A questão do mau gosto, entre o juízo estético e os prazeres "culpáveis"
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-795X.2017v35n4p1125Resumo
Em matéria de apreciação estética, todos nós temos "prazeres culpáveis", esses momentos nos quais sentimos que não se deveria apreciar uma obra julgada indigna de nossa estima, mas, contrariando nossos desejos, nós não podemos fazer outra coisa senão experimentar um inegável êxtase. Às vezes designada pela expressão akrasia estética (conceito emprestado do vocabulário da moral), esta inclinação habitual consiste em ir contra seu melhor juízo, isto é, demonstrar irracionalidade por não fazer a coisa que, em teoria, seria a mais apropriada (neste caso: não gostar da "boa" arte ou gostar da "má” arte). Segundo essa perspectiva, haveria bons e maus julgamentos estéticos. Mas isso implica uma crença na existência de uma norma objetiva de qualidade estética (o que, de saída, não é evidente) que permitiria determinar se um artefato lhe corresponde ou não). Sobre o que repousa o "comando moral" segundo o qual se deveria reprovar o que nos agrada em nome de uma convenção? Não há algo de profundamente problemático na ideia de que seríamos "obrigados" a apreciar as obras em função de uma norma heterogênea e não em função daquilo que realmente sentimos diante delas? Este artigo será a ocasião para discutir essas questões tão fascinantes quanto polêmicas.
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