Diálogos epistêmicos na encruzilhada do ensino de história: a educação histórica e a educação das relações étnico- raciais para descolonizar conhecimentos e ensejar o ensino de história antirracista

Resumo

O presente texto intenciona refletir sobre o campo de investigação da Educação Histórica e a forma pela qual vem se constituindo com especificidades próprias em diferentes países e também no Brasil. Em seu artigo denominado Educação Histórica: a constituição de um campo de pesquisa, Germinari (2011) faz uma síntese analítica enfatizando a forma pela qual o campo busca refletir sobre a relação ensino e aprendizagem, bem como sua preocupação com as demandas do ensino de História. De forma particular, o presente trabalho objetiva propor possíveis alinhamentos entre os repertórios epistêmicos da Educação Histórica e da Educação das Relações Étnico-Raciais (ERER) para a construção de um campo do ensino de história antirracista. Para tanto, mobilizaremos aspectos históricos da disciplina de história para a contextualização, apresentando conceitos da Educação Histórica enquanto fundamentação teórico-metodológica para sustentar a abordagem de conhecimentos relativos à ERER, considerando o ensino de história em suas relações com perspectivas outras de projetos de nação que desmontem do mito da democracia racial. A partir da publicação de Santos (2015), intitulada Saber do Negro, discutimos a disposição de alguns conteúdos, temáticas e referências sobre a História do Negro no Brasil, que poderão ser orientadas pelos caminhos possíveis da Educação Histórica, para o fortalecimento do ensino de história. Acionamos os conceitos de “consciência histórica” e “cognição histórica situada”, concernentes ao campo da Educação Histórica, examinando a abordagem dos conteúdos apresentados a partir destes, pensando nas possíveis dinâmicas de ensino-aprendizagem para a construção do pensamento histórico antirracista.