A inserção dos egressos dos cursos técnicos do Pronatec no mercado de trabalho
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-795X.2019.e52345Resumo
O Pronatec se estabeleceu como um dos maiores programas de qualificação profissional desenvolvidos pelo governo Federal. Deve-se considerar não só o número de pessoas formadas, de recursos financeiros disponibilizados e do envolvimento de diversos agentes institucionais, sejam públicos ou privados. Diante disso, este artigo discute as repercussões das atividades deste Programa na vida dos jovens que procuram estas formações como mecanismos de ajudar na sua inserção no mercado de trabalho. Os cursos que serviram de referência para esta análise foram os de Técnicos de Alimentos e de Técnico em Segurança do Trabalho, realizados no Campus do IFPE de Vitória de Santo Antão, município do interior de Pernambuco, situado na Zona da Mata. Foram realizadas entrevistas com 12 egressos (seis de cada curso técnico investigado), 03 docentes e 02 gestores do Pronatec no Campus Vitória de Santo Antão. Conclui-se que no Pronatec, ao predominar o oferecimento de cursos aligeirados e desvinculados de qualquer perspectiva de formação omnilateral, termina por se configurar como mecanismo de instrumentalização do estudante para um hipotético trabalho futuro, fortalecendo o senso comum, reforçando a visão meritocrática que serve para a criminalização da pobreza e, acima de tudo, para a ilusão de que a educação transforma individualmente a vida das pessoas.
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