

LANKSHEAR, Colin; KNOBEL, Michele. Mapping postmodern literacies: a preliminary chart. The Journal of Literacy and Technology, v. 1, n. 1, p. 1-22, 2000.

LANKSHEAR, Colin; KNOBEL, Michele. New literacies: changing knowledge and classroom learning. Buckingham: Open University Press, 2007.

LEFFA, Vilson. O professor de línguas estrangeiras: construindo a profissão. Pelotas: Educat, 2001.

MAGNANI, Luis Henrique. Por dentro do jogo: videogames e formação de sujeitos críticos. Trabalhos em Linguística Aplicada, v. 46, p. 113-125, 2007.

MAGNANI, Luis Henrique. Entre a liberdade e a coerção: vídeo games e construção de sentido. Revista Ponto Urbe, n. 2, p. 1-14, 2008.

MAGNANI, Luis Henrique. Um passo para fora da sala de aula: novos letramentos, mídias e tecnologias. Revista X, v. 1, n. 1, p. 1-18, 2011.

MATTHEISS, Elke; KICKMEIER-RUST, Michael; STEINER, Christina; ALBERT, Dietrich. Motivation in game-based learning: it’s more than ‘Flow’. In: SCHWILL, A.; APOSTOLOPOULOS, N. (ed.). Learning in the digital age, 2009, p. 74-88.

MEIO & MENSAGEM. Games são entretenimento para 66% dos brasileiros. 2019. Disponível em: https://www.meioemensagem.com.br/home/midia/2019/06/10/games-eletronicos-sao-entretenimento-para-66-dos-brasileiros.html. Acesso em: 5 nov. 2019.

MICHAEL, David; CHEN, Sandra. Serious games: games that educate, train, and inform. Mason: Muska & Lipman/Premier-Trade (Cengage), 2005.

PAIVA, Vera Lúcia Menezes Oliveira. A www e o ensino de inglês. Revista Brasileira de Linguística Aplicada, v. 1, n. 1, p. 93-116, 2001.

PESSOA, Rosane Rocha. SILVESTRE, Viviane; MONTE MÓR, Walkyria. Perspectivas críticas de educação linguística no Brasil: trajetórias e práticas de professoras/es universitárias/os de inglês. São Paulo: Pé da Palavra, 2018.

PRENKSY, Marc. Digital natives, digital immigrants. Part 1. On the Horizon, v. 9, n. 5, p.1–6, 2001.

SAVI, Rafael; ULBRICHT, Vania Ribas. Jogos digitais educacionais: benefícios e desafios. Revista Renote, v. 6, n. 1, p. 1-10, 2008.

SCHOLLAMMER, Karl Erik. As práticas de uma língua menor: reflexões sobre um tema de Deleuze e Guattari. Revista Ipotesi, v. 5, n. 2, p. 59-70, 2001.

SCHWARTZ, Gilson. Brinco, logo aprendo: educação, videogames e moralidades pós-modernas. São Paulo: Paulus, 2014.

SILVESTRE, Viviane. Gênese de uma trajetória em curso na formação crítica de professoras/es de inglês. In: PESSOA, Rosane Rocha. SILVESTRE, Viviane; MONTE MÓR, Walkyria. Perspectivas críticas de educação linguística no Brasil: trajetórias e práticas de professoras/es universitárias/os de inglês. São Paulo: Pé da Palavra, 2018, p. 253-264.

SIMONS, Jan. Narrative, games, and theory. The international Journal of Computer Game Research (online), n.p, 2007. Disponível em: http://gamestudies.org/0701/articles/simons. Acesso em: 20 abr. 2020.

SNYDER, Ilana (ed.). Silicon literacies: communication, innovation and education in the electronic age. London and New York: Routledge/Psychology Press, 2002.

TOPPO, Greg. The game believes in you: how digital play can make our kids smarter. New York: Macmillan, 2015.

TRILLA, James. A pedagogia da felicidade: superando a escola entediante. São Paulo: Artmed, 2006.

ZACCHI, Vanderlei José. Jogos eletrônicos e novos letramentos no ensino de língua inglesa. In: TAKAKI, Nara Hiroko; MACIEL, Ruberval (org.). Letramentos em terra de Paulo Freire. Campinas: Pontes editores, 2014, p. 63-76.

ZACCHI, Vanderlei José; WIELEWICKI, Vera Helena. Letramentos e mídias: música, televisão e jogos digitais no ensino de língua e literatura. Maceió, Alagoas: EDUFAL, 2015.

ZYDA, Michael. From visual simulation to virtual reality to games. Computer, v. 38, n. 9, p. 25-32, 2005.

Downloads

Publicado

2020-06-16

Como Citar

Ferraz, D. de M., & Sant’Anna, P. M. (2020). Jogos digitais e educação linguística: precisamos falar mais desse encontro. Perspectiva, 38(2), 1–16. https://doi.org/10.5007/2175-795X.2020.e65135

Edição

Seção

Dossiê Jogos e brincadeiras no ensino de línguas estrangeiras