Corporeidade e cuidado: uma colcha possível na formação?
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-795X.2021.e70877Resumo
Este ensaio busca debater a corporeidade e o cuidado na formação das alunas do curso de enfermagem. Para cuidar é necessário pensar a corporeidade no compartilhar experiências. As metáforas aqui inspiradas, trazem o labirinto-hospital e o fio de Ariadne, para abordar o cuidado e a corporeidade no processo formativo das alunas do curso de enfermagem. O labirinto e o fio compõem a colcha costurada nos afazeres dos campos de práticas hospitalares. Ao adotar as perspectivas e narrativas dos estudos culturais, a etnografia surge como a metodologia que viabilizou as imersões no campo com profundidade, as quais ocorreram em rodas de conversas, diálogos informais, apoiados em noções de pesquisa registradas em diário de campo e observação participante. Para este estudo busquei as alunas do curso de enfermagem de uma Universidade Pública Federal, docentes supervisoras do campo de prática hospitalar e alunas egressas. As narrativas evidenciadas referem-se ao processo formativo, que não aborda a corporeidade, sendo que cuidado destacado na formação, não é apresentado a partir da corporeidade do ser que cuida e do ser cuidado. Ressaltam que as exigências da profissão são significativas, apontando o sentimento de impotência e despreparo para lidar com as tarefas excessivas, com a demanda dos pacientes e as atribuições administrativas. Contam que a vivência no labirinto ocorre desde os primeiros contatos com as práticas, na qual as tarefas do cotidiano se entrelaçam como uma colcha costurada por muitos profissionais, permitindo experenciarem a corporeidade do outro, mesmo que de maneira fragmentada.
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