Tradução e metafísica: um argumento a favor das personagens ficcionais
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7968.2020v40n1p110Resumo
Se traduções diferentes de uma mesma obra literária têm sintaxes e semânticas diferentes, como elas podem ser sobre um e o mesmo personagem ficcional? Para responder essa pergunta é necessário (a) saber o que são personagens ficcionais e (b) apresentar suas condições de referência. A partir das obras de Amie Thomasson (1999, 2003, 2007) e Saul Kripke (1980, 2013), defendo que personagens ficcionais são artefatos abstratos cuja referência é fixada pelo batismo performado por um autor; e que a identidade de um personagem ficcional é preservada através da manutenção da mesma cadeia de referência. Por fim, mostro como os tradutores mantêm a cadeia de referência iniciada pelo autor de determinada obra e como consequentemente um personagem ficcional permanece o mesmo artefato abstrato no decorrer de diferentes traduções.
Referências
Barthes, Roland. The Death of the Author. In. Image / Music / Text. Translation by Stephen Heath. New York: Hill and Wang, pp. 142-147, 1977.
Borges, Jorge Luis. Pierre Menard, Autor del Quijote. In. Ficciones. Madrid: Alianza, 1997.
Devitt, Michael & Sterelny, Kim. Language and Reality: An Introduction to the Philosophy of Language. Cambridge: MIT Press, 1999.
Dostoevsky, Fyodor. Crime and Punishment. Translation by Michael R. Katz. New York: Liveright Publishing Corporation, 2018.
Doyle, Arthur Conan. A Study in Scarlet. London: Penguin Books, 2011.
Evans, Gareth. The Varieties of Reference. London: Oxford University Press, 1982.
Kafka, Franz. Die Verwandlung. Saillon: Jean Meslier Verlag, 2018.
Kafka, Franz. The Metamorphosis. Translation by Susan Bernofsky. London: W. W. Norton Company, 2015a.
Kafka, Franz. A Metamorfose. Translation by Modesto Carone. São Paulo: Companhia das Letras, 2015b.
Kafka, Franz. The Metamorphosis. Translation by David Wyllie. U.S.A: Classix Press, 2009.
Ingarden, Roman. The Literary Work of Art: An Investigation of the Borderlines of Ontology, Logic and Theory of Language. Translation by George Grabowicz. Evanston: Northwestern University Press, 1979.
Kripke, Saul. Reference and Existence. London: Oxford University Press, 2013.
Kripke, Saul. Naming and Necessity. Cambridge: Harvard University Press, 1980.
Lewis, David. Truth in Fiction. In. American Philosophical Quarterly, v. 15, n. 1, pp. 37-46, 1978.
Meinong, Alexius. On the Theory of Objects. In. Realism and the Background of Phenomenology. Translation by Isaac Levi, D. B. Terrell, and Roderick M. Chisholm. Atascadero: Ridgeview, 1960.
Melville, Herman. Moby Dick. London: Laurel Press, 1987.
Parsons, Terence. Nonexistent Objects. New Haven: Yale University Press, 1980.
Pirandello, Luigi. Uno, Nessuno e Centomila. Firenze: Giunti, 1994.
Shelley, Mary. Frankenstein. London: Dover Publications, 1994.
Thomasson, Amie. Ordinary Objects. New York: Oxford University Press, 2007.
Thomasson, Amie. Fictional Characters and Literary Practices. In. British Journal of Aesthetics v. 43, n. 2, pp. 138-57, 2003.
Thomasson, Amie. Fiction and Metaphysics. Cambridge: Cambridge University Press, 1999.
Zalta, Edward. Abstract Objects. The Netherlands: Reidel, 1983.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY) que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro, com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista).