Cultura hacker e educação: percepções dos hackers sobre a vivência de elementos de sua cultura nas escolas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-795X.2021.e81052

Resumo

Partindo da compreensão de que vivemos em sociedades em que as possibilidades e as opressões, em alguma medida, estão relacionadas às dinâmicas tecnológicas, e conscientes da necessidade de os processos educativos colocarem tais dinâmicas em perspectiva, neste artigo voltamos nosso olhar para os hackers e a percepção que possuem sobre a possibilidade de vivência de elementos da sua cultura nas escolas. Compreender quais elementos da cultura hacker, na percepção dos hackers de distintos movimentos e países, deveriam fazer parte do ambiente escolar é o objetivo principal deste trabalho. Um questionário misto, criado para uma pesquisa mais abrangente, sobre educação hacker e empoderamento, foi distribuído através de diversas listas de e-mail para comunidades de distintas vertentes e países. Neste artigo, focados no objetivo proposto, voltamos nosso olhar à análise de um único item dissertativo desse questionário: ‘De acordo com sua experiência, quais são as características da cultura hacker que podem ser levadas para as escolas ou universidades?’. Foram analisadas as respostas de 64 hackers. Através da construção de uma nuvem de palavras, destacamos os termos mais recorrentes e revisitamos cada uma dessas respostas, buscando aprofundar seus significados e relações, bem como construindo diálogo com um referencial teórico sobre educação hacker e pedagogia crítica. Os resultados revelam cinco aspectos: 1) lógica de compartilhamento aberto; 2) ecossistema comunitário de colaboração; 3) aprendizagem prática, valorizando os erros; 4) valorização das tecnologias livres e problematização das implicações sociais e humanas das tecnologias; e 5) respeito e valorização das curiosidades, somados ao estímulo do pensamento crítico.

Biografia do Autor

Alexandre Garcia Aguado, Instituto Federal de São Paulo, IFSP

Professor do Instituto Federal de São Paulo, IFSP, Campus Capivari.

Doutor em Educação pela  Universidade Autônoma de Barcelona, Espanha.

Isabel Alvarez Canovas, Universitat Autònoma de Barcelona

Professora do Departamento de Teorias da Educação e Pedagogia Social da Universidade Autônoma de Barcelona, Espanha. Doutora em Educação pela  Universidade de Barcelona, Espanha.

Referências

AGUADO, Alexandre Garcia; CANOVAS, Isabel Alvarez. Educación hacker: una expresión emergente de la pedagogía crítica para la sociedad en red. Revista Teias, Rio de Janeiro, v. 20, n. Esp., p. 167-183, 2019. e-ISSN 1982-0305. DOI: https://doi.org/10.12957/teias.2019.43375. Disponível em: https://bit.ly/3zhqHGi. Acesso em: 20 mar. 2020.

AMIEL, Tel et al. Dominando para não ser dominado: Autonomia tecnológica com o Projeto Jovem Hacker. In: WORKSHOP INTERNACIONAL DE SOFTWARE LIVRE, 16. 2015, Porto Alegre. Anais [...]. Porto Alegre: Associação Software Livre, 2015. Não paginado. Disponível em: https://bit.ly/3pLTa2t. Acesso em: 13 set. 2019

AMIEL, Tel et al. Who benefits from the public good? How oer is contributing to the private appropriation of the educational commons. In: BURGOS, Daniel de. (ed.). Radical Solutions and Open Science. Singapore: Springer Singapore, 2020. p. 69-89.

ARAGÃO, Carla Azevedo de; ALVES, Pietro M. B. F.; MENEZES, Karina Moreira. Juventude ciberativista e educação: reflexões sobre um jeito hacker de ser. Ámbitos: Revista Internacional de Comunicación, v. 50, n. 50, p. 116-127, 12 out. 2020. DOI:10.12795/Ambitos.2020.i50.08. Disponível em: https://bit.ly/3wkufpw. Acesso em: 20 mar. 2021.

BERNERS-LEE, Tim. I invented the web. Here are three things we need to change to save it. The Guardian, [S. l.], 12 mar. 2017. Disponível em: https://bit.ly/3xiKAuD. Acesso em: 13 set. 2019.

BURTET, Cecília Gerghardt. Os saberes desenvolvidos nas práticas de um hackerspace de Porto Alegre. 2014. 224 f. Dissertação (Mestrado em Administração) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2014.

CASTELLS, Manuel. La Galaxia Internet. 1. ed. Madrid: Plaza & Janés (Areté), 2001.

CRUZ, Leonardo Ribeiro da; SARAIVA, Filipe de Oliveira; AMIEL, Tel. Coletando dados sobre o Capitalismo de Vigilância nas instituições públicas do ensino superior do Brasil. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL LAVITS, 6. 2019, Salvador. Anais [...]. Brasília: UnB, 2019. p. 18. Disponível em: https://bit.ly/3xt2sn1. Acesso em: 20 mar. 2021.

DAVIES, Sarah R. Hackerspaces: making the maker movement. Cambridge, UK: Polity Press, 2017.

ESCAÑO, Carlos. Educación hacker: una pedagogía crítica (inter) creativa para los comunes del conocimiento. In: MARINO, Roberto Aparici. (coord.). La otra educación. Pedagogías críticas para el siglo XXI. Madrid: UNED, 2018a. p. 53-64.

