Porto das Secas: os anônimos trabalhadores do porto de Natal (1861-1932)
DOI:
https://doi.org/10.5007/1984-9222.2020.e75150Resumo
O governo imperial, a partir da segunda metade do século XIX, iniciou uma política para incrementar a infraestrutura de transportes com duas frentes de ação, a ferroviária e a portuária. Enquanto as estradas de ferro avançaram, os portos somente tiveram êxito em suas melhorias no início do governo republicano. No Nordeste, essas obras conviveram com o problema das estiagens prolongadas e suas consequências, em especial, os retirantes. Diversas foram as soluções encontradas para lidar com esses “indesejáveis”. Em Natal, os retirantes foram empregados em diversas atividades compulsórias, como os serviços de melhoramento do porto da capital. Os registros, mesmo que imprecisos, guardam suas atividades, sua força de trabalho e seus corpos sem rostos. Objetiva-se, no presente artigo, analisar as formas de representação dos trabalhadores empregados nas obras do porto de Natal nos documentos oficiais e nos textos de divulgação. Para tanto, as fontes documentais usadas foram os relatórios técnicos e administrativos, revistas especializadas e registros fotográficos, além de bibliografia pertinente. Verifica-se que o caráter anônimo desses trabalhadores persiste mesmo quando registrados em texto e imagem, reforçando uma ideia impessoal de sua existência resumida a sua força de trabalho.
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