O raio do ensino de História no colorido espectro da ciência: particularidades do caso brasileiro
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-795X.2025.e104056Palavras-chave:
Ensino de história, História da ciência, EpistemologiaResumo
O presente ensaio dedica-se a discutir o ensino de História no Brasil, enfatizando sua complexidade e as interações com outras disciplinas, como Antropologia e Sociologia, como um exercício de definições epistemológicas. O ensino de História é abordado como campo científico em construção, a partir das perspectivas da História, Sociologia e Filosofia da Ciência, partindo do pressuposto de que a trajetória do desenvolvimento desse campo não é uniforme nem no tempo e nem no espaço, mas responde às características e demandas da sociedade em que se insere. O ensino de História, embora tenha se expandido como campo de pesquisa acadêmica, enfrenta uma crise que remonta à transição política do país e às mudanças epistemológicas na História, e que entrou em um novo patamar com a ascensão ideológica da extrema direita nos anos 2010. Assim, defende-se que existem particularidades nacionais e regionais que se ligam aos contextos históricos e às especificidades dos usos sociais do conhecimento histórico em cada recorte cronológico e espacial. Argumenta-se que, no caso brasileiro, esse campo nasce na Escola Básica, e no âmbito universitário, nasce dentro do campo da Educação, embora nunca perca sua referência com a História. Fatores de disputa por legitimação social da ciência, questões de gênero dos sujeitos envolvidos e de financiamento da pesquisa fizeram com que o campo fosse de pedra no sapato a pedra angular para a História. Discute-se, enfim, as potencialidades e problemas dessa evolução, ao propor uma reflexão sobre preconceitos e elitismos que permeiam os embates do campo.
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