Tradução e metafísica: um argumento a favor das personagens ficcionais

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-7968.2020v40n1p110

Resumo

Se traduções diferentes de uma mesma obra literária têm sintaxes e semânticas diferentes, como elas podem ser sobre um e o mesmo personagem ficcional? Para responder essa pergunta é necessário (a) saber o que são personagens ficcionais e (b) apresentar suas condições de referência. A partir das obras de Amie Thomasson (1999, 2003, 2007) e Saul Kripke (1980, 2013), defendo que personagens ficcionais são artefatos abstratos cuja referência é fixada pelo batismo performado por um autor; e que a identidade de um personagem ficcional é preservada através da manutenção da mesma cadeia de referência. Por fim, mostro como os tradutores mantêm a cadeia de referência iniciada pelo autor de determinada obra e como consequentemente um personagem ficcional permanece o mesmo artefato abstrato no decorrer de diferentes traduções.

Biografia do Autor

Italo Lins Lemos, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Santa Catarina,

Doutorando em Filosofia na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) com período sanduíche em Dartmouth College nos Estados Unidos. Na UFSC fui tutor das disciplinas de Filosofia da Educação (2015), Estágio Supervisionado de Ensino de Filosofia II (2016), Teoria do Conhecimento (2017), Lógica I (2018) e História da Filosofia III (2018) na modalidade de Ensino a Distância. Além disso, fui coordenador dos grupos de estudos Hume (2015-2017) e Filosofia da Ficção (2017-2018) e editor da Revista Eletrônica PERI (2015-2018). Desenvolvo pesquisas em Filosofia nas áreas de Metafísica Analítica, Filosofia da Linguagem e História da Filosofia Moderna com ênfase nos seguintes temas: metafísica dos objetos ficcionais, teorias da referência e nomes vazios, filosofia de David Hume

Referências

Barthes, Roland. The Death of the Author. In. Image / Music / Text. Translation by Stephen Heath. New York: Hill and Wang, pp. 142-147, 1977.

Borges, Jorge Luis. Pierre Menard, Autor del Quijote. In. Ficciones. Madrid: Alianza, 1997.

Devitt, Michael & Sterelny, Kim. Language and Reality: An Introduction to the Philosophy of Language. Cambridge: MIT Press, 1999.

Dostoevsky, Fyodor. Crime and Punishment. Translation by Michael R. Katz. New York: Liveright Publishing Corporation, 2018.

Doyle, Arthur Conan. A Study in Scarlet. London: Penguin Books, 2011.

Evans, Gareth. The Varieties of Reference. London: Oxford University Press, 1982.

Kafka, Franz. Die Verwandlung. Saillon: Jean Meslier Verlag, 2018.

Kafka, Franz. The Metamorphosis. Translation by Susan Bernofsky. London: W. W. Norton Company, 2015a.

Kafka, Franz. A Metamorfose. Translation by Modesto Carone. São Paulo: Companhia das Letras, 2015b.

Kafka, Franz. The Metamorphosis. Translation by David Wyllie. U.S.A: Classix Press, 2009.

Ingarden, Roman. The Literary Work of Art: An Investigation of the Borderlines of Ontology, Logic and Theory of Language. Translation by George Grabowicz. Evanston: Northwestern University Press, 1979.

Kripke, Saul. Reference and Existence. London: Oxford University Press, 2013.

Kripke, Saul. Naming and Necessity. Cambridge: Harvard University Press, 1980.

Lewis, David. Truth in Fiction. In. American Philosophical Quarterly, v. 15, n. 1, pp. 37-46, 1978.

Meinong, Alexius. On the Theory of Objects. In. Realism and the Background of Phenomenology. Translation by Isaac Levi, D. B. Terrell, and Roderick M. Chisholm. Atascadero: Ridgeview, 1960.

Melville, Herman. Moby Dick. London: Laurel Press, 1987.

Parsons, Terence. Nonexistent Objects. New Haven: Yale University Press, 1980.

Pirandello, Luigi. Uno, Nessuno e Centomila. Firenze: Giunti, 1994.

Shelley, Mary. Frankenstein. London: Dover Publications, 1994.

Thomasson, Amie. Ordinary Objects. New York: Oxford University Press, 2007.

Thomasson, Amie. Fictional Characters and Literary Practices. In. British Journal of Aesthetics v. 43, n. 2, pp. 138-57, 2003.

Thomasson, Amie. Fiction and Metaphysics. Cambridge: Cambridge University Press, 1999.

Zalta, Edward. Abstract Objects. The Netherlands: Reidel, 1983.

Publicado

22-01-2020

Como Citar

Lemos, I. L. (2020). Tradução e metafísica: um argumento a favor das personagens ficcionais. Cadernos De Tradução, 40(1), 110–126. https://doi.org/10.5007/2175-7968.2020v40n1p110

Edição

Seção

Artigos