Trabalhadores, obras públicas e Justiça do Trabalho no “milagre econômico” em Alagoas

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DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-9222.2020.e75391

Resumo

Este artigo busca analisar como a ditadura empresarial-militar brasileira provocou uma avalanche de obras que implicou no crescimento precarizado de trabalhadores empregados na indústria da construção civil. Nesse sentido, o “milagre econômico” operou através das obras públicas, de forma paulatina, entre os governos, edificando construções cada vez mais vultuosas, como é o caso do estádio de futebol Rei Pelé, popularizado Trapichão. Analisaremos as experiências dos operários nas construções aqui reunidas através da Justiça do Trabalho, uma instituição disputada por trabalhadores e patrões. Pensar em como se deu o “milagre” econômico para esses trabalhadores, significa olhar mais de perto para o barateamento de sua mão de obra, para o seu adoecimento e morte, para a superexploração e a precarização das suas condições de trabalho e de como o patronato e o Estado se beneficiavam das características de terceirização e de informalidade que predominaram naquele contexto.

Biografia do Autor

Renata Silva Gusmão

Mestra em História pela Universidade Federal de Alagoas.

Pesquisadora na áera da História Social do Trabalho.

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Publicado

2020-12-14

Como Citar

GUSMÃO, Renata Silva. Trabalhadores, obras públicas e Justiça do Trabalho no “milagre econômico” em Alagoas. Revista Mundos do Trabalho, Florianópolis, v. 12, p. 1–19, 2020. DOI: 10.5007/1984-9222.2020.e75391. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/mundosdotrabalho/article/view/75391. Acesso em: 16 abr. 2024.

Edição

Seção

D2 "Trabalhadores de construção: por estradas, ferrovias, açudes e outras obras"