Um ensaio um tanto cético sobre o ensino/aprendizagem de uma língua que não seja a “língua materna”: enigmas e desafios práticos sob as lentes do multilinguismo
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-795X.2023.e93236Palavras-chave:
Língua materna, Sociedades multilíngues, Línguas adicionaisResumo
A ideia de ensino/aprendizagem de línguas adicionais é altamente sensível a contexto, posto que ela se desdobra crucialmente na questão de o que se constituí na ‘língua-materna’ de uma pessoa. A ideia de língua materna pode soar como óbvia demais para necessitar de maiores comentários, porém em ambientes societalmente multilíngues, ela é escorregadia demais para ser útil como termo técnico. Nessas sociedades, que rotineiramente utilizam mais de uma língua para suas transações do dia a dia, o ranqueamento ordinal de línguas como primeira, segunda e assim por diante é extremamente arbitrário. O problema se torna ainda mais complicado graças à prática de translinguagem que está despontando como cada vez mais comum e cujas implicações derradeiras estamos apenas começando a compreender (MAKONI; PENNYCOOK, 2007; OTHEGUY et.al., 2015; RAJAGOPALAN, 2022). Por outro lado, o tópico em mãos é de extrema importância em situações supostamente monolíngues, onde decisões tomadas a respeito de introduzir línguas adicionais vêm acompanhadas de uma série de decisões políticas e desafios pedagógicos, além de reações populares altamente sensitivas e preconceitos duradouros que elas despertam. Procurarei me concentrar nas sensitividades políticas em relação ao tópico, com o intuito de mostrar que os encarregados de tomar as decisões devem se pautar nas consequências de longo prazo para a coletividade, e não nas necessidades ou aspirações passageiras de setores da população, a despeito de sua razoabilidade aparente. É desnecessário dizer que essas discussões terão impacto direto na sala de aula, onde as políticas são postas à prova e produzem seus resultados.
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