Educação Geográfica nos Currículos Catarinenses: Episteme em evidência (1998 a 2019)
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-795X.2022.e84140Palavras-chave:
Teorias Curriculares, História do Pensamento Geográfico, Geografia EscolarResumo
As disciplinas escolares são socialmente construídas e, consequentemente, sob o mesmo rótulo, diferentes conteúdos podem ser ensinados ao longo do tempo. Partindo desta premissa, nossas reflexões se debruçam sobre três referenciais curriculares: Proposta Curricular de Santa Catarina — Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio: Formação Docente para educação Infantil e Séries Iniciais de 1998, Proposta Curricular de Santa Catarina — Formação Integral na Educação Básica de 2014, e o Currículo Base da Educação Infantil e do Ensino Fundamental do Território Catarinense, este último preconizado pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e publicado em 2019. A partir de uma análise epistemológica e com base nos princípios da hermenêutica filosófica de Hans Gadamer, refletiremos sobre a construção destes referenciais curriculares e quais foram os processos envolvidos na formulação destes documentos, os pressupostos filosóficos e os fundamentos teórico-metodológicos que alicerçam a Geografia gestada por eles e que, consequentemente, desvelam qual Geografia Escolar se materializa em determinados tempos e espaços. Aqui, a história do pensamento geográfico se entrelaça não somente à história das disciplinas escolares, mas também às teorias curriculares, a fim de compreender os conhecimentos geográficos presentes no currículo catarinense ao longo do período analisado, identificando sincronias e diacronias. Tais análises permitiram considerarmos que a geografia curricular deste período assume uma pluralidade epistemológica tanto nos conteúdos quanto na orientação do trabalho do professor.
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