“Com H sou muito homem”: masculinidades, desafios e transformações hodiernas
DOI:
https://doi.org/10.1590/1806-9584-2025v33n396641Palavras-chave:
gênero, masculinidades, percepções, estereótipos, transformaçõesResumo
Feminilidade(s) e masculinidade(s) não são características inatas a mulheres e homens per se, mas, sim, construções localizadas temporal, social e espacialmente, trespassadas por relações de poder. Sendo a própria realidade mutável, a reconfiguração das perceções socialmente estabelecidas acerca daquilo que é ser mulher versus aquilo é ser homem é um processo expectável. Todavia, esse processo não é linear, uma vez que as transformações são, não raramente, morosas. Como tal, recorrendo a um levantamento teórico dos estudos sobre masculinidades e à sua conexão com o campo do gênero e a dados qualitativos reunidos por meio de um formulário on-line, verificam-se transformações significativas, embora insuficientes, naquilo que é hodiernamente entendido enquanto o papel do masculino, descortinando novos ângulos de problematização e possibilitando abordagens mais amplas e eficazes para a promoção da igualdade e da transformação social.
Downloads
Referências
ABOIM, Sofia. Género, família e mudança em Portugal. In Wall, Karin; Aboim, Sofia; Cunha, Vanessa. (Eds.). A Vida Familiar no Masculino: Negociando Velhas e Novas Masculinidades. Lisboa: Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego, 2010. p. 39-66.
ABOIM, Sofia. Masculinidade hegemónica e pluralidade no masculino: rumos a novos hibridismos do género. In. Aboim, Sofia. Et al. O que é masculinidade? Lisboa, Escolar Editora, 2017. p. 11-47.
ADRIÃO, Karla Galvão. “Sobre os estudos em masculinidades no Brasil: revisitando o campo”. Cadernos de Gênero e Tecnologia (CEFET/PR), v.3, p. 09-20, 2005. Disponível em http://dx.doi.org/10.3895/cgt.v1n3.6135. Acesso em 12/06/2023.
ALBUQUERQUE Jr, Durval Muniz de. Nordestino: uma invenção do falo. Uma história do gênero masculino (Nordeste-1920/1940). Maceió: Edições Catavento, 2003.
ALBUQUERQUE Jr, Durval Muniz de. “Masculinidade”. In: Colling, Ana Maria; Tedeschi, Losandro Antonio. (Orgs.). Dicionário crítico de gênero. Dourados, MS: Ed. Universidade Federal da Grande Dourados, 2015. p. 434-441.
ALMEIDA, Miguel Vale de. Senhores de Si. Uma Interpretação Antropológica da Masculinidade. Lisboa: Fim de Século, 1995.
ALMEIDA, Miguel Vale de. “Género, masculinidade e poder: revendo um caso do Sul de Portugal”. Anuário Antropológico 20 (1), p. 161-89, 1996. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/anuarioantropologico/article/view/6602. Acesso em 12/06/2023.
ALMEIDA, Sílvio Luiz de. Racismo estrutural. São Paulo: Pólen, 2019.
ALVES, Branca Moreira; PITANGUY, Jacqueline. Feminismo no Brasil: memórias de quem fez acontecer. 1ª ed. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2022.
AMÂNCIO, Lígia. Masculino e feminino. A Construção Social da Diferença. Porto: Afrontamento, 2010 [1994].
AMÂNCIO, Lígia; OLIVEIRA, João Manoel de. “Ambivalências e desenvolvimentos dos estudos de género em Portugal”. Faces de Eva. Estudos sobre a Mulher, Lisboa, (32), p. 23-42, 2014. Disponível em https://repositorio.iscte-iul.pt/bitstream/10071/8956/1/n32a04.pdf. Acesso em 25/06/2023.
BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. Coimbra: Edições 70, 1977.
BEAUVOIR, Simone. O segundo sexo. Trad. Sérgio Milliet. 5ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2019 [1949].
BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Trad. Fernando Tomaz. Lisboa: Difel; Bertrand, Rio de Janeiro, 1989.
BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina. Trad. Maria Helena Kúhner. 3ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003 [1998].
BRANDÃO, Ana Maria. E se tu fosses um rapaz? Homo-erotismo feminino e construção social da identidade. Porto: Afrontamento, 2010.
BUTLER, Judith. El género en disputa: el feminismo y la subversión de la identidad. Trad. Maria Antonia Muñoz. México: Paidós, 2001.
BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Trad. Renato Aguiar. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003 [1990].
