Da sequela docente à querela epistemológica: o ensinar cansado de uma Geografia enferma

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-795X.2022.e84002

Palavras-chave:

Educação Geográfica, Professores, Adoecimento

Resumo

Assim como qualquer outra área da Ciência, a Epistemologia da Educação Geográfica está em constante renovação. Hora e outra surge alguma nova tendência educacional e a indicação de renovação das bases filosóficas que sustentam a Geografia Escolar. Nesse artigo, pensamos a Epistemologia da Educação Geográfica a partir do adoecimento dos professores de Geografia como impeditivo das realizações existenciais e, como consequência, dos sentidos que os professores atribuem a sua prática. Chegamos à essa consideração por meio da interpretação fenomenológica-hermenêutica de asserções de diferentes autores sobre a Educação Geográfica que, nas generalidades de seus sentidos, corroboram com as metas de formar cidadãos ativos, educar a partir de e para a realidade dos educandos e educar para a transformação. Entretanto, as descrições das condições e organizações do trabalho docente demonstraram que, na prática cotidiana da sala de aula os professores experienciam o adoecimento como impeditivo das realizações pessoais, e da própria Educação Geográfica.

Biografia do Autor

Antonio Bernardes, Universidade Federal Fluminense

Docente do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas e Sociais Aplicadas da Unicamp; Docente do Programa de Pós-graduação em Geografia da UFSCar; Docente do Departamento de Geografia e Políticas Públicas da Universidade Federal Fluminense (UFF), Angra dos Reis-RJ. Líder do Grupo de pesquisa “Geografia e contemporaneidade”. Pesquisador FAPERJ pelo “Programa jovem cientista do nosso Estado”, processo n°. E-26/201.311/2021 (260037). Com experiência na área de Geografia Humana, com ênfase em Epistemologia, Metodologia e Ontologia em Geografia. Há interesse nas áreas de Geografia Humanista, Geografia Cultural e em relações sociais virtuais. Orcid:0000-0002-4996-7031. E-mail: antoniobernardes@iduff.com.br

Felipe Costa Aguiar, Universidade Federal Fluminense

Mestrando em Geografia pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal Fluminense, Instituto de Ciências da Sociedade e Desenvolvimento Regional, Departamento de Geografia, Campos dos Goytacazes, RJ, Brasil. Pesquisador dos grupos de pesquisa do CNPq – Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Espaço e Cultura em Rede (NEPEC em Rede); Grupo de Pesquisa em Geografia Humanista Cultural (GHUM) e; Geografia e Contemporaneidade (GEOCON). Orcid: 0000-0002-6563-4763. E-mail: <felipeaguiar@id.uff.br>.

Regina Célia Frigério, Universidade Federal Fluminense

Doutora em Geografia pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia pela Universidade Estadual de Campinas. Docente na Graduação e na Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal Fluminense, Instituto de Ciências da Sociedade e Desenvolvimento Regional, Departamento de Geografia, Campos dos Goytacazes, RJ, Brasil. Pesquisadora do grupo de pesquisa do CNPq – Geografias Colaborativas (GeoCoLAB). Orcid: 0000-0003-2588-9582. E-mail: <reginafrigerio@id.uff.br>.

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Publicado

2022-11-21

Como Citar

Bernardes, A. ., Costa Aguiar, F., & Célia Frigério, R. (2022). Da sequela docente à querela epistemológica: o ensinar cansado de uma Geografia enferma. Perspectiva, 40(4), 1–16. https://doi.org/10.5007/2175-795X.2022.e84002

Edição

Seção

As Epistemologias da Educação Geográfica