Capoeira em diáspora: capturas, insurgências e (re)existências por uma educação decolonial e inclusiva

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-795X.2021.e67913

Resumo

Este artigo discute uma prática insurgente no período colonial-escravocrata no Brasil, constituída em linguagem de (re)existência, tornada Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade e difundida mundialmente. Trata-se da Capoeira, um legado diaspórico cuja ancestralidade evoca diferentes matrizes africanas. Interessa indagar se as práticas culturais – nomeadamente, as que surgiram como resistência ao sistema colonial, como a capoeira – seriam potências para (re)existências, capazes de contribuir com a formação humana e acadêmica, pensada numa perspectiva decolonial e inclusiva. Visa, ainda, apontar aspectos formativos deste bem cultural no âmbito educacional, tendo em vista problematizações epistêmicas e étnico-raciais desenvolvidas na esteira do pensamento de autores como: Fanon, Hall, Sousa Santos, Quijano, Dussel, Mignolo e outros. Vale-se, ainda, de excertos de narrativas (auto)biográficas, visando articular no campo da experiência as noções de: pensamento abissal, modernidade, eurocentrismo e colonialidade. Conclui que a capoeira evoca aspectos outros de viver, ser e dizer na diferença colonial, impulsionando um alargamento e tensionamento de fronteiras sociais, culturais e epistêmicas. O "outro" se faz presente, ocupando tempos/espaços e (re)inventando linguagens, culturas, comunidades e processos educacionais pautados em valores ancestrais afro-diaspóricos e pluriversais.

 

Biografia do Autor

Norma Silvia Trindade Lima, Universidade Estadual de Campinas

Docente da Faculdade de Educação da Unicamp, Departamento de Ensino e práticas culturais - DEPRAC

Referências

ABRAHÃO, Maria Helena Menna Barreto (org). A nova aventura (auto)biográfica [recurso eletrônico]: Tomo II. Porto Alegre, EDIPUCRS, 2018

BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Conselho Pleno. Parecer CNE/CP 3/2004. Diretrizes Curriculares para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura afro-Brasileria e Africana. Brasília, Ministério da Educação, 2004. (www.mec.gov.br/cne). Acesso em: nov. 2015.

DUSSEL, Enrique. Europa, modernidade e eurocentrismo. In LANDER, Egardo (org.) A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Colección Sur Sur, CLACSO, Ciudad Autônoma de Buenos Aires, Argentina. setembro, 2005.

FANON, Franz. Pele Negra, máscaras brancas. Salvador: EDUFBA, 2008.

HALL, Stuart. Da diáspora. Identidades e mediações culturais. 2. ed. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2013.

INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL. http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/71

INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL. Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial. Disponível em http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/ConvencaoSalvaguarda.pdf. Acesso em out. 2014.

MBEMBE, Achille. A crítica da razão negra. 1 ed. Lisboa: Portugal. Antígona Editores Refratários, 2014.

MIGNOLO, Walter D. Desobediência epistêmica: a opção descolonial e o significado de identidade em política. Cadernos de Letras da UFF: Dossiê: Literatura, língua e identidade. n.34, p.287-324, 2008. Disponível em www.uff.br/cadernosdeletrasuff/34/traducao.pdf . Acesso em: ago. 2018.

MIGNOLO, Walter D. Colonialidade. O lado mais escuro da modernidade. Revista Brasileira de Ciências Sociais. [on line] vol. 32. n.94. jun/2017. Disponivel em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0102-69092017000200507&lng=en&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em jan. 2018.

MIGNOLO, Walter D. O controle dos corpos e dos saberes. Entrevista com Walter Mignolo. Disponível em http://www.ihu.unisinos.br/170-noticias/noticias-2014/533148-o-controle-dos-corpos-e-dos-saberes-entrevista-com-walter-mignolo. Acesso em out. 2018

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E CULTURA. Representação da UNESCO no Brasil. Capoeira torna-se patrimônio imaterial da humanidade. Disponível em: http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/about-this-office/single-view/news/capoeira_becomes_intangible_cultural_heritage_of_humanity/. Acesso em: out. 2015.

SANTOS, Boaventura de Sousa. Para uma sociologia das ausências e uma sociologia das emergências. In __ (org.). Conhecimento prudente para uma vida decente. Um discurso sobre as ciências revisitado. 2ª. Ed. São Paulo: Cortez, 2006.

SANTOS, Boaventura de Sousa. Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes. In SANTOS, Boaventura de sousa; MENESES, Maria Paula (orgs). Epistemologias do sul. Portugal: Edições Almedina, 2010.

SOARES, Carlos Eugênio Líbano. A capoeira escrava e outras tradições rebeldes no Rio de Janeiro (1808 - 1850). 2 ed. rev. e ampl. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2004.

SOUZA, Elizeu Clementino de; ABRAHÃO, Maria Helena Menna Barreto (orgs.). Tempos, narrativas e ficções: a invenção de si. Marie-Christine Josso, prefácio. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2016.

Downloads

Publicado

2021-11-08

Como Citar

Lima, N. S. T. (2021). Capoeira em diáspora: capturas, insurgências e (re)existências por uma educação decolonial e inclusiva. Perspectiva, 39(4), 1–17. https://doi.org/10.5007/2175-795X.2021.e67913