BUTLER, Judith. Deshacer el género. Trad. Patrícia Soley-Beltran. Barcelona: Paidós, 2006.
CARRITO, Manuela; ARAÚJO, Helena C. “A «palavra» aos jovens: A construção de masculinidades em contexto escolar”. Educação, Sociedade & Culturas, nº 39, 139-158, 2013. Disponível em https://www.fpce.up.pt/ciie/sites/default/files/09.Manuela_Helena.pdf. Acesso em 24/06/2023.
COLLINS, Patricia Hill; Bilge, Sirma. Interseccionalidade. Trad. Rane Souza. São Paulo: Boitempo, 2021.
CONNELL, Raewyn W. Gender and power: Society, the person and sexual politics. California: Stanford University Press, 1987.
CONNELL, Raewyn W. Masculinidades. México: UNAM, 2003 [1993].
COUPER, Mick P. “Web surveys: A review of issues and approaches”. Public Opinion Quarterly, 64, p. 464-494, 2000. Disponível em http://dx.doi.org/10.1086/318641. Acesso em 24/06/2023.
Dicionário Informal. (2023). Homem. Disponível em: https://www.dicionarioinformal.com.br/diferenca-entre/homem/sexo%20masculino/. Acesso em 23/06/2023.
DUPUIS-DÉRI, Francis. A crise da masculinidade: anatomia de um mito persistente. Trad. Paulo Victor Bezerra. São Paulo: Blucher, 2022 [2018].
ELIAS, Norbert. O processo civilizador. Trad. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., vol. I, 1994 [1939].
FLICK, Uwe. Métodos qualitativos de investigação cientí?ca. Lisboa: Monitor, 2005.
FOUCAULT, Michel. História da sexualidade I: a vontade de saber. Trad. Maria Thereza da Costa Albuquerque e J. A. Guilhon Albuquerque. 16ª ed. Rio de Janeiro: Edições Graal, 2005a [1975].
FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. 21ª ed. Trad. Roberto Machado. Rio de Janeiro: Edições Graal, 2005b [1975].
FURLANI, Jimena. Educação sexual na sala de aula: relações de gênero, orientação sexual e igualdade étnico-racial numa proposta de respeito às diferenças. Belo Horizonte: Autêntica, 2011.
GEBARA, Ivone. Teologia ecofeminista: ensaio para repensar o conhecimento e a religião. São Paulo: Olho d’Água, 1997.
GIFFIN, Karen. “A inserção dos homens nos estudos de gênero: contribuições de um sujeito histórico”. Ciência & Saúde Coletiva, 10(1), p. 47–57, 2005. Disponível em https://doi.org/10.1590/S1413-81232005000100011. Acesso em 23/06/2023.
GIDDENS, Anthony. A transformação da intimidade: sexualidade, amor e erotismo nas sociedades modernas. Trad. Magda Lopes. São Paulo: Ed. UNESP, 1993.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6ª ed. São Paulo: Atlas, 2008 [1989.
GOFFMAN, Erving. A representação do eu na vida cotidiana. Trad. Maia Célia Santos Raposo. Petrópolis, Vozes, 1985 [1956].
GONÇALVES, Marco. “Prólogo: Novas Masculinidades”. In: MARÍN, Jorge García. Novas masculinidades: o feminismo a (de)desconstruir o homem. Santiago de Compostela: Através Editora, 2018. p. 17-22.
GRAMSCI, Antonio. Os intelectuais e a organização da cultura. Trad. Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1982 [1932].
HEILBORN, Maria Luiza; CARRACA, Sérgio. “Em cena, os homens...” Estudos Feministas, v.6, n.2, p. 370-374, 1998. Disponível em https://doi.org/10.1590/%25x. Acesso em 23/06/2023.
HEARN, Jeff. (2004). “From Hegemonic Masculinity to the Hegemony of Men”. Feminist Theory, 5(1), 49–72, 2004. Disponível em https://doi.org/10.1177/1464700104040813. Acesso em 23/06/2023.
HIRATA, Helena. O cuidado: teorias e práticas. São Paulo: Boitempo, 2022.
HOOKS, Bell. El deseo de cambiar: hombres, masculinidad y amor. Manresa: Edicions Bellaterra, 2021 [2004].
HOLLANDA, Heloísa Buarque de. Explosão feminista: arte, cultura, política e universidade. 3ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.
HOUT, Réjean. Métodos quantitativos para as ciências humanas. Trad. Maria Luísa Figueiredo. Lisboa: Instituto Piaget, 2002.
