Línguas selvagens não podem ser domadas: mulheres, linguagem e filosofia
DOI:
https://doi.org/10.1590/1806-9584-2023v31n181404Palavras-chave:
linguagem, feminino, psicanálise, Barbara Cassin, arteResumo
No artigo, discuto como, de acordo com Barbara Cassin, a metafísica da tradição foi
marcada por um regime discursivo com base nos imperativos de significado e significação, ao qual eu nomeio, no desenvolvimento da presente investigação, como masculino. Tendo em vista uma visada filosófica sobre o problema da linguagem, pretendo explorar as consequências políticas desse projeto que historicamente excluiu e silenciou mulheres ao aliar uma linguagem logocêntrica ao falocentrismo de uma cultura patriarcal, sendo este corolário daquele. Mobilizando referências da filosofia, da psicanálise, e também do campo da arte, tanto da literatura quanto das artes visuais, busco, no texto, interrogar se haveria – ou o que caracterizaria – uma experiência feminina da linguagem que nos permita pensar uma saída para fora da tirania do sentido legada por Aristóteles ao pensamento ocidental.
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