Indígenas na universidade: possibilidades de construção de uma pedagogia intercultural
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-795X.2024.e93358Palavras-chave:
Acadêmicos indígenas, Universidade, Mato Grosso do Sul, Pedagogia InterculturalResumo
Com a Constituição Federal de 1988 que rompe com a política de integração e garante o status de cidadania, o direito à diferença e à autonomia aos povos indígenas, temos presenciado um crescimento significativo dessas populações circulando nos espaços das universidades. Neste sentido, tendo como referência as experiências vividas com indígenas em cursos de pós-graduação (mestrado e doutorado) no Mato Grosso do Sul e alguns anos de pesquisa com a temática, o artigo busca refletir a presença dos indígenas nos cursos de Graduação e Pós-Graduação e suas contribuições para a construção de uma pedagogia intercultural. Amparado em estudos que estão marcados pelo pensamento de intelectuais que se orientam pela cosmovisão de populações tradicionais, o estudo apresenta que a convivência presencial com a diferença tem sido enriquecedora, pois tem possibilitado o compromisso político-epistêmico e pedagógico de encontrar as brechas e as fissuras para estabelecer uma relação de mão dupla que possibilite a todos os envolvidos tensões e conflitos, o desaprender e reaprender com outras percepções e questionamentos críticos, além de reelaborar a relação com a diferença, com as marcas da colonização e da colonialidade que insistem em povoar nossos conceitos e preconceitos, bem como em fortalecer os estereótipos historicamente produzidos com relação aos povos indígenas.
Referências
AGUILERA URQUIZA, Antônio Hilário. Direitos humanos e educação intercultural: as fronteiras da exclusão e as minorias sub-representadas - os indígenas no ensino superior. Revista Série-Estudos, n. 37, p. 141-154, 2014. Disponível em: http://serie-estudos.ucdb.br/index.php/serie-estudos/article/viewFile/774/645
AGUILERA URQUIZA, Antônio Hilário; LANDA, Beatriz dos Santos. (Org.); FERREIRA, Eva Maria Luiz. (Org.); BRITO VIANNA, Fernando Luiz (Org.). Indígenas no ensino superior: as experiências do programa Rede de Saberes, em Mato Grosso do Sul. 01. ed. Rio de Janeiro: E-papers, 2014.
AGUILERA URQUIZA, Antônio Hilário; NASCIMENTO, Adir Casaro. Rede de Saberes – políticas de ação afirmativa no Ensino Superior para Indígenas no Mato Grosso do Sul. Rio de Janeiro: FLACSO, 2013.
ARROYO, Miguel González. Outros sujeitos, outras pedagogias. Petrópolis/RJ: Ed. Vozes, 2014.
BENITES, Tonico. A escola indígena na ótica dos Ava Kaiowá: impactos e interpretações indígenas. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social), PPGAS/Museu Nacional da UFRJ, Rio de Janeiro, 2009.
BENITES, Eliel. Oguata pyahu (uma nova caminhada) no processo de desconstrução e construção da educação escolar indígena da reserva indígena te’ýikue. 2014. Dissertação (Mestrado) - Curso de Mestrado em Educação, Universidade Católica Dom Bosco, Campo Grande, 2014.
BHABHA, Homi Komi. O local da cultura. Belo Horizonte: Ed. UFMG. 1998.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: DF: Senado Federal, 1988.
BRASIL. Lei nº 12.711, de 29 de agosto de 2012. Dispõe sobre o ingresso nas universidades federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 30 ago. 2012.
BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Censo da educação superior 2022: resumo técnico. Brasília: Inep, 2022.
CANDAU, Vera Maria Ferrão (Org.). Interculturalizar, Decolonizar, Democratizar: uma educação “outra”? - I ed. Rio de Janeiro - 7 Letras, 2016.
DSEI - Distrito Sanitário Especial Indígena. Dados da população indígena do Mato Grosso do Sul. Mato Grosso do Sul: DSEI, 2022.
GOMES, Nilma Lino. O movimento negro educador. Saberes construídos na luta por emancipação. Petrópolis, RJ: vozes, 2017.
HALL, Stuart. A Centralidade da cultura: notas sobre as revoluções culturais do nosso tempo. Educação e Realidade, v. 22, n. 2, p. 15-46, jul., dez, 1997.
HALL, Stuart. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte: UFMG, 2003.
IBGE. Censo Demográfico 2022. Brasília, 2022. Disponível em: https://censo2022.ibge.gov.br/
LIMA, Antônio Carlos de Souza. Ações afirmativas no ensino superior e povos indígenas no Brasil: uma trajetória de trabalho. Horizontes Antropológicos (online), v. 24, p. 377-448, 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ha/a/58QN4yyWCXJxQJpjfbS7t5L/abstract/?lang=pt
NASCIMENTO, Adir Casaro. Populações Indígenas, universidade e diferença. In: MONTEIRO, Filomena Maria de Arruda; MÜLLER, Maria Lúcia Rodrigues. (Org.). Educação na interface da relação Estado/Sociedade. ed. Cuiabá: EduUFMT, 2006, v. 1, p. 171-181.
NASCIMENTO, Adir Casaro. Fronteiras étnico-culturais e fronteiras da exclusão e o diálogo com as culturas ancestrais: uma construção difícil, mas possível. Série-Estudos - periódico do PPGE/UCDB. n. 37, p. 33-46, Jan./ Jun. 2014. Disponível em: https://serieucdb.emnuvens.com.br/serie-estudos/article/view/754
NASCIMENTO, Adir Casaro; VIEIRA, Carlos Magno Naglis; LANDA, Beatriz dos Santos. Experiências interculturais na universidade: a presença dos indígenas e as contribuições à lei n° 11.645/08. Cadernos Cedes (UNICAMP) impresso, v. 39, p. 397-416, 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ccedes/a/5KTZZqkpwkdPkgLCFySyktt/?lang=pt
NASCIMENTO, Adir Casaro; AGUILERA URQUIZA, Antônio Hilário; VIEIRA, Carlos Magno Naglis. PROTAGONISMO INDÍGENA NA PÓS-GRADUAÇÃO: decolonizando o currículo e o espaço universitário. Revista Espaço do Currículo, v. 13, p. 866-873, 2020. Disponível em: http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php
PALADINO, Mariana. Algumas notas para a discussão sobre a situação de acesso e permanência dos povos indígenas na educação superior. In. Rev. Práxis Educativa, Ponta Grossa, v. 7, Número Especial, p. 175-195, dez. 2012 175 Disponível em: https://revistas.uepg.br/index.php/praxiseducativa/article/view/5062
QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, Edgardo (org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais: perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: CLACSO, set. 2005. p. 107-130. (Colección Sur).
SANTOS, Boaventura de Souza. A construção intercultural da igualdade e da diferença. In: SANTOS, Boaventura de S. A Gramática do Tempo. SP: Cortez, 2006.
VIEIRA, Carlos Magno Naglis. A criança indígena no espaço escolar de Campo Grande/MS: identidade e diferença. Tese Doutorado em Educação. Universidade Católica Dom Bosco, Campo Grande, MS, 2015.
VIEIRA, Carlos Magno Naglis. Elementos acerca da sociodiversidade dos povos indígenas do Brasil e no Mato Grosso do Sul. In: AGUILERA URQUIZA, Antônio Hilário. (Org.). Antropologia e História dos povos indígenas em Mato Grosso do Sul. 1ed.Campo Grande: UFMS, 2016.
WALSH, Catherine. Interculturalidade, crítica e pedagogia decolonial: in-surgir, reexistir e re-viver. In: CANDAU, Vera Maria (Org.). Educação intercultural na América Latina: entre concepções, tensões e propostas. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2009. p. 12-43.
WALSH, Catherine. Notas pedagógicas a partir das brechas decoloniais. In: CANDAU, Vera Maria (Org.). Interculturalizar, descolonizar, democratizar: uma educação “outra”? Rio de Janeiro: 7 Letras, 2016.
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Adir Casaro Nascimento, Carlos Magno Naglis Vieira , Antonio Hilário Aguilera Urquiza

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Esta revista proporciona acesso público a todo seu conteúdo, seguindo o princípio de que tornar gratuito o acesso a pesquisas gera um maior intercâmbio global de conhecimento. Tal acesso está associado a um crescimento da leitura e citação do trabalho de um autor. Para maiores informações sobre esta abordagem, visite Public Knowledge Project, projeto que desenvolveu este sistema para melhorar a qualidade acadêmica e pública da pesquisa, distribuindo o Open Journal Sistem (OJS) assim como outros software de apoio ao sistema de publicação de acesso público a fontes acadêmicas. Os nomes e endereços de e-mail neste site serão usados exclusivamente para os propósitos da revista, não estando disponíveis para outros fins.
A Perspectiva permite que os autores retenham os direitos autorais sem restrições bem como os direitos de publicação. Caso o texto venha a ser publicado posteriormente em outro veículo, solicita-se aos autores informar que o mesmo foi originalmente publicado como artigo na revista Perspectiva, bem como citar as referências bibliográficas completas dessa publicação.