JABLONKA, Ivan. Homens justos: do patriarcado às novas masculinidades. Trad. Julia da Rosa Simões. 1. ed. São Paulo: Todavia, 2021 [2019].
KERN, Leslie. Feminist City: Claiming Space In A Man-Made World. Londres e Nova Iorque: Verso Books, 2020.
LOURO, Gracira Lopes; NECKEL, Jane Felipe; GOELLNER, Silvana Vilodre. (Orgs.). (2003). Corpo, gênero e sexualidade: um debate contemporâneo na educação. Petrópolis, RJ: Vozes.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. (2003). Fundamentos de metodologia científica. 5ª ed. São Paulo: Atlas.
MEDRADO, Benedito; LYRA, Jorge. “Por uma matriz feminista de gênero para os estudos sobre homens e masculinidades”. Revista Estudos Feministas, 16(3), p. 809–840, 2008. https://doi.org/10.1590/S0104-026X2008000300005. Acesso em 23/06/2023.
RICOEUR, Paul. A simbólica do mal. Lisboa: Edições 70, 2020 [1960].
SAFFIOTI, Heleieth Iara Bongiovani. Gênero, patriarcado e violência. São Paulo: Expressão Popular: Fundação Perseu Abramo, 2015 [2004].
SAAVEDRA, Luísa. Diversidade na identidade: a escola e as múltiplas formas de ser masculino. Psicologia, Educação e Cultura. III(1), p. 103-120, 2004. Disponível em: https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/4224/1/masculinidade.pdf. Acesso em 23/06/2023.
SCHOUTEN, Maria Johana. Uma sociologia do género. V. N. Famalicão: Húmus, 2011.
SCOTT, Joan W. (1990). “Gênero: uma categoria útil de análise histórica”. Educação & Realidade, v. 16, n. 2, pp. 5-22. Disponível em https://seer.ufrgs.br/index.php/educacaoerealidade/article/view/71721. Acesso em 23/06/2023.
SIMMEL, Georg. Sociología. Estudios sobre las formas de socialización. S.l.: ePubLibre, 2016 [1908]. Disponível em https://tsoc2018.netlify.app/Simmel,%20Georg%20(2016)%20Sociologia.%20Estudios%20sobre%20las%20formas%20de%20socializacion.pdf. Acesso em 23/06/2023.
TAVARES, Manuela. Aborto e contraceção em Portugal. Lisboa: Livros Horizonte, 2007.
TREVISAN, João Silvério. Devassos no paraíso: a homossexualidade no Brasil, da Colônia à atualidade. Rio de Janeiro: Record, 2000.
VEIGA, Ana Maria; Pedro, Joana Maria. “Gênero”. In: Colling, Ana Maria; Tedeschi, Losandro Antonio. (Orgs.). Dicionário crítico de gênero. Dourados, MS: Ed. Universidade Federal da Grande Dourados, 2015, p. 304-307.
WALL, Karin; Aboim, Sofia; CUNHA, Vanessa. A vida Familiar no Masculino: Negociando velhas e novas masculinidades. In Comissão para a igualdade no trabalho e no emprego - Coleção Estudos. Lisboa: Editorial do Ministério da Educação, 2010.
WALL, Karin; et al. Livro Branco - Homens e Igualdade de Género em Portugal. Lisboa: FFMS, 2016. Disponível em https://www.ffms.pt/sites/default/files/2022-07/Livro-Branco-%E2%80%93-Homens-e-Igualdade-de-G%C3%A9nero-em-Portugal.pdf. Acesso em 23/06/2023.
WEBER, Max. Fundamentos da sociologia. 2ª ed. Trad. Mário Rietsch Monteiro. Porto: Rés, 1983 [1946].
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Revista Estudos Feministas

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
A Revista Estudos Feministas está sob a licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0) que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento de autoria e publicação inicial neste periódico.
A licença permite:
Compartilhar (copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato) e/ou adaptar (remixar, transformar, e criar a partir do material) para qualquer fim, mesmo que comercial.
O licenciante não pode revogar estes direitos desde que os termos da licença sejam respeitados. Os termos são os seguintes:
Atribuição – Você deve dar o crédito apropriado, prover um link para a licença e indicar se foram feitas mudanças. Isso pode ser feito de várias formas sem, no entanto, sugerir que o licenciador (ou licenciante) tenha aprovado o uso em questão.
Sem restrições adicionais - Você não pode aplicar termos jurídicos ou medidas de caráter tecnológico que restrinjam legalmente outros de fazerem algo permitido pela licença.


