Anúncios de mulheres negras escravizadas e as dinâmicas urbanas femininas em Desterro
DOI:
https://doi.org/10.1590/1806-9584-2023v31n180623Palavras-chave:
espaço urbano, representatividade, mulheres negras, escravasResumo
A história das cidades, muitas vezes, é contada tendo como base apenas sua materialidade, negligenciando contribuições imateriais, as quais são fruto da relação entre os indivíduos e o espaço. Além disso, a participação feminina nessa produção permanece ainda relativamente inacessível, devido à carência de fontes que a particularize. Esses mesmos atributos fazem com que, perante tal representatividade feminina, as mulheres negras escravizadas restem ainda mais invisibilizadas. No presente trabalho, então, resgatamos as contribuições dessas mulheres à produção do espaço urbano em Desterro/Florianópolis, enquanto dinâmica imaterial, por meio dos seus anúncios de compra, venda e aluguel veiculados na imprensa local. Por fim, discutimos a maneira por meio da qual seus cotidianos, possivelmente, tenham subsidiado a significação quanto aos espaços públicos e privados, relativos à dinâmica urbana da época.
Downloads
Referências
BRESLIN, Lynne. “Confessions in Public Space”. In: AGREST, Diana; CONWAY, Patricia; WEISMAN, Leslie (Orgs.). The Sex of Architecture. New York: Harry Abrams, 1996. p. 263-273.
CABRAL, Oswaldo Rodrigues. Nossa Senhora do Desterro. Florianópolis: Lunardelli, 1979.
CARDOSO, Fernando Henrique; IANNI, Octávio. Côr e Mobilidade Social em Florianópolis:
aspectos das relações entre negros e brancos numa comunidade do Brasil Meridional. São
Paulo: Companhia Editora Nacional, 1960.
CORADINI, Lisabete. Praça XV: Espaço e Sociabilidade. Florianópolis: Fundação Franklin Cascaes, 1995.
CORRÊA, Carlos Humberto. História de Florianópolis Ilustrada. Florianópolis: Insular, 2005.
DAMATTA, Roberto. A casa & a rua. Rio de Janeiro: Guanabara, 1987.
DIAS, Maria Odila Leite da Silva. “Mulheres sem História”. Revista de História, São Paulo, n. 114, p. 31-45, jun. 1983. Disponível em https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/62058. Acesso em 18/08/2018.
DIAS, Maria Odila Leite da Silva. Quotidiano e Poder em São Paulo no século XIX. São Paulo:
Brasiliense, 1995.
FARIAS, Juliana Barreto. “De escrava a dona: A trajetória da africana nina Emília Soares do
Patrocínio no Rio de Janeiro do século XIX”. Locus: Revista de História, Juiz de Fora, v. 18, n. 2, p. 13-40, 2012. Disponível em https://periodicos.ufjf.br/index.php/locus/article/view/20607. Acesso em 20/11/2021.
GIACOMINI, Sonia Maria. Mulher e escrava: Uma introdução histórica ao estudo da mulher
negra no Brasil. Petrópolis: Vozes, 1988.
GRAHAM, Sandra Lauderdale. House and Street: the Domestic World of Servants and Masters in Nineteenth-Century Rio de Janeiro. Austin: University of Texas, 1992.
GROSZ, Elizabeth. “Bodies-Cities”. In: COLOMINA, Beatriz. Sexuality and Space. New York: Princeton Architectural, 1992. p. 241-253.
HAYDEN, Dolores. The Power of Place: Urban Landscape as Public History. [s.l.]: MIT Press, 1995.
JACQUES, Paola Berenstein. Elogio aos errantes. Salvador: Editora da Universidade Federal da
Bahia, 2014.
MARTÍNEZ, Zaida Maxí. Mujeres, casas y ciudades: Más allá del umbral. Barcelona: DPR, 2018.
MARTINS, Bárbara. “Reconstruindo a memória de um ofício: as amas-de-leite no mercado de
trabalho urbano do Rio de Janeiro (1820-1880)”. Revista de História Comparada, Rio de Janeiro, v. 6, n. 2, p. 138-167, 2012. Disponível em https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=4116773. Acesso em 20/11/2021.
MASSEY, Doreen. Space, Place and Gender. Minneapolis: University of Minnesota Press, 1994.
MASSEY, Doreen. Pelo Espaço. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2008.
MATRIX. Making Space: women and the manmade environment. London: [s.n.], 1984.