ESCAÑO, Carlos. Cultura libre digital, procomún y educación. Prácticas educativas de cooperación cultural en red por el desarrollo social del procomún digital. In: CONGRESO INTERNACIONAL MOVE. NET SOBRE MOVIMIENTOS SOCIALES Y TIC, 2. 2018, Sevilla. Anais [...]. Sevilla: Universid de Sevilla, 2018b. p 80-91. Disponível em: https://bit.ly/3zu72mP. Acesso em: 20 mar. 2021.

FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1967.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 47. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2013.

HIMANEN, Pekka. A ética dos hackers e o espírito da era da informação: a diferença entre o bom e o mau hacker. Tradução: Fernanda Wolff. Rio de Janeiro: Campus, 2001.

ILLICH, Ivan. Sociedade sem escolas. Tradução: Lúcia Mathilde Endlich Orth. 7.a ed. ed. [s.l.] Vozes, 1985.

LAPA, A. B.; PRETTO, N. D. L. La comunicación en disputa: el rol de educadores y científicos. REDU. Revista de Docencia Universitaria, València, v. 17, n. 1, p. 33-43, 2019. https://doi.org/10.4995/redu.2019.11240. Disponível em: https://bit.ly/35duWVI. Acesso em: 20 mar. 2021.

LEVY, Steven. Hackers: Heroes of the computer revolution. New York, NY: Delta, 1994.

MATTOS, Erica Azevedo da Costa e; SILVA, Diego Fagundes da; KÓS, Jose R. Tecnologias Interativas e Processos de Criação: Experiências de Aprendizagem Transdisciplinares Associadas a um Hackerspace. In: CONGRESS OF DIGITAL GRAPHICS, 17. 2013, Valparaíso. Proceedings [...]. São Paulo: Blucher, 2013. v. 1, p. 572-576. Disponível em: https://bit.ly/35dvqeu. Acesso em: 20 mar. 2021.

MCLAREN, Peter. La vida en las escuelas: una introducción a la pedagogía crítica en los fundamentos de la educación. Tradução: María Marcela González Arenas e Susana Guardado del Castro. 4. ed. Ciudad del México: Siglo XXI, 2005.

MCLAREN, Peter; ESCAÑO, Carlos; JANDRIĆ, Petar. Por una pedagogía crítica digital. Retos y alfabetización en el S. XXI. In: MARINO, Roberto Aparici. (coord.). La otra educación. Pedagogías críticas para el siglo XXI. Madrid: UNED, 2018. p. 35-54.

MCMAHON, Aisling. Global equitable access to vaccines, medicines and diagnostics for COVID-19: The role of patents as private governance. Journal of Medical Ethics, [S. l.], v. 47, n. 3, p. 142-148, 2021. Disponível em: https://bit.ly/3gbd6Zz . Acesso em: 20 mar. 2021.

MENEZES, Karina Moreira. Pirâmide da pedagogia hacker = [vivências do (in) possível]. 2018. 180 f. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2018.

PRETTO, Nelson D. L. Hackear a educação. Revista Facta, [S. l.], n. 3 p. 74-81, abr. 2015. Disponível em: https://bit.ly/2RJCYlQ. Acesso em: 20 mar. 2021.

PRETTO, Nelson D. L. Educações, culturas e hackers: escritos e reflexões. Salvador: EDUFBA, 2017.

RAYMOND, Eric S. Jargon File Resources. [S. l.], 2004. Disponível em: http://www.catb.org/jargon. Acesso em: 1 jun. 2018.

RIPANI, María Florencia. Colaboración, educación y cultura digital: experiencias en escuelas primarias de la ciudad de Buenos Aires. Em Aberto, Brasília, v. 28, n. 94, p. 172-188, 2015. e-ISSN: 2176-6673. DOI: https://doi.org/10.24109/2176-6673.emaberto.28i94.1678. Disponível em: https://bit.ly/2SmaoYi. Acesso em: 20 mar. 2021.

SCHROCK, Andrew Richard. “Education in Disguise”: Culture of a hacker and maker space. InterActions: UCLA Journal of Education and Information Studies, Los Angeles, v. 10, n. 1, 2014. DOI: https://doi.org/10.5070/D4101020592. Disponível em: https://bit.ly/2RJE4hs. Acesso em: 20 mar. 2021.

SILVEIRA, Sergi Amadeu da. Democracia e os códigos invisíveis: como os algoritmos estão modulando comportamentos e escolhas políticas. [S. l.]: Edições Sesc SP, 2019.

STALLMAN, Richard Matthew; GAY, Joshua. Free software, free society: selected essays. 1. ed. Boston: Free Software Foundation, 2002.

WILLIAMSON, Ben; EYNON, Rebecca; POTTER, John. Pandemic politics, pedagogies and practices: digital technologies and distance education during the coronavirus emergency. Learning, Media and Technology, [S. l.], v. 45, n. 2, p. 107-114, 2 abr. 2020. Disponível em: https://bit.ly/3xdmCB8. Acesso em: 20 mar. 2021.

ZUBOFF, S. Big other: surveillance capitalism and the prospects of an information civilization. Journal of Information Technology, [S. l.], v. 30, n. 1, p. 75-89, 2015. Disponível em: https://bit.ly/2TqnfIM. Acesso em: 20 mar. 2021.

Downloads

Publicado

2021-06-28

Como Citar

Aguado, A. . G., & Alvarez Canovas, I. (2021). Cultura hacker e educação: percepções dos hackers sobre a vivência de elementos de sua cultura nas escolas. Perspectiva, 39(3), 1–18. https://doi.org/10.5007/2175-795X.2021.e81052

Edição

Seção

Dossiê Educação, Direitos Humanos e Ética Hacker