Espasmo e estagnação: um século de escravidão em Curitiba (1765-1862)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-9222.2021.e76398

Resumo

Neste artigo, busca-se utilizar registros de óbito a fim de descrever algumas características básicas da população escrava de Curitiba, estudando a evolução das atividades econômicas para as quais era destinado o trabalho cativo. Observaram-se duas situações muito distintas: um espasmo ocorreu durante o último quarto do século XVIII, e a ele se seguiu uma longa estagnação iniciada nos anos 1800. Os assentos de sepultamento mostram igualmente que distribuições desequilibradas dos adultos por ambos os sexos eram relativamente frequentes, que as condições de estabelecimento de famílias escravas declinaram fortemente ao longo do século estudado e que as posses de escravos declinaram consistentemente quanto a seu tamanho e sua importância.

Biografia do Autor

Carlos Alberto Medeiros Lima, UFPR / CNPq

Doutor em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Professor Associado da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Bolsista PQ-CNPq.

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Publicado

2021-02-10

Como Citar

LIMA, Carlos Alberto Medeiros. Espasmo e estagnação: um século de escravidão em Curitiba (1765-1862). Revista Mundos do Trabalho, Florianópolis, v. 13, p. 1–21, 2021. DOI: 10.5007/1984-9222.2021.e76398. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/mundosdotrabalho/article/view/76398. Acesso em: 29 mar. 2024.

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Artigos