MONNET, Nadja. “Flanâncias Femininas e Etnografia”. Revista Redobra, Salvador, n. 11, p. 218-
, 2013.
MORGA, Antônio Emílio. “Olhares Masculinos e Modos Femininos: a mulher sedutora nos relatos dos viajantes”. Revista Textos e Debates, Boa Vista, n. 3, p. 16-36, 1996.
MÜLLER, Glaucia Regina Ramos. A Influência do Urbanismo Sanitarista na Transformação do
Espaço Urbano em Florianópolis. 2002. Mestrado (Programa de Pós-Graduação em Geografia)
– Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, Brasil.
PEDRO, Joana Maria. Mulheres Honestas e Mulheres Faladas: uma questão de classe, papéis
sociais femininos na sociedade de Desterro/Florianópolis 1880-1920. 1992. Doutorado (Programa de Pós-Graduação em História) – Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.
PERROT, Michelle. Mulheres Públicas. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1998.
RAGO, Margareth. “Epistemologia Feminista, Gênero e História”. In: PEDRO, Joana; GROSSI, Miriam (Orgs.). Masculino, feminino, plural: gênero na interdisciplinaridade. Florianópolis: Mulheres, 1998. p. 25-37.
RASCKE, Karla Leandro. “Uma cidade, múltiplas experiências: africanos/as e afrodescendentes
em Florianópolis (1888-1940)”. Revista de História, Salvador, v. 5, n. 1 e 2, p. 178-204, jun.
Disponível em https://periodicos.ufba.br/index.php/rhufba/article/view/28223. Acesso em 22/12/2018.
RASCKE, Karla Leandro. “Agremiações afrodescendentes em Florianópolis na primeira metade do século XX”. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL HISTÓRIA DO TEMPO PRESENTE, II, 2014, Florianópolis, UDESC. Anais... Florianópolis: Memória, diferenças e desigualdades, 2014. p. 1-16.
RISÉRIO, Antônio. Mulher, casa e cidade. São Paulo: Editora 34, 2015.
SAFFIOTI, Heleieth. A Mulher na Sociedade de Classes: mito e realidade. São Paulo: Expressão
Popular, 2013.
SBRAVATI, Daniela. Senhoras de incerta condição: proprietárias de escravos em Desterro. 2008. Mestrado (Programa de Pós-Graduação em História) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, Brasil.
SCOTT, Joan. “Gênero: Uma categoria útil de análise histórica”. Educação & Realidade, v. 20,
n. 2, 2017. Disponível em https://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/article/view/71721/40667.
Acesso em 22/10/2018.
SENNETT, Richard. O Declínio do Homem Público: as tiranias da intimidade. Rio de Janeiro:
Record, 2014.
SOIHET, Rachel. “A emergência da pesquisa da História das Mulheres e das Relações de Gênero”. Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 27, n. 54, p. 281-300, dez. 2007.
SOIHET, Rachel. “Mulheres Pobres e Violência no Brasil Urbano”. In: PRIORE, Mary Del. História das Mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 2017. p. 362-400.
TELLES, Lorena. Teresa Benguela e Felipa Crioula estavam grávidas: maternidade e escravidão
no Rio de Janeiro (século XIX). 2018. Doutorado (Programa de Pós-Graduação em História) –
Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.
VÁRZEA, Virgílio. Santa Catarina: a Ilha. Florianópolis: IOESC, 1984.
VEIGA, Eliane Veras. Florianópolis: Memória Urbana. Florianópolis: Fundação Franklin Cascaes, 2010.
Arquivos adicionais
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Revista Estudos Feministas
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by/4.0/88x31.png)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
A Revista Estudos Feministas está sob a licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0) que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento de autoria e publicação inicial neste periódico.
A licença permite:
Compartilhar (copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato) e/ou adaptar (remixar, transformar, e criar a partir do material) para qualquer fim, mesmo que comercial.
O licenciante não pode revogar estes direitos desde que os termos da licença sejam respeitados. Os termos são os seguintes:
Atribuição – Você deve dar o crédito apropriado, prover um link para a licença e indicar se foram feitas mudanças. Isso pode ser feito de várias formas sem, no entanto, sugerir que o licenciador (ou licenciante) tenha aprovado o uso em questão.
Sem restrições adicionais - Você não pode aplicar termos jurídicos ou medidas de caráter tecnológico que restrinjam legalmente outros de fazerem algo permitido pela licença.