Lendo um aplicativo: perspectivas da construção de sentido na leitura literária digital na primeira infância
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-795X.2021.e66013Resumo
O formato dos aplicativos literários possibilitou o desenvolvimento de um novo tipo de literatura digital que ganhou especial prominência na produção voltada à infância. Esse artigo visa discutir a leitura digital na primeira infância a partir da análise empírica de eventos de letramentos envolvendo crianças lendo aplicativos com seus pais, na Inglaterra. Num estudo qualitativo, a leitura compartilhada foi observada e analisada segundo referenciais teóricos e metodológicos da semiótica social multimodal, em diálogo com discussões teóricas interdisciplinares ao redor dos conceitos de embodiment, afeto e agência. Tanto as respostas leitoras como as características textuais da literatura em formato aplicativo foram levadas em conta na análise das transações de sentido ocorridas entre criança, mãe/pai e texto literário. O estudo aponta três perspectivas centrais da leitura de aplicativos literários na infância: (1) a corporeidade (embodiment) – o corpo do leitor tem papel essencial na construção de sentido e na experiência fenomenológica da leitura digital; (2) afetividade – o leitor troca, dentro do mundo ficcional que habita temporariamente, intensidades e emoções com elementos ficcionais, como as personagens, e com seus pais; (3) agência – o leitor tem agência para negociar sua participação e construção de significado, a despeito das limitações de design e também por meio de sua performance leitora e da subversão.
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