Gênero e sexualidade na formação de professores de educação física da Universidade Estadual de Feira de Santana: o que nos dizem os currículos
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-795X.2024.e94226Palavras-chave:
Currículo, Educação Física, DiversidadeResumo
No presente estudo, foi realizada a análise documental dos três modelos curriculares implantados no curso de Licenciatura em Educação Física da UEFS desde a sua criação. Em tais documentos buscamos identificar, através da análise temática de Bardin, como foram tratadas as questões de gênero e sexualidade no curso de 1996 a 2022. No modelo curricular de 1996, pudemos perceber uma forte tendência tecnicista e esportivista e um completo apagamento das discussões a respeito de gênero e sexualidade. No currículo de 2004, o curso passou a dar maior destaque à investigação científica e a uma visão mais integral do ensino da educação física; no entanto, gênero e sexualidade continuam não sendo mencionados no texto. No terceiro modelo curricular, elaborado em 2018, gênero e sexualidade passam a aparecer em um componente curricular obrigatório e em trechos do texto do PPC que, fundamentados pela resolução do CNE/CP N° 02/2015, descrevem a instituição, o curso, componentes curriculares e o perfil do egresso. Com isso identificamos um avanço no trato das questões de gênero e sexualidade no curso, se comparado aos modelos anteriores, nos quais as discussões foram inexistentes. No entanto, concluímos que apenas um componente curricular não é suficiente para tratar do tema com a complexidade devida, sendo necessária uma abordagem transversal dessas discussões.